Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
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nos mezes que <strong>mais</strong> serviu que forão quatro ou cinco e se <strong>de</strong>ve liquidar. 102<br />
Vale salientar que os Conselheiros não fizeram referência, neste documento, sobre os<br />
direitos dos quintos das fazendas da fragata <strong>de</strong> Sevilha, apreendidas por <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>,<br />
conforme o pedido que fez na carta <strong>de</strong> 1649.<br />
Ainda não sabemos se <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> conseguiu reaver as dívidas que a Fazenda<br />
Real tinha com a sua pessoa, também não conhecemos o resultado das outras petições que ele fazia,<br />
apesar <strong>de</strong>sta limitação, a trajetória <strong>de</strong>ste fidalgo da Bahia – preso em Portugal, quebrado em suas<br />
finanças e mandado <strong>de</strong> volta à América – precisa ser <strong>mais</strong> bem compreendida.<br />
Para isso, seguiremos a sua carreira ao longo da década <strong>de</strong> 1650 e 1660 a fim <strong>de</strong><br />
percebermos que, apesar <strong>de</strong> expulso do Reino, <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> continuou a exercer papel<br />
protagonista na Bahia Colonial, em companhia <strong>de</strong> outros indivíduos que coadunavam com as suas<br />
pretensões políticas.<br />
A paisagem monótona do Oceano Atlântico era uma constante para os olhos dos viajantes<br />
que iam e vinham do Reino com as <strong>mais</strong> diversas finalida<strong>de</strong>s. A tranquilida<strong>de</strong> do percurso era<br />
quebrada quando se avistava corsários ou embarcações inimigas que pilhavam as mercadorias,<br />
aprisionavam ou matavam os resistentes.<br />
Quando não era por motivos humanos, a natureza também se encarregava <strong>de</strong> animar a<br />
viagem transatlântica brindando os navegantes com temporais que viravam embarcações, ventos<br />
repentinos <strong>de</strong>sviavam a frota do seu curso, levando-as a locais distantes e hostis, nevoeiros, bancos<br />
<strong>de</strong> areia e pedregulhos exigiam extrema atenção dos condutores e súplica perene a Nossa Senhora<br />
do Desterro, padroeira dos <strong>de</strong>gredados tripulantes.<br />
Oração e jejum eram ativida<strong>de</strong>s religiosas em alto mar que quebrava a rotina dos meses <strong>de</strong><br />
uma viagem marítima que atravessava o Trópico <strong>de</strong> Câncer e a linha do Equador, em direção ao<br />
hemisfério Sul.<br />
Os cronistas da época rememoravam as novenas e tríduos comemorativos aos santos da<br />
<strong>de</strong>voção portuguesa feitas durante a viagem, fazia-se procissões com o Santíssimo Sacramento ao<br />
redor do convés e o tradicional apego à virgem Maria eternizava-se na <strong>de</strong>clamação do Ofício <strong>de</strong><br />
Nossa Senhora e das 150 ave-marias do rosário. 103 Dentre as orações <strong>mais</strong> significativas que estes<br />
católicos viajantes repetiam, a Salve Regina era a que encerrava a <strong>de</strong>clamação das loas à virgem<br />
Maria, esta antiga oração católica adquire um sentido especial para o estudo em tela.<br />
Sérgio Buarque <strong>de</strong> Hollanda fez um estudo acerca das diferentes representações que teve o<br />
Brasil no quadro da mentalida<strong>de</strong> europeia durante os séculos posteriores à chegada dos portugueses.<br />
102 i<strong>de</strong>m<br />
103 BRITO, Bernardo Gomes <strong>de</strong>. História Trágico Marítima (1688-1759). Barcelos: Companhia Editora do Minho,<br />
1942. Nesta obra temos <strong>mais</strong> <strong>de</strong>talhes da vida em alto mar, <strong>de</strong>voções, epi<strong>de</strong>mias e folguedos durante as viagens<br />
oceânicas protagonizadas por Portugal durante os séculos XVII e XVIII.<br />
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