Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
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que margeavam fortalezas e as praias da costa do Brasil, se tornou uma boa oportunida<strong>de</strong> para D.<br />
Vasco Mascarenhas conhecer as belezas naturais que ouvira falar na Europa, também pô<strong>de</strong> perceber<br />
as carências do efetivo militar do Brasil e estabelecer relações com a população que habitava estas<br />
partes da América.<br />
Um trabalho difícil, porém necessário como primeira experiência, pois era exímio<br />
conhecedor das operações militares <strong>mais</strong> utilizadas na época, sabia como armazenar mantimentos<br />
bélicos com segurança, tinha noções <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> fortalezas e reparos <strong>de</strong> sua estrutura física.<br />
Seu trabalho era relatar ao Governador Geral as potencialida<strong>de</strong>s e fragilida<strong>de</strong>s que cada Capitania<br />
apresentava em relação às ameaças cotidianas.<br />
Além <strong>de</strong> ter aumentado o repertório <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s e traquejo militar, D. Vasco Mascarenhas<br />
também teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer com <strong>mais</strong> profundida<strong>de</strong> o funcionamento da administração<br />
da Colônia Portuguesa nas Américas e o comportamento dos seus funcionários ante as atribuições<br />
que lhes eram <strong>de</strong>vidas, observou ainda alguns <strong>de</strong>talhes do jogo político local e práticas dos<br />
membros da elite da Bahia. Foi neste período que se <strong>de</strong>u o primeiro contato <strong>de</strong>ste nobre do Reino<br />
com alguns fidalgos <strong>de</strong> Salvador que nesta época uniram-se contra a invasão holan<strong>de</strong>sa, <strong>de</strong>ntre os<br />
quais está <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>.<br />
D. Vasco Mascarenhas embarcou <strong>de</strong> volta para a Espanha e lá recebeu o título <strong>de</strong> Con<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Óbidos pelas mãos <strong>de</strong> Filipe IV, a 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1636. D. Vasco Mascarenhas encontrava-se<br />
em Madri e era um dos homens <strong>de</strong> confiança do Con<strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Olivares no aconselhamento dos<br />
assuntos concernentes à <strong>de</strong>fesa do Brasil. Esta constatação sustenta-se nas narrativas <strong>de</strong> Francisco<br />
<strong>de</strong> <strong>Brito</strong> Freyre quando se referiu à situação da guerra em Pernambuco e os responsáveis pelas<br />
companhias <strong>de</strong> soldados existentes no Brasil no ano <strong>de</strong> 1638:<br />
[...] A guarnição que era própria da praça, constava <strong>de</strong> mil e quinhentos soldados, nos<br />
dois Terços dos Mestres <strong>de</strong> Campo D. Fernando <strong>de</strong> Lodueña e D. Vasco Mascarenhas,<br />
Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos, que por se achar em Espanha, governava seu Sargento Mor João <strong>de</strong><br />
Araújo. 189<br />
Apesar <strong>de</strong> ser Mestre <strong>de</strong> Campo <strong>de</strong> um Terço <strong>de</strong> Infantaria no Brasil, o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos<br />
estava na Espanha e só voltou à Bahia pela segunda vez em 1639, embarcou como um dos<br />
tripulantes da armada <strong>de</strong> socorro enviada por Castela para expulsar os holan<strong>de</strong>ses sitiados em<br />
Pernambuco. Para completar o mapa das atribuições que ele <strong>de</strong>senvolveu durante os dois anos que<br />
antece<strong>de</strong>ram a Restauração Brigantina, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mencionar a primeira experiência <strong>de</strong><br />
governador interino que teve o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos. 190<br />
189 FREYRE, Francisco <strong>de</strong> <strong>Brito</strong>. Nova Lusiania, História da Guerra Brasílica a puríssima alma e saudosa memória<br />
do sereníssimo Príncipe Dom Theodósio, Príncipe <strong>de</strong> Portugal e Príncipe do Brasil. Década Primeira. Lisboa:<br />
Officina <strong>de</strong> Joam Galram. 1675. P. 444-443.<br />
190 MIRANDA, Susana Münch. SALVADO, João Paulo (orgs.) Cartas do 1.º Con<strong>de</strong> da Torre, 4 vols. Lisboa:<br />
Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2001. p. 67. Ver também: SILVA, Ignacio<br />
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