Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
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<strong>Correa</strong>] ultimamente esta <strong>de</strong> conspirar contra minha pessoa, capitulando-me e enviando até esta<br />
Corte e a alguns ministros vários papéis contra meu procedimento. 346<br />
O Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos pesa nas tintas ao evi<strong>de</strong>nciar o histórico <strong>de</strong> contendas que <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> havia se envolvido no passado e se mostrava <strong>de</strong>sacatado pelas <strong>de</strong>núncias e queixas<br />
formadas por ele.<br />
De acordo com Óbidos, o Provedor Mor da Fazenda se [...] jactava que era <strong>mais</strong> bem ouvido<br />
que os governadores <strong>de</strong>ste Estado e se tomasse alguma revolução comigo e me viesse a succe<strong>de</strong>r.<br />
Desgastar a imagem do mandatário do Brasil por via <strong>de</strong> comunicações sistemáticas aos<br />
governadores das Capitanias elencando os <strong>de</strong>smandos, <strong>de</strong>svios e autoritarismos dos governantes<br />
superiores era uma estratégia utilizada pelos fidalgos da Bahia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI, contudo a<br />
particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste caso está na antecipação do Con<strong>de</strong>.<br />
Apenas por suspeitar <strong>de</strong> estar sendo vítima <strong>de</strong> uma trama que o expulsaria novamente do seu<br />
cargo <strong>de</strong> vice-rei, Óbidos embarcou subitamente os principais opositores do Brasil, rumo a Lisboa,<br />
para que pu<strong>de</strong>sse governar com tranquilida<strong>de</strong> e sem escritos inoportunos que evi<strong>de</strong>nciavam suas<br />
fragilida<strong>de</strong>s.<br />
Óbidos não podia assistir a distribuição <strong>de</strong> paschins falando mal do seu governo sem tomar<br />
as providências cabíveis, suspeitava que os fidalgos da Bahia se reunião em ranchos e bandorias<br />
para tramar contra ele e estes possíveis sediciosos li<strong>de</strong>rados por <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong><br />
espalhavam críticas à sua pessoa por entre os homens da Bahia Colonial, <strong>de</strong> acordo com a <strong>de</strong>núncia<br />
<strong>de</strong> Óbidos [...] este era o seu intento: e nas disposições <strong>de</strong>le o ajudarão firmando papéis,<br />
escrevendo aos Ministros e influindo todo este povo, pública e secretamente. 347<br />
É sempre apropriado conhecer o conteúdo do vocabulário utilizado pelos homens que<br />
viveram no século XVII para termos uma noção <strong>mais</strong> precisa das suspeitas que tinha Óbidos em<br />
relação às manobras <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>, especialmente se levarmos em conta a sua<br />
habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever e o significado das palavras capitular e capitulação 348 para aqueles que<br />
viviam no Brasil Seiscentista. Capitular era um recurso <strong>de</strong> escrita que tinha o objetivo formar<br />
artigos com <strong>de</strong>terminados temas e expô-los em público, capitulação eram as condições com que<br />
<strong>de</strong>terminadas pessoas estabeleciam um pacto e registravam por escrito o acordo das partes, por<br />
exemplo, a trégua <strong>de</strong> uma guerra ou os termos <strong>de</strong> rendição entre sitiados e sitiadores eram lavrados<br />
em capítulos. No Brasil, os fidalgos tinham direito <strong>de</strong> formular capítulos <strong>de</strong> acusação contra os<br />
excessos dos seus comandantes, apontando em tais papéis os <strong>de</strong>talhes dos erros cometidos e o mal<br />
que tais <strong>de</strong>smandos causava aos moradores da Colônia, comprometendo-se em comprovar a<br />
346<br />
Op. cit. AHU, LF, BA Cx. 18, Doc. 2100, 06/08/1665<br />
347<br />
i<strong>de</strong>m<br />
348<br />
Op. cit. BLUTEAU, Vol.2, p.128.<br />
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