Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
portugueses <strong>de</strong> nascimento, ou seja, primogênitos nascidos em famílias <strong>de</strong> primeira nobreza e [...]<br />
presuntivos senhores <strong>de</strong> Casa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o berço, apesar <strong>de</strong> algumas exceções. 230<br />
Nuno Gonçalo Monteiro e Mafalda Soares da Cunha ressaltaram que durante este período, a<br />
Monarquia Brigantina flexibilizou a exigência <strong>de</strong> presença anterior na Índia como condição para<br />
outorgar o título <strong>de</strong> vice-rei aos nobres portugueses e era neste ponto a principal fragilida<strong>de</strong> política<br />
do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos ao chegar em Goa.<br />
Apesar <strong>de</strong> ter sido nomeado pelo Rei <strong>de</strong> Portugal e ter or<strong>de</strong>ns expressas <strong>de</strong> governar aquela<br />
praça, a temporada <strong>de</strong> Óbidos foi curta. Ele não tinha passagem pelo Oriente em sua carreira e por<br />
isso chegou à Índia com trânsito político limitado entre as autorida<strong>de</strong>s locais, mesmo utilizando<br />
seus dotes militares no comando das tropas que <strong>de</strong>fendiam o Ceilão, Óbidos encontrou resistência<br />
da elite Goense. Francisco Maria Bordalo dá <strong>mais</strong> informações <strong>de</strong>stes meses turbulentos em que o<br />
Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos ostentou o título <strong>de</strong> vice-rei da Índia;<br />
[...] Não obstante possuir optimas qualida<strong>de</strong>s,[O Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos] foi <strong>de</strong>posto no dia 22<br />
<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1653, preso e enviado para o reino, em resultado <strong>de</strong> uma sedição <strong>de</strong> que era<br />
principal caudilho D. Braz <strong>de</strong> Castro. Este assumiu a si o governo, até que foi preso e<br />
alguns <strong>de</strong> seus sequazes em 1655. 231<br />
Uma narrativa <strong>mais</strong> <strong>de</strong>talhada dos movimentos feitos pelos moradores <strong>de</strong> Goa para <strong>de</strong>rrubar<br />
o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos do vice-reino da Índia foi apresentada pelo Con<strong>de</strong> da Ericeira, nela percebemos<br />
o <strong>de</strong>licado terreno <strong>de</strong> disputas que o fidalgo vivenciou no Oriente Português. Ele fora enviado para<br />
substituir o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiras, por ocasião da sua morte, contudo, [...] <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucos dias se<br />
começarão a alterar os ânimos da mayor parte dos Três Estados daquela cida<strong>de</strong> [...]. 232<br />
Os articuladores <strong>de</strong>sta sedição eram figuras <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na cida<strong>de</strong>: [...] Nicolau <strong>de</strong> Moura <strong>de</strong><br />
<strong>Brito</strong>, natural da Índia e Antônio Barreto Pereira, que havia ido por Almirante no ano<br />
antece<strong>de</strong>nte, 233 estes dois obtiveram o apoio fundamental <strong>de</strong> D. Bráz <strong>de</strong> Castro, 234 fidalgo morador<br />
na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goa que assumiu a li<strong>de</strong>rança do motim e, posteriormente ao golpe, tomou para si o<br />
governo da Índia até que o Rei enviasse pessoa <strong>mais</strong> benquista.<br />
230<br />
i<strong>de</strong>m. p.98.<br />
231<br />
Op. cit. BORDALO, Francisco Maria. Ensaio sobre a estatística das possessões na África Oci<strong>de</strong>ntal e Oriental na<br />
Ásia Oci<strong>de</strong>ntal na China e na Oceania começados a escrever <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m no governo <strong>de</strong> Sua Magesta<strong>de</strong>, por<br />
Joaquim Lopes <strong>de</strong> Lima e continuados por Francisco Maria Bordalo. Segunda série, Livro V – O estado da Índia,<br />
1ª parte, Lisboa: Imprensa Nacional, 1862, p. 118.<br />
232<br />
Op. cit. ERICERIA, D. Luiz <strong>de</strong> Menezes Con<strong>de</strong> da. História <strong>de</strong> Portugal Restaurado, Parte I, Tomo II, 1751, p.<br />
402-408.<br />
233<br />
i<strong>de</strong>m<br />
234<br />
[...] Nasceo em Lisboa, e teve por progenitores D. Rodrigo <strong>de</strong> Castro e D. Ana <strong>de</strong> Eça, filha <strong>de</strong> Luis <strong>de</strong> <strong>Brito</strong>, pagem<br />
do Car<strong>de</strong>al D. Henrique e <strong>de</strong> D. Ignes <strong>de</strong> Castro. Depois <strong>de</strong> ter obrado ações dignas <strong>de</strong> memória as eclypsou<br />
injuriosamente quando em o anno <strong>de</strong> 1652, aten<strong>de</strong>ndo <strong>mais</strong> aos impulsos da ambição, que a nobreza <strong>de</strong> seu nascimento<br />
aceitou o Governo da Índia, que o levou a uma sublevação popular, mandando pren<strong>de</strong>r ao Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos, D. Vasco<br />
Mascarenhas, eleito Vice Rei do Estado pela Magesta<strong>de</strong> do Rei D. João IV. Ver: MACHADO, Diogo Barbosa.<br />
Bibliotheca Lusitana, histórica crítica, chronologica na qual se comprehen<strong>de</strong> a noticia dos authores portugueses,<br />
e das obras, qu compuserão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo <strong>de</strong>proclamação da Ley da Graça até o tempo prezente. Offerecida a<br />
augusta magesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> D. João V. Tomo I, Lisboa: Officina Antonio Isidoro da Fonseca, 1741, p. 300<br />
81