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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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obstruída pelas ações <strong>de</strong> Óbidos: o sigilo das comunicações enviadas e recebidas entre o Brasil e o<br />

Reino esta obstruído pois Óbidos interceptava as comunicações, violava e lia seu conteúdo. 338 Por<br />

fim, a queixa registrou a já mencionada tentativa <strong>de</strong> assassinato que Manuel <strong>de</strong> Almeida Peixoto<br />

sofreu, em 18 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1663, por conta <strong>de</strong> agravos com o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos e seus aproximados.<br />

Todo este panorama <strong>de</strong>nota a situação perigosa na Bahia para aqueles que <strong>de</strong>monstrassem<br />

oposição ao vice-rei, pois [...] se não teme a Deus, nem observa justiça pelos ministros ostentarem<br />

<strong>mais</strong> lacaios do Con<strong>de</strong>. 339 O Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos assistia a mesma cena que fora surpreendido em<br />

Goa. Dizia ele que os sobreditos suspeitos [...] procuravam por todos os meios persuadir os animos<br />

do povo e dos soldados a um geral ódio contra minhas ações[...]. 340 O principal inimigo do<br />

segundo vice-rei do Brasil foi, sem dúvida, o velho <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>. Aqui cabe um<br />

parêntese para enten<strong>de</strong>r melhor os motivos <strong>de</strong> tanto ressentimento contra o fidalgo da Bahia.<br />

A primeira acusação formulada contra o Provedor Mor da Fazenda estava baseada em seu<br />

histórico <strong>de</strong> críticas contra os governantes enviados do reino, especialmente contra o Marquês <strong>de</strong><br />

Montalvão. O Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos lembrava-se da trama que elevou <strong>Lourenço</strong> à uma das três<br />

autorida<strong>de</strong>s que assumiram a Junta <strong>de</strong> Governo do Brasil, após seguir as or<strong>de</strong>ns do jesuíta Francisco<br />

Vilhena. Já conhecemos as circunstâncias que motivaram as viagens que <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong><br />

fez, enfocaremos agora na última viagem da sua vida, rumo a Lisboa, <strong>mais</strong> uma vez por motivos<br />

políticos.<br />

Ciente do histórico <strong>de</strong> cartas que <strong>Lourenço</strong> escrevia para os Reis <strong>de</strong> Portugal criticando os<br />

governantes enviados do Reino, a sua participação política era vista com preocupação, Óbidos<br />

resumia os feitos nocivos do Provedor Mor da Fazenda Real do Brasil e relembrava a D. Afonso VI<br />

e ao Valido a sua participação da <strong>de</strong>posição do Marquês <strong>de</strong> Montalvão:<br />

116<br />

[...] [<strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>] com as presunções <strong>de</strong> ter sido um dos três governadores<br />

que suce<strong>de</strong>ram o Marquês <strong>de</strong> Montalvão, haver tido com ele in<strong>de</strong>centíssimos<br />

procedimentos que são notórios e voltar indo preso a esta Corte, sem castigo algum para<br />

este Estado. 341<br />

O segundo vice-rei do Brasil rememorou a primeira viagem compulsória que <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> fez em 1642 e ainda afirmou que o fidalgo da Bahia não teve nenhum castigo, pois<br />

apesar <strong>de</strong> ficar <strong>mais</strong> <strong>de</strong> sete anos no Reino, ele voltou ao Brasil e alcançou da Rainha o perdão dos<br />

erros do passado e graças diversas. Para melhor fundamentar o histórico <strong>de</strong> insubordinações <strong>de</strong><br />

<strong>Lourenço</strong>, Óbidos elencou outras autorida<strong>de</strong>s que já passaram pela governança do Brasil e foram<br />

alvos da sua crítica:<br />

[...] E com a soberba <strong>de</strong> haver capitulado aos Con<strong>de</strong>s da Torre e Castel Melhor (tendo<br />

recebido <strong>de</strong> ambos o favor <strong>de</strong> o haverem authorizado com sua meza), murmurado do <strong>de</strong><br />

338<br />

AHU, LF, BA Cx. 19, Doc. 2180, 08/08/1666<br />

339<br />

i<strong>de</strong>m<br />

340<br />

Op. cit AHU, LF, BA Cx. 18, Doc. 2100, 06/08/1665<br />

341 i<strong>de</strong>m

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