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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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pessoas contrárias à Igreja Católica, todos os holan<strong>de</strong>ses eram consi<strong>de</strong>rados hereges pela Inquisição,<br />

negociar com tais pessoas tornava-se agressão direta a Deus, ao Papa e ao Rei da Espanha.<br />

Mesmo amaldiçoados pelo Bispo <strong>de</strong> Roma e combatidos pelo numeroso exército da Casa da<br />

Áustria, a República das Províncias Unidas enfrentou a concorrência econômica e i<strong>de</strong>ológica<br />

formando a West Indisch Compagne (WIC), em 1621. Para além <strong>de</strong> ser uma organização comercial<br />

que entrou na disputa do mercado internacional <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, escravos e especiarias, este<br />

agrupamento tornou-se um dos <strong>mais</strong> bem aparelhados exércitos nos Seiscentos.<br />

Luis Henrique Dias Tavares apontou dois momentos distintos para explicar a relação do<br />

Brasil com a Holanda. Até 1580, os portos <strong>de</strong> Lisboa recebiam navios neerlan<strong>de</strong>ses abarrotados <strong>de</strong><br />

pólvora, tecidos e armas, em contrapartida, os holan<strong>de</strong>ses compravam sal, cortiça, azeite, bacalhau,<br />

mas também o marfim da África e o açúcar do Recôncavo da Bahia. 38<br />

O autor ressaltou que a partir da União Ibérica (1580-1640), as relações comerciais com<br />

Portugal estiveram submetidas às or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> Madri e o comércio com a Holanda foi interrompido. A<br />

dinastia Filipina era incentivada pela Igreja Católica para continuar a conquista da América, fazendo<br />

isto, a benção do Papa estava condicionada ao cumprimento <strong>de</strong> acordos, um <strong>de</strong>les era o<br />

compromisso dos Habsburgos em coibir o crescimento da heterodoxia no Brasil, por isso os<br />

sacerdotes e pessoas associadas ao Santo Ofício eram os responsáveis pela fiscalização dos<br />

costumes e referendavam a perseguição dos muitos cristãos-novos erradicados na Bahia.<br />

Este clima <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> interrompeu o fluxo <strong>de</strong> dinheiro enviado por estes negociantes do<br />

Brasil para os Países Baixos, esta situação se torna <strong>mais</strong> aguda quando o Rei Filipe II proíbe a<br />

entrada <strong>de</strong> embarcações holan<strong>de</strong>sas nos portos da Península Ibérica, América, África e Ásia,<br />

excluindo assim a Holanda do comércio internacional.<br />

O Conselho dos XIX, colegiado diretivo da WIC, escolheu o nor<strong>de</strong>ste do Brasil para iniciar<br />

as investidas, ali se encontrava as maiores fazendas <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, além <strong>de</strong> ser o principal<br />

centro administrativo, político e econômico da América Portuguesa Seiscentista. Para termos uma<br />

noção <strong>mais</strong> <strong>de</strong>talhada da importância da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador no século XVII, Luis Henrique Dias<br />

Tavares informa que a Bahia abrigava [...] trinta e seis engenhos <strong>de</strong> açúcar, cerca <strong>de</strong> dois mil<br />

proprietários e lavradores <strong>de</strong> cana e mandioca, quatro mil escravos africanos e seis mil índios<br />

cativos. 39<br />

O ano <strong>de</strong> 1624 foi marcado pela primeira e bem sucedida invasão à Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador,<br />

perpetrada pelo exército holandês. A empreitada tinha o objetivo <strong>de</strong> sitiar o centro administrativo e<br />

político da América e a partir daí dominar progressivamente as terras do Brasil. Nesta ocasião,<br />

<strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> contava trinta e quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> lado seus negócios para<br />

38 TAVARES, Luis Henrique Dias. História da Bahia, São Paulo: UNESP/ Salvador, Ba: EDUFBA, 2001, p.133.<br />

39 i<strong>de</strong>m. p. 134.<br />

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