30.04.2013 Views

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

e <strong>de</strong>scomodo <strong>de</strong> tam diferentes caminhos e logares, entendo <strong>de</strong>via representalo asi a Vossa<br />

Magesta<strong>de</strong> para que fosse servido mandar lho agra<strong>de</strong>cer, conhecendo que pera toda<br />

ocasião he <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> fruito no serviço <strong>de</strong> Vossa Magesta<strong>de</strong> o parecer e zelo com que o<br />

Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos asiste e serve. Bahia, 10 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1639. 195<br />

Percebemos assim que até o mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1639 existia uma integração entre estes dois<br />

Con<strong>de</strong>s enviados do Reino, porém eles tinham atribuições diferentes. O Con<strong>de</strong> da Torre era o<br />

Governador Geral do Brasil e via em Óbidos um nobre com boa aceitação entre os moradores da<br />

Bahia e com experiência militar suficiente para auxiliá-lo na condução da guerra, prova disto é que<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> recomposto o efetivo militar na Bahia, D. Fernando Mascarenhas foi para Pernambuco<br />

enfrentar exército neerlandês instalado no Recife e para não <strong>de</strong>ixar o Brasil sem Governador Geral,<br />

Óbidos ficou incumbido <strong>de</strong> assumir esta função, durante o período <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1639 a 26<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1640. 196<br />

Apesar <strong>de</strong> não encontrarmos congruência com as datas apontadas para a volta <strong>de</strong> D. Vasco<br />

Mascarenhas para Portugal, até os meses finais <strong>de</strong> 1639 o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos parece ter fornecido o<br />

apoio necessário para a continuida<strong>de</strong> da guerra. 197<br />

Um segundo momento do protagonismo <strong>de</strong> Óbidos enquanto auxiliar do Con<strong>de</strong> da Torre<br />

caracteriza-se por contendas influenciadas pelo seu vínculo com a casa Brigantina e com os ventos<br />

<strong>de</strong> Restauração que sopravam no Reino. Se em março <strong>de</strong> 1639 Óbidos foi elogiado pelo seu<br />

superior, em 26 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>ste mesmo ano as impressões <strong>de</strong> D. Fernando Mascarenhas ao seu<br />

respeito mudaram radicalmente: em uma carta escrita em alto mar, <strong>de</strong>ntro do seu gabinete [...] do<br />

Galeão São Domingos, aos 18º e meio da parte Sul do Atlântico, o Con<strong>de</strong> da Torre registrou as suas<br />

insatisfações ao Duque <strong>de</strong> Olivares, queixava-se sobre o comportamento dos generais subordinados<br />

ao seu comando e <strong>de</strong>stacava as <strong>de</strong>cepções que teve com o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos e com D. Francisco <strong>de</strong><br />

Moura.<br />

Suas impressões apresentam outro olhar sobre o perfil dos homens que vieram para auxiliá-<br />

lo no governo e que naquele momento atrapalhavam sua gestão:<br />

[...] porque D. Fracisco <strong>de</strong> Moura, que o Senhor Con<strong>de</strong> Duque me <strong>de</strong>u por companheiro,<br />

não tem talento nem ação <strong>de</strong> homem <strong>mais</strong> que só aquella aparencia, que com alguma<br />

industria se enganão com elle a primeira vista, como eu tambem me enganei [...]. 198<br />

D. Vasco Mascarenhas também foi alvo das críticas do Con<strong>de</strong> da Torre:<br />

195 Op.cit. MIRANDA, Susana Münch. SALVADO, João Paulo (orgs.) Cartas do 1.º Con<strong>de</strong> da Torre, 4 vols. Lisboa:<br />

Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2001. p. 355-356.<br />

196 Pedro Calmon nos diz que Óbidos [...] ficara no governo durante a ausência do con<strong>de</strong> [da Torre], a partir <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 1639, o mestre <strong>de</strong> campo D. vasco Mascarenhas, o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos. Ver: CALMON, Pedro. História do<br />

Brasil. vol 2 (XVI-XVII), 1971. p.628.<br />

197 BARBOSA, Maria do Socorro.; ACIOLI, Vera Lucia Costa.; ASSIS, Virginia Maria Amoedo <strong>de</strong>. Fontes<br />

Repatriadas. Anotações <strong>de</strong> História Colonial, referencias para pesquisa, índice do Catalogo da Capitania <strong>de</strong><br />

Pernambuco. Recife: Ed. Universitária da UFPe, 2006, p. 111. A data do termino do governo interino do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Óbidos será discutida a seguir, visto que uma cartas do Con<strong>de</strong> da Torre aponta outra data para sua partida.<br />

198 Op. cit. MIRANDA, Susana Münch. SALVADO, João Paulo (orgs.) Cartas do 1.º Con<strong>de</strong> da Torre, 4 vols. Lisboa:<br />

Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2001. p. 427.<br />

69

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!