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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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[...]E o senhor Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos juro a Vossa Excelencia, asi Deos me honre, que em todos<br />

estes apertos e no traim <strong>de</strong> Campanha, com ser general <strong>de</strong> artilharia, não o vi nunca nem<br />

me ajudou em nada [...] Em fim Senhor, estes dois cavalheiros <strong>mais</strong> me serviram <strong>de</strong><br />

embaraço que <strong>de</strong> ajudadores, e muito <strong>de</strong>sejarão ambos que esta jornada se não fizesse,<br />

porque tão tímidos dois homens eu não os vi. 199<br />

Percebe-se então, que em novembro <strong>de</strong> 1639 as esperanças do Con<strong>de</strong> da Torre em ter Óbidos<br />

nas frentes <strong>de</strong> batalha foram frustradas, sua <strong>de</strong>senvoltura como General <strong>de</strong> Artilharia não estava<br />

dando resultados, outro trecho <strong>de</strong>sta missiva ilustra outra nuance da crítica do Con<strong>de</strong> da Torre para<br />

com a atitu<strong>de</strong> pouco combativa <strong>de</strong> D. Vasco Mascarenhas:<br />

[...] O (Con<strong>de</strong>) <strong>de</strong> Óbidos em nenhuma forma ouvera <strong>de</strong> hir a campanha ainda que Sua<br />

Megesta<strong>de</strong> o obrigara, e na Bahia fica com tanto medo que era a cousa principal porque<br />

com elle queria <strong>de</strong>ixar meu filho, e não tem nenhuma razão em seus temores porque, posto<br />

que se assentou lhe ficassem oitocentos soldados, ficão lhe <strong>mais</strong> <strong>de</strong> mil a fora as<br />

companhias da or<strong>de</strong>nança que he gente solda<strong>de</strong>sca [...] 200<br />

Apesar <strong>de</strong> estar resguardado por muitos soldados que <strong>de</strong>fendiam a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador e<br />

assumindo o Governo interino do Brasil, o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos é <strong>de</strong>scrito nesta carta como um<br />

comandante relapso, medroso e dado a outros interesses, por notar a pouca ajuda dos seus<br />

subordinados enquanto guerreava em Pernambuco, D. Fernando Mascarenhas informava ao Valido<br />

que não tinha [...] <strong>mais</strong> ajuda e favor que o do ceo porque o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos não se ocupava <strong>mais</strong><br />

que com seus prefumes e agoas cheirosas, D. Francisco <strong>de</strong> Moura com suas irmãs e parentes e D.<br />

Rodrigo Lobo com seu amancebamento [...]. 201<br />

Uma última informação <strong>de</strong>sta Carta aponta que todo o conjunto <strong>de</strong> críticas formuladas pelo<br />

Con<strong>de</strong> da Torre contra a pessoa <strong>de</strong> Óbidos tem um conteúdo político fundamental e explica a<br />

relação conflituosa <strong>de</strong>stes dois nobres no quadro geral <strong>de</strong> disputas políticas que se <strong>de</strong>lineava na<br />

Península Ibérica.<br />

Não po<strong>de</strong>mos per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que no ano <strong>de</strong> 1639 as articulações para a restauração do<br />

Reino <strong>de</strong> Portugal à uma dinastia lusa já estavam em curso, tanto o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos como o Con<strong>de</strong><br />

da Torre representavam famílias da alta nobreza Ibérica, ambos ostentavam o título <strong>de</strong> Con<strong>de</strong> e<br />

eram cavaleiros professos <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>ns Militares, contudo, o trecho a seguir indica que o motivo das<br />

<strong>de</strong>savenças estava na vinculação <strong>de</strong> Óbidos com a Casa Brigantina:<br />

199 I<strong>de</strong>m<br />

200 i<strong>de</strong>m<br />

201 i<strong>de</strong>m<br />

202 i<strong>de</strong>m<br />

[...] De todo o referido po<strong>de</strong> Vossa Excelencia dar conta [...] para que, sendo servido se<br />

man<strong>de</strong> informar a Bahia <strong>de</strong> Todos os Santos, pois já estou fora <strong>de</strong>la, e não lhe pareça a<br />

Vossa Excelencia que falo com pouca confiança, pois <strong>de</strong>ixo nella o Senhor Con<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Óbidos que se encontra mui sentido da instrucção que lhe <strong>de</strong>ixei, como Vossa Excelencia lá<br />

o verá, <strong>de</strong><strong>mais</strong> <strong>de</strong> ser irmão <strong>de</strong> padre frei Diniz, digo isto pelo <strong>de</strong> Seita. 202<br />

As tais instruções que tanto incomodavam o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos versavam sobre como ele<br />

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