Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
contra o vento e ter parte da frota dispersa pelo Oceano Atlântico.<br />
Ao chegar à Salvador, o Con<strong>de</strong> da Torre tentava reorganizar os planos para enfrentar<br />
Maurício <strong>de</strong> Nassau, além do efetivo militar enfraquecido pelas doenças, ele amargava a ausência<br />
<strong>de</strong> condições necessárias para o sustento dos soldados que chegavam famintos e doentes à cida<strong>de</strong>,<br />
não <strong>de</strong>morou muito para que as autorida<strong>de</strong>s da Bahia reclamassem dos sete mil homens que<br />
<strong>de</strong>sembarcaram em uma Salvador sem estrutura para manter e abrigar tantos milicos, além do receio<br />
<strong>de</strong>stes trazerem a doença adquirida na viagem.<br />
Ainda que Óbidos tenha passado pela América, a pedido do Governador Geral Diogo Luis<br />
<strong>de</strong> Oliveira; em 1639 estava assumindo a função <strong>de</strong> General <strong>de</strong> Artilharia, posto <strong>de</strong> comando e<br />
auxiliar direto do Con<strong>de</strong> da Torre.<br />
O Con<strong>de</strong> da Torre ficou em Salvador por volta <strong>de</strong> <strong>de</strong>z meses e saiu rumo a Recife no dia 21<br />
<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1639, neste intervalo <strong>de</strong> tempo reuniu as condições necessárias para enfrentar o<br />
exército <strong>de</strong> Maurício <strong>de</strong> Nassau que sitiava a Capitania <strong>de</strong> Pernambuco, um mês <strong>de</strong>pois da partida<br />
<strong>de</strong> D. Fernando Mascarenhas da Bahia, o capitão <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> mostrou-se conselheiro<br />
experiente no que dizia respeito às batalhas.<br />
Em um parecer emitido por ele, no dia 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1639, percebemos sua habilida<strong>de</strong><br />
e conhecimentos <strong>de</strong> combate ao expor suas sugestões <strong>de</strong> como abordar o exército batavo. Como<br />
membro da junta auxiliar do Con<strong>de</strong> da Torre, o fidalgo acreditava que antes <strong>de</strong> invadir o Recife era<br />
necessário que as tropas <strong>de</strong> Espanha cercassem todos os acessos para que<br />
[...] se possa impedir ao enemigo os socorros <strong>de</strong> holanda que aly lhe vem, e daly<br />
senhorearmos a campanha e atacaremos as praças que pu<strong>de</strong>r ser para que o enemigo não<br />
tenha fora <strong>de</strong>las nem campanha , nem pelo mar, socorro 50<br />
O fator clima era um <strong>de</strong>talhe que não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser levado em conta, <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> sabia que a natureza po<strong>de</strong>ria ser gran<strong>de</strong> inimiga, por isso ele instruía que [...] <strong>mais</strong><br />
brevemente esperamos que o inverno não <strong>de</strong> lugar as armadas po<strong>de</strong>rem estar sobre o Recife,<br />
<strong>de</strong>vemos aproveitarmos do verão para ganharmos o que <strong>de</strong>spois não será possível. 51 Vemos que o<br />
capitão <strong>Lourenço</strong> enfoca a urgência <strong>de</strong> se aproveitar as condições propícias para garantir a<br />
reconquista <strong>de</strong>finitiva da Capitania <strong>de</strong> Pernambuco, tendo em vista as consecutivas perdas que<br />
aqueles soldados vinham sofrendo por não respeitarem os ditames do clima tropical.<br />
Utilizando o verão como aliado no combate, ele <strong>de</strong>stacava a economia <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong><br />
víveres, <strong>Lourenço</strong> prevenia o Con<strong>de</strong> da Torre:<br />
[...] porque isto he muyto longe <strong>de</strong> Espanha e não nos <strong>de</strong>vemos prometer com tanta<br />
brevida<strong>de</strong> novos socorros, o que isto he o que lhe paresse e que gastar o tempo e<br />
mantimentos no que he quasi nada será impossibilitar todo remédio <strong>de</strong>sta guerra. 52<br />
50 Op. cit. MIRANDA, Susana Münch. SALVADO, João Paulo (orgs.) Cartas do 1.º Con<strong>de</strong> da Torre, 2001. p. 321-322<br />
51 I<strong>de</strong>m<br />
52 i<strong>de</strong>m<br />
27