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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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diziam os médicos, o partiu ao meio. 243<br />

O <strong>de</strong>senho político que se configurou após a morte <strong>de</strong> D. João IV e as providências tomadas<br />

pela Rainha Regente para reorganizar a estrutura da Corte <strong>de</strong> Portugal foi estudado por Vinicius<br />

Orlando <strong>de</strong> Carvalho Dantas ao pesquisar o resgate do Valimento régio durante o reinado <strong>de</strong> D.<br />

Afonso VI. O historiador estudou as ações perpetradas pela Rainha Mãe e pelos seus conselheiros<br />

no sentido <strong>de</strong> difundir a incapacida<strong>de</strong> física e mental do futuro Rei <strong>de</strong> Portugal, cujo<br />

comportamento e companhias pouco a<strong>de</strong>quadas comprometiam sua imagem como monarca.<br />

A Rainha Regente tentava reunir provas para atestar a fragilida<strong>de</strong> metal e impotência<br />

reprodutora do seu segundo filho, para isso ela mandou chamar<br />

[...] Antonio da Matta, e o cirurgião Francisco Nunes, pessoas que mereciam a confiança<br />

da rainha; e conferindo aquella matéria com as consi<strong>de</strong>rações da arte, <strong>de</strong>clararam ambos<br />

por um papel que el-rei era mentecapto e impotente. 244<br />

D. Luísa seguia a Regência preocupada com D. Afonso, não só com sua saú<strong>de</strong> como<br />

também com suas amiza<strong>de</strong>s. O maior motivo <strong>de</strong> sua resistência eram as relações pouco<br />

recomendadas que o jovem Afonso mantinha com Antonio <strong>de</strong> Conti Vintimiglia, seu amigo pessoal<br />

e protagonista <strong>de</strong> muitos escândalos. 245<br />

Para além <strong>de</strong> propagar a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D. Afonso, a Rainha Mãe tinha vistas em permanecer<br />

no po<strong>de</strong>r, até a maiorida<strong>de</strong> do caçula D. Pedro (que na sua compreensão tinha <strong>mais</strong> condições <strong>de</strong><br />

assumir o Reino). Todavia, outros nobres da Corte vislumbravam no infante em vias <strong>de</strong> completar a<br />

maiorida<strong>de</strong>, uma oportunida<strong>de</strong> para tirar proveito das condições <strong>de</strong>ste ser o futuro Rei <strong>de</strong> Portugal. ‘<br />

As crônicas da época apontam para uma estreita ligação existente entre o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos e<br />

o Infante D. Afonso. 246 Em 07 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1660, o her<strong>de</strong>iro do trono <strong>de</strong> Portugal foi mudado <strong>de</strong><br />

quarto pela Rainha Mãe e encontramos o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos como um dos cinco fidalgos que<br />

serviam ao príncipe em sua nova câmara no Palácio, outro episódio que marca a intimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D.<br />

Vasco Mascarenhas com o Príncipe <strong>de</strong>u-se quando ele salvou a vida do Infante, em uma cilada que<br />

243 Sermões do Padre Antonio Vieira, Tomo XII, Lisboa, 1856, pg 49.<br />

244 Após a ascensão <strong>de</strong> D. Afonso VI ao trono, os papéis que atestavam sua <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> foram encontrados, por isto [...]<br />

foi chamado ao Paço Francisco Nunes, aon<strong>de</strong> o matou as pancadas o Marques <strong>de</strong> Fontes e Antonio da Matta, sabendo<br />

do caso, nunca <strong>mais</strong> saiu á rua. Ver: BRANCO, Camillo Castello. Vida d´El-Rey D. Affonso VI escripta no anno <strong>de</strong><br />

1684. Porto/Braga: Livraria Internacional, 1684. P.24.<br />

245 I<strong>de</strong>m. P.24. Um estudo historiográfico <strong>mais</strong> pormenorizado das visões dicotômicas construídas na figura <strong>de</strong> D.Afonso<br />

VI foi feito por Angela Barreto Xaviel e Pedro Cardim, os autores recorreram a estudos e narrativas <strong>de</strong> autores do<br />

século XVII, XVIII, XIX e XX e elucidaram como as idéias <strong>de</strong> imbecilida<strong>de</strong> e impotência sexual imputadas pelo padre<br />

Antonio Vieira e pelos partidários <strong>de</strong> D. Luisa <strong>de</strong> Gusmão à este Rei foi uma manobra política forjada com as palavras e<br />

com a tinta dos seus opositores que viam em D. Pedro I um Rei <strong>mais</strong> apropriado em condições <strong>de</strong> gerar um her<strong>de</strong>iro<br />

para o Trono <strong>de</strong> Portugal. Ver: XAVIER, Ângela Barreto.; CARDIM, Pedro. Afonso VI. Lisboa: Circulo <strong>de</strong> Leitores,<br />

2006. p.9-27.<br />

246 Pedro Cardim, ao estudar a estrutura da casa Real Brigantina e seus órgãos <strong>de</strong> governo dividiu em dois os ofícios<br />

domésticos do Palácio: os maiores e os menores, <strong>de</strong>ntre os maiores Óbidos era “gentil homem da Câmara”, <strong>de</strong> acordo<br />

coma análise <strong>de</strong> Cardim, câmara eram os aposentos do Rei ou do Príncipe, um lugar <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> no qual pessoas<br />

selecionadas tinham acesso, os camaristas [...] eram os que frequentemente praticam com os Reis e príncipes, [eram]<br />

cofres <strong>de</strong> suas payxoens, mo<strong>de</strong>radores <strong>de</strong> seus afetos. Ver: CARDIM. Pedro. “A Casa Real e os órgãos <strong>de</strong> Governo no<br />

Portugal da segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seiscentos”. In: Tempo. Departamento <strong>de</strong> História UFF. Niteroi: n.13, p.24-25<br />

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