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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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<strong>de</strong>veria proce<strong>de</strong>r no Governo interino do Brasil durante a ausência do Con<strong>de</strong> da Torre e apontava<br />

algumas limitações sobre o trabalho que Óbidos vinha <strong>de</strong>senvolvendo. Contrariando alguns estudos,<br />

as Cartas do Con<strong>de</strong> da Torre atestam que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1639 D. Vasco Mascarenhas não se<br />

encontrava na Bahia, acompanhemos.<br />

Quatro meses <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> informar ao Con<strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Olivares dos percalços encontrados e<br />

a falta <strong>de</strong> apoio dos generais subordinados ao seu comando no Brasil, D. Fernando Mascarenhas<br />

emitiu outra comunicação ao Valido <strong>de</strong> D. Filipe IV, esta missiva não tinha o objetivo <strong>de</strong> apresentar<br />

<strong>mais</strong> uma queixa contra Óbidos e sim comunicar à Corte <strong>de</strong> Madri que ele havia saído do Brasil e<br />

retornado para o Reino sem ter lhe dado satisfação alguma, vejamos o conteúdo <strong>de</strong>ste bilhete,<br />

escrito em castelhano, no dia 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1640:<br />

[...] Excelentíssimo Senhor,<br />

En las ultimas embarcaciones que salieron <strong>de</strong>ste puerto he dado cuenta a Su Megestad y a<br />

Vuestra Excelencia <strong>de</strong> todo lo que se há ofrecido em el servicio real; y por aver sabido que<br />

em una carabella se fue ocultamente el Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Obidos, doi cuenta a Su Magestad para<br />

que tenga entendido que há sido sin or<strong>de</strong>n ni outra notisia mia ni aver tenido tiempo <strong>de</strong><br />

acordarle al Con<strong>de</strong> las or<strong>de</strong>nes <strong>de</strong> Su Magestad y las causas que pudriam obrigarle a no<br />

salirse <strong>de</strong>ste Estado sin tenerlas, y a Vuestra Excelencia doi la misma cuenta para que sepa<br />

que por la mia no corre la resolucion <strong>de</strong>sta jornada. 203<br />

Neste mesmo dia, o Con<strong>de</strong> da Torre enviou outra carta à Madri en<strong>de</strong>reçada ao Duque <strong>de</strong> Vila<br />

Hermosa, informava que o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos havia se evadido ocultamente do Brasil à sua revelia,<br />

nesta missiva, D. Fernando Mascarenhas apresentou os motivos que estavam por trás do abandono<br />

do posto que Óbidos ocupava na América:<br />

[...] O que tenho alcançado he que vay (o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos) a queixar se a Sua Magesta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mim por dizer que eu o tratava mal em sua ausencia; tão bem isto cousa incerta(…)<br />

Caso he, meu tio e Senhor, que este cavalheiro não po<strong>de</strong> ser meu amigo porque he irmão <strong>de</strong><br />

D. Diniz <strong>de</strong> Alencastre com quem tive tam apertadas e tam rotas quebras. 204<br />

No dia seguinte, o Con<strong>de</strong> da Torre expediu outra comunicação à D. Francisco <strong>de</strong> Moura, este<br />

comandante tinha uma companhia <strong>de</strong> soldados em Montesserrate e mantinha aproximações com<br />

Óbidos, por isso o Governador lançou mão da sua autorida<strong>de</strong> para pedir esclarecimentos. Após<br />

informar do [...] bastimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>s mil alqueires <strong>de</strong> farinha aos soldados que estavam resguardando<br />

a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador na península <strong>de</strong> Itapagipe, ele convocava o general D. Francisco <strong>de</strong> Moura<br />

para ir ter com ele em Salvador: [...] E por aqui vera Vossa Senhoria quanto he do serviço <strong>de</strong> Sua<br />

Majesta<strong>de</strong> vir se Vossa Senhoria para a cida<strong>de</strong> e juntarmo nos muitas vezes e praticarmos as<br />

matérias do serviço real. 205<br />

Nesta carta, o Con<strong>de</strong> da Torre questionava os motivos da evasão <strong>de</strong> Óbidos do Brasil e<br />

ressaltava a amiza<strong>de</strong> que ele mantinha com D. Francisco <strong>de</strong> Moura, pois foi o último militar que<br />

203 I<strong>de</strong>m, p. 449.<br />

204 I<strong>de</strong>m. P 450.<br />

205 I<strong>de</strong>m, p. 444<br />

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