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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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Apesar <strong>de</strong> seus conselhos, a campanha li<strong>de</strong>rada pelo Con<strong>de</strong> da Torre foi um fiasco, todavia,<br />

em janeiro <strong>de</strong> 1640, aos cinquenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> assumia o posto <strong>de</strong><br />

Provedor Mor da Fazenda do Brasil, era dono <strong>de</strong> terras e escravos e homem influente entre os<br />

militares instalados na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador. Tais características são resultado <strong>de</strong> sua ascendência<br />

familiar e funções que ele cumpriu em tempos difíceis <strong>de</strong> conflito com os holan<strong>de</strong>ses, mas que lhe<br />

ren<strong>de</strong>u lucros materiais e políticos após a guerra.<br />

Ser um varão da família do patriarca Caramuru, po<strong>de</strong>roso latifundiário e experiente<br />

combatente foram atributos fundamentais que cre<strong>de</strong>nciaram a entrada <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> como uma das três<br />

autorida<strong>de</strong>s que governaram o Brasil, em Junta Provisória, em 1641, acompanhemos os <strong>de</strong>talhes<br />

<strong>de</strong>sta trama a seguir.<br />

3- <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> e a Restauração na Bahia.<br />

No século XVII, a praia <strong>de</strong> Itapoan abrigava um pequeno povoado on<strong>de</strong> viviam pescadores<br />

e armadores <strong>de</strong> baleias, submetidos neste período ao senhor da Casa da Torre, Francisco Dias <strong>de</strong><br />

Ávila (1576-1650). 53 Só o olhar <strong>mais</strong> atento – daqueles que se preocupam em i<strong>de</strong>ntificar<br />

monumentos históricos e as marcas que a experiência humana <strong>de</strong>ixou gravada nas ruas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Salvador – consegue localizar, bem próximo à Igreja Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora da Conceição <strong>de</strong><br />

Itapoan, a exposição <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ossos <strong>de</strong> cetáceos, que vinham para estas partes <strong>mais</strong> quentes do<br />

Oceano Atlântico parir suas crias nos verões do século XVII.<br />

A pesca da baleia era um negócio lucrativo e alvo <strong>de</strong> disputas acirradas entre os homens <strong>de</strong><br />

grosso cabedal da Colônia interessados no monopólio do comércio da pesca e beneficiamento <strong>de</strong>ste<br />

produto. 54 A ruas da Velha São Salvador eram iluminadas às custas das várias pipas <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong><br />

baleia, além <strong>de</strong> frutos do mar, vinha também <strong>de</strong> Itapoan, carne <strong>de</strong> boi, couro curtido, mandioca e<br />

seus subprodutos como o beiju, a farinha, a carimã ou puba, além <strong>de</strong> frutas, verduras e hortaliças<br />

cultivadas pelos moradores <strong>de</strong>sta pequena povoação vizinha a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador. 55<br />

Referi-me à antiga vila <strong>de</strong> Itapoan por ser este o lócus que dá início a uma série <strong>de</strong><br />

acontecimentos que po<strong>de</strong>m explicar o contexto político do Brasil colonial e suas relações com o<br />

momento que se <strong>de</strong>scortinava no Império Ultramarino Português. Foi naquelas praias que o jesuíta<br />

Francisco Vilhena 56 <strong>de</strong>sembarcou discretamente, no ano <strong>de</strong> 1641. Era homem <strong>de</strong> confiança do novo<br />

53 Ver: BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O feudo: a Casa da Torre <strong>de</strong> Garcia d'Ávila: da conquista dos sertões à<br />

in<strong>de</strong>pendência do Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.<br />

54 O trabalho <strong>de</strong> Camila Baptista Dias é essencial para a compreensão da economia baleeira no Brasil Colonial,<br />

especialmente no Rio <strong>de</strong> Janeiro, ver: DIAS, Camila Baptista. A pesca da baleia no Brasil Colonial: Contratos, e<br />

contratadores do Rio <strong>de</strong> janeiro no século XVII. Dissertação (mestrado). UFF, 2010. Mais <strong>de</strong>talhes da pesca da baleia<br />

no período colonial, ver: CASTELLUCCI JR, Wellington. “Pescadores e baleeiros: a ativida<strong>de</strong> da pesca da baleia nas<br />

últimas décadas dos oitocentos. Itaparica, 1860-1888.” In: Revista Afro Ásia, n.33, 2005. p. 133-168.<br />

55 op.cit. TAVARES, Luis Henrique Dias. História da Bahia, 2001, p.139<br />

56 O jesúíta Francisco Vilhena é um personagem importante para a compreensão do jogo político que se <strong>de</strong>lineava na<br />

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