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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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Neste mesmo parecer, encontra-se o <strong>de</strong>stino final do velho <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> em<br />

1666, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter passado pelo menos um ano e meio prisioneiro, o fidalgo da Bahia morreu<br />

<strong>de</strong>ntro da prisão do Limoeiro ao lado do seu filho. O Conselho Ultramarino fez questão <strong>de</strong> ressaltar<br />

as consecutivas quebras <strong>de</strong> protocolos jurídicos e violência cometida pelo Con<strong>de</strong> por ter expulsado<br />

do Brasil pessoas <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, apenas por leve suspeita <strong>de</strong> um motim nunca comprovado:<br />

129<br />

[...] E querendo o Con<strong>de</strong> Viso Rey intentar acção contra elles, pelas palavras que falarão<br />

temerariamente, o po<strong>de</strong>ria fazer na forma da ley; mas não pelo modo com que o fes. E<br />

quando fora <strong>de</strong>stes termos, os prezos tivessem alguã culpa, enquanto as palavras.<br />

Reprezenta o Conselho a Vossa Magesta<strong>de</strong>, que parece a tem bem purgado no discômodo<br />

da viagem a este Reyno, e modo com que o Con<strong>de</strong> Viso Rey os remetteo, e com <strong>de</strong>samparo<br />

<strong>de</strong> suas casas, e haver <strong>mais</strong> <strong>de</strong> hum anno, que estão prezos, sendo muyto para consi<strong>de</strong>rar<br />

morrer na prizão <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>, pessoa tam benemérita no serviço <strong>de</strong> VMg<strong>de</strong>. ,<br />

e que contra elle nunca por este Conselho houve queixa, nos cargos que tinha servido. 397<br />

Aproximando-se das consi<strong>de</strong>rações finais <strong>de</strong>sta dissertação, é preciso ressaltar que D. Vasco<br />

Mascarenhas e <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> construíram suas carreiras entre o primeiro quarto do<br />

século XVII e o último quarto <strong>de</strong>ste mesmo século. Por isso, <strong>de</strong>finir um recorte cronológico fixo<br />

que baliza este trabalho foi uma tarefa difícil que só pô<strong>de</strong> ser superada quando percebi que as<br />

trajetórias <strong>de</strong>stes homens tinham algumas convergências possíveis <strong>de</strong> serem analisadas: eles<br />

serviram em cargos militares durante a dinastia Filipina, acompanharam os movimentos <strong>de</strong><br />

Restauração do Trono <strong>de</strong> Portugal e fim da União Ibérica e continuaram a servir aos soberanos da<br />

casa <strong>de</strong> Bragança até o final <strong>de</strong> suas vidas.<br />

Após 1640, este homens ostentavam em seus históricos os muitos serviços prestados às<br />

monarquias e as várias retribuições que obtiveram da graça régia, <strong>Lourenço</strong> e Óbidos estavam<br />

inseridos na trama da economia <strong>de</strong> mercê e com o advento do Rei D. Afonso VI e as reformas<br />

políticas implementadas pelo Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos em seu vice-reinado, a outorga da graça régia sofreu<br />

uma interferência notória e que foi mal vista por alguns homens <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na Bahia.<br />

Pedro Calmon chamou <strong>de</strong> “rebelião obscura” os acontecimentos que se <strong>de</strong>ram na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Salvador no dia 29 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1666, por ocasião das exéquias da Rainha D. Luisa <strong>de</strong> Gusmão, o<br />

historiador compreen<strong>de</strong>u que os já mencionados opositores do Con<strong>de</strong> vice-rei estavam tramando<br />

uma conjuração para retirá-lo do cargo, contudo, esta informação não parece ser verda<strong>de</strong>ira, visto<br />

que <strong>de</strong>ste julho <strong>de</strong> 1665 as manobras políticas <strong>de</strong> silenciamento dos opositores <strong>de</strong> Óbidos já estava<br />

em plena execução e, em 1666, <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> já era <strong>de</strong>funto.<br />

O autor tem razão ao afirmar que a origem dos motivos dos <strong>de</strong>sentendimentos e<br />

perseguições perpetradas pelo Con<strong>de</strong> vice-rei contra os seus <strong>de</strong>safetos estava na vinculação política<br />

que eles apresentavam com a Rainha Regente, uma prova da veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta afirmação é que, após<br />

o fim do reinado <strong>de</strong> D. Afonso VI e ascensão <strong>de</strong> D. Pedro I ao Trono, todos os expulsos da Bahia<br />

397 i<strong>de</strong>m

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