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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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<strong>Correa</strong>, saliente-se que a região do “engenho do Con<strong>de</strong>” situava-se no fértil recôncavo da Bahia 14 ,<br />

local <strong>de</strong> terra massapê e banhado pelo Rio Paraguaçú. Sua família era uma antiga proprietária <strong>de</strong><br />

terras e escravos neste pólo estratégico <strong>de</strong> produção da cana-<strong>de</strong>-açúcar e seus subprodutos,<br />

cultivados em imensas proprieda<strong>de</strong>s e vendidos ao mercado europeu.<br />

Estas fazendas <strong>de</strong> cana registradas por Jaboatão não foram as únicas posses que <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> legou <strong>de</strong> seus antepassados, a <strong>mais</strong> emblemática proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste fidalgo encontra-se<br />

registrada em um documento custodiado pelo Mosteiro <strong>de</strong> São Bento da Bahia. O manuscrito atesta<br />

o traslado da carta <strong>de</strong> sesmaria, concedida por mercê régia a Diogo Álvares, [...] avô <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>, <strong>de</strong> terras circunvizinhas à ermida da Senhora da Graça, que <strong>de</strong>ixou este ao<br />

convento com a dita ermida. 15 a data referenciada por Jaboatão foi 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1636.<br />

O próprio <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> <strong>de</strong>clarava-se:<br />

[...] fidalgo da casa <strong>de</strong> sua majesta<strong>de</strong>, que é verda<strong>de</strong> que por esta doação entre vivos, pela<br />

<strong>de</strong>voção que tenho a virgem Nossa Senhora da Graça, como meus <strong>mais</strong> bisavós e avós e<br />

pais tiveram sempre à dita Senhora, on<strong>de</strong> está enterrada minha bisavó na mesma capela a<br />

qual dôo (...) conforme as cartas <strong>de</strong> sesmaria que meu avô o Senhor Diogo Alvares e minha<br />

bisavó Catarina Alvares houveram <strong>de</strong> sesmaria dos governadores. 16<br />

Afonso Costa apresentou uma data anterior a que Jaboatão fez referência, afirmando que<br />

<strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> doou tais terras aos beneditinos e registrou-as em cartório no dia 08 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1628, veremos outras proprieda<strong>de</strong>s acumuladas por este fidalgo oportunamente. 17<br />

A infância <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> na cida<strong>de</strong> da Bahia foi como a dos <strong>de</strong><strong>mais</strong> meninos ricos <strong>de</strong> sua<br />

época, inserir os primogênitos nos estudos for<strong>mais</strong> era um cuidado que os pais tinham para com<br />

seus sucessores, afinal, eram eles os próximos a administrar e ampliar o patrimônio construído ao<br />

longo das gerações e manter as honrarias e privilégios recebidos por mercê régia aos seus<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

O Colégio da Companhia <strong>de</strong> Jesus na Bahia, seguia as normas do Colégio <strong>de</strong> Évora e tinha<br />

como inspiração o método da Ratio et Instituto Studiorum - manual pedagógico jesuíta, escrito em<br />

finais do século XVI e fundamentado na teologia escolástica tardia <strong>de</strong> inspiração tomista -<br />

principal referência no ensino europeu. 18<br />

Entre rosários e novenas, este bisneto do Caramuru apren<strong>de</strong>u com os padres jesuítas a ler e a<br />

escrever as primeiras palavras, conheceu Latim, Gramática e Retórica, essenciais para o<br />

<strong>de</strong>sempenho nos cargos administrativos que ocupou quando <strong>mais</strong> velho. Uma das áreas que<br />

14<br />

Recôncavos eram as enseadas que se formavam ao fundo da Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, abrangendo as terras<br />

circunvizinhas a estes locais como mangues, baixios, serras e tabuleiros, sobre o assunto verificar: MATTOSO, Kátia<br />

M. <strong>de</strong> Queiroz. Bahia: A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador e seu mercado no século XIX. São Paulo: Hucitec; Salvador: Secretaria<br />

Municipal <strong>de</strong> Educação e Cultura, 1978, p.10.<br />

15<br />

Op. Cit. CALMON, Pedro.Catálogo Genealógico. 1985, p. 235.<br />

16<br />

Op. Cit. COSTA, Afonso. Baianos <strong>de</strong> Antanho (Biografias), p 303.<br />

17<br />

I<strong>de</strong>m p. 304.<br />

18<br />

CALÓGERAS, J.P., Os Jesuítas e o ensino, Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Nacional, 1911, p.11.<br />

18

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