30.04.2013 Views

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Marquês <strong>de</strong> Montalvão foi o primeiro Vice Rei do Brasil, nomeado por D. Filipe IV <strong>de</strong> Espanha e<br />

sua família mantinha laços evi<strong>de</strong>ntes com a Coroa Castelhana, apesar <strong>de</strong>ste vínculo, o professor<br />

Sérgio Buarque <strong>de</strong> Hollanda sintetizou a atitu<strong>de</strong> do Marquês <strong>de</strong> Montalvão ao tomar conhecimento<br />

que uma nova cabeça havia sido coroada em Portugal:<br />

[...] A notícia recebida por Montalvão é a da restauração <strong>de</strong> um reino e da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong><br />

um reinado. A reação da autorida<strong>de</strong> é simples: rei morto, rei posto, viva o Rei! É isso<br />

exatamente o que lhe ditam os seus interesses imediatos. 75<br />

Era no misterioso manuscrito resguardado pelo jesuíta Francisco Vilhena que se encontrava<br />

o interesse do monarca: caso o Marquês <strong>de</strong> Montalvão ainda não houvesse aclamado D. João IV<br />

como Rei <strong>de</strong> Portugal, ou se houvesse alguma suspeita <strong>de</strong> que este fidalgo assumisse o partido <strong>de</strong><br />

Castela, o irmão Vilhena <strong>de</strong>veria instituir uma Junta Governativa, composta pelo Provedor Mor da<br />

Fazenda, do Mestre <strong>de</strong> Campo <strong>mais</strong> velho e pelo Bispo do Brasil e após isso, <strong>de</strong>clarar <strong>de</strong>posto o<br />

Vice Rei em exercício.<br />

Ora, o emissário teve ciência da lealda<strong>de</strong> do Marques <strong>de</strong> Montalvão e da solene aclamação<br />

Brigantina na Bahia por ele li<strong>de</strong>rada, mesmo assim, Vilhena convocou os possíveis novos<br />

governadores e lhes mostrou a Carta Régia, contrariando a metodologia or<strong>de</strong>nada pelo Rei e, como<br />

se não bastasse, referendou a posse <strong>de</strong> uma junta governativa que pela primeira vez <strong>de</strong>rrubou um<br />

Vice Rei do Brasil. 76<br />

A sala <strong>de</strong> reuniões do Colégio dos Padres Jesuítas foi on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a posse <strong>de</strong>ste governo<br />

provisório, eram eles: <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>, Provedor-mor da Fazenda Real, Luiz Barbalho<br />

Bezerra, Mestre <strong>de</strong> Campo <strong>mais</strong> velho do Terço <strong>de</strong> Infantaria e o Bispo do Brasil, D. Pedro da Silva<br />

Sampaio; 77 saliente-se que estes homens estavam cientes da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> manifestada por D. Jorge<br />

Mascarenhas ao Duque <strong>de</strong> Bragança, todavia eles seguiram as instruções <strong>de</strong> Vilhena e assumiram o<br />

governo do Brasil e após isto, trataram <strong>de</strong> justificar a substituição. 78<br />

Depois <strong>de</strong> empossar os substitutos do vice-rei, o irmão Vilhena se encarregou <strong>de</strong> entregar a<br />

Carta Régia que <strong>de</strong>stituía D. Jorge Mascarenhas do cargo. Ele aceitou, resignado, esta posição<br />

estranha e se retirou da residência do Governador para o seu domicílio particular. Como a situação<br />

política não era propícia ao Marquês e as notícias do Brasil <strong>de</strong>moravam para chegar ao Reino, o<br />

triunvirato baiano iniciou o processo <strong>de</strong> recolhimento <strong>de</strong> provas contra Montalvão e também operou<br />

75 Op. Cit. HOLLANDA, Sérgio Buarque <strong>de</strong>. (org.) História da civilização brasileira. p. 198.<br />

76 A possível vinculação do Marquês <strong>de</strong> Montalvão com os opositores à elevação <strong>de</strong> D. João IV foi estudada por<br />

CURTO, Diogo Ramada. “A Restauração <strong>de</strong> 1640: nomes e pessoas.” In: Península. Revista <strong>de</strong> Estudos Ibéricos. n. 0,<br />

Porto: Instituto <strong>de</strong> Estudos Ibéricos/Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras do Porto, 2003. p. 333.<br />

77 Para <strong>mais</strong> <strong>de</strong>talhes ver: JESUS, Raphael <strong>de</strong>. Castrioto Lusitano ou Historia da guerra entre o Brasil e a Hollanda,<br />

durante os annos <strong>de</strong> 1624 a 1654, terminada pela Gloriosa Restauração <strong>de</strong> Pernambuco e das capitanias<br />

confiantes obra em que se <strong>de</strong>screvem os heroicos feitos do ilustre João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, e dos valerosos capitães<br />

que com elle conquistarão a in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia nacional. Pariz: J. P. Aullaud, 1844, p. 187-190.<br />

78 Ver também as informações dadas sobre a participação <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> nesta Junta Governativa em VARNHAGEN,<br />

Francisco Adolfo <strong>de</strong>. História Geral do Brazil, Tomo I, Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livraria Clássica, p.590.<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!