30.04.2013 Views

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

garantir sua permanência no po<strong>de</strong>r, afastou compulsoriamente do centro administrativo do Estado<br />

do Brasil seus principais opositores.<br />

Óbidos enten<strong>de</strong>u os supostos escritos que criticavam negativamente sua gestão como<br />

capitulações e exigia <strong>de</strong> D. Afonso VI uma punição exemplar, todos os indícios levavam a crer que<br />

o Provedor Mor da Fazenda e seu sequito pretendiam repetir contra ele o sucesso da Índia.<br />

Contudo, Óbidos não esperou o parecer do Reino e agiu com po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> vice-rei, lançou mão do<br />

fator surpresa para impedir a fuga dos seus principais opositores e os pegou <strong>de</strong>sprevenidos para<br />

afastá-los da capital da Colônia sem resistência e com pouco alar<strong>de</strong>:<br />

124<br />

[...] Este navio ficou acabando <strong>de</strong> carregar parte das fazendas da Nao Populo, que não<br />

coube na capitania e outra nao que vai dividida. E pela brevida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir achar a frota em<br />

Pernambuco não po<strong>de</strong> levar as culpas dos presos que enviei a Vossa Magesta<strong>de</strong> como<br />

consta da certidão inclusa. 375<br />

Após apresentar o conteúdo <strong>de</strong> suas suspeitas nesta carta <strong>de</strong> aviso, o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos tratou<br />

<strong>de</strong> assegurar que as provas da [...] inocencia do procedimentos <strong>de</strong> que me arguem, como atroz a<br />

malda<strong>de</strong> com que huns e outros conspirão 376 seria enviada ao monarca posteriormente <strong>de</strong>vido as<br />

contingencias do mar.<br />

A tramitação que esta missiva teve merece um <strong>de</strong>staque, apesar do manuscrito informar<br />

suposições e indícios <strong>de</strong> que certas pessoas tramavam <strong>de</strong>stituir o segundo vice-rei do Brasil, ele não<br />

dava provas cabais do envolvimento dos <strong>de</strong>nunciados e nem apontava as testemunhas que po<strong>de</strong>riam<br />

comprovar a versão <strong>de</strong> Óbidos, o vice-rei prometia enviar, na próxima embarcação que sairia da<br />

Bahia rumo a Lisboa, a <strong>de</strong>vassa completa que <strong>de</strong>monstrava a culpa <strong>de</strong> cada um dos seus <strong>de</strong>safetos e<br />

os motivos que orientaram esta atitu<strong>de</strong>.<br />

7- <strong>Lourenço</strong> morre no cárcere<br />

Chegando a Lisboa, os suspeitos foram conduzidos para a ca<strong>de</strong>ia do Limoeiro enquanto os<br />

papéis que informavam sobre as culpas foram enviados para o Desembargo do Paço e não para o<br />

Conselho Ultramarino, fazendo isto, Óbidos sabia que seu <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> justificar a prisão e envio <strong>de</strong><br />

pessoas tão importantes da Bahia <strong>de</strong>veria ser feito com cuidado, como um bom conhecedor dos<br />

conflitos <strong>de</strong> jurisdição existentes no Reino, ele mandou os autos para um corpo consultivo<br />

ina<strong>de</strong>quado e que não tinha alçada para com os assuntos da América Portuguesa. 377<br />

O Conselho Ultramarino <strong>mais</strong> uma vez relembra ao Rei que [...] pertence a este Conselho<br />

privativamente todas as matérias da justiça, fazenda e guerra das conquistas e que as ações do<br />

375 i<strong>de</strong>m<br />

376 i<strong>de</strong>m<br />

377 Um estudo <strong>mais</strong> aprofundado sobre os conflitos <strong>de</strong> jurisdição entre o Conselho Ultramarino, o Desembargo do Paço<br />

e Conselho da Fazenda foi feito por CARDIM, Pedro. “ ‘Administração’ e ‘governo’: uma reflexão sobre o vocabulário<br />

do Antigo Regime”. In: Modos <strong>de</strong> Governar: Idéias e práticas no Império Português (séculos XVI-XIX). São Paulo:<br />

Alameda, 2007, p. 45-69.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!