Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
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Authoguia e escrito capitulado e posto paschins a Francisco Barreto, sem com ele usar<br />
<strong>de</strong>monstração alguma. 342<br />
Ao citar alguns nobres do partido <strong>de</strong> D. Afonso VI que também foram alvejados pelas duras<br />
palavras <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong>, Óbidos elencava os documentos que ele era capaz <strong>de</strong> produzir para <strong>de</strong>struir a<br />
imagem dos administradores enviados do Reino <strong>de</strong>ntro do espaço Colonial, seu interesse era reunir<br />
argumentos para reforçar as suspeitas que tinha ao afirmar que <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> era o<br />
principal articulador <strong>de</strong> uma armadilha para expulsá-lo do cargo <strong>de</strong> vice-rei do Brasil. De acordo<br />
com seu relato, Óbidos reclamava que <strong>Lourenço</strong> seguia o mesmo dictame <strong>de</strong> ataques, <strong>de</strong>sta vez à<br />
sua pessoa e avisava às autorida<strong>de</strong>s do Reino que todos aqueles excessos praticados pelo fidalgo da<br />
Bahia não era novida<strong>de</strong> e aconteciam por falta <strong>de</strong> punição exemplar, tais atitu<strong>de</strong>s extrapolavam os<br />
limites da sua [...] natural brandura e benevolência. 343 .<br />
Capitular e escrever paschins foram recursos <strong>de</strong> escrita que alguns homens da Bahia<br />
recorreram para mobilizar a população (ou parte <strong>de</strong>la) em torno <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política,<br />
econômica ou religiosa, era pela letra que os governantes enviados do Reino aumentavam as fintas,<br />
dízimos e impostos acumulados pela Fazenda do Brasil, em contrapartida, era também pela via<br />
escrita que os moradores e negociantes do Brasil criticavam o mal uso dos impostos recolhidos, a<br />
corrupção dos funcionários régios e os abusos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r dos governadores e vice-rei do Brasil.<br />
<strong>Lourenço</strong> substituiu o primeiro vice-rei do Brasil e <strong>de</strong> acordo com as palavras <strong>de</strong> Óbidos em<br />
1665, ele tentava repetir a mesma façanha, pois, [...] todo o intento <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> foi<br />
sempre a intenção <strong>de</strong> querer governar este Estado. 344 Óbidos temia que [...] assim na noticia do<br />
mao procedimento <strong>de</strong> qualquer governador po<strong>de</strong>ria suce<strong>de</strong>r-lhe enquanto Vossa Magesta<strong>de</strong><br />
mandava outro ou Vossa Magesta<strong>de</strong> o honrava com o mesmo posto. 345<br />
Vemos então um Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos escaldado pela falta <strong>de</strong> traquejo político que teve no<br />
Oriente e na América percebia a mesma cena se repetir, <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> era um influente<br />
homem <strong>de</strong> negócios e funcionário régio a muitos anos, tinha trânsito político entre as instâncias<br />
<strong>mais</strong> importantes da Colônia e ainda era chamado <strong>de</strong> Capitão pelos po<strong>de</strong>rosos <strong>de</strong> Salvador e do<br />
Recôncavo da Bahia que lembravam do <strong>de</strong>staque que teve nas batalhas, em tempos <strong>de</strong> invasão<br />
holan<strong>de</strong>sa.<br />
Portanto, em se tratando <strong>de</strong> Brasil e seu governo, <strong>Lourenço</strong> era um especialista, tinha<br />
experiência na administração fazendária e passagem prévia em posto <strong>de</strong> governador interino, caso o<br />
Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos fosse expulso do seu cargo, ele certamente estaria entre os possíveis substitutos.<br />
342 i<strong>de</strong>m<br />
343 i<strong>de</strong>m<br />
344 i<strong>de</strong>m<br />
345 i<strong>de</strong>m