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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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[...] Quanto a Salvador <strong>Correa</strong> <strong>de</strong> Sá, ligado à Espanha ainda <strong>mais</strong> que o primeiro [o<br />

Marques <strong>de</strong> Montalvão], pois era filho <strong>de</strong> mãe espanhola e casado com mulher espanhola,<br />

teve uma reação à notícia da aclamação <strong>de</strong> D. João IV um tanto inesperada. [...] hesitou e<br />

afinal, consultando a maioria, seguiu o exemplo <strong>de</strong> Montalvão. 65<br />

D. Jorge <strong>de</strong> Mascarenhas, o Marques <strong>de</strong> Montalvão, era um homem influente na política<br />

Ibérica, fora <strong>de</strong>stacado para estas partes do Atlântico ainda no Reinado <strong>de</strong> Filipe IV <strong>de</strong> Espanha,<br />

portanto, antes da Restauração. Recebeu o primeiro título <strong>de</strong> Vice Rei do Brasil concedido pelas<br />

mãos do Rei da Espanha e tinha or<strong>de</strong>ns para comandar a guerra e expulsar <strong>de</strong>finitivamente as tropas<br />

<strong>de</strong> Maurício <strong>de</strong> Nassau instaladas em Pernambuco, veio substituir principalmente para substituir o<br />

Con<strong>de</strong> da Torre. 66<br />

Montalvão inicia o período dos Vice-Reis no Brasil, esta atribuição tão extraordinária fora<br />

resultado <strong>de</strong> um histórico <strong>de</strong> sucesso militar colecionado ao longo da sua trajetória, este nobre<br />

apresentou estreitos laços <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e serviços, tanto com os Habsburgos como com os<br />

Bragança, percebe-se que ele soube tirar proveito do trânsito que tinha nas Cortes <strong>de</strong> Madri e <strong>de</strong><br />

Lisboa para manter-se próximo das dinastias Ibéricas, sempre prestou serviços militares e em cargos<br />

<strong>de</strong> alta patente, fortificando assim os laços <strong>de</strong> relação direta com os Reis, sejam eles quais fossem. 67<br />

Percebemos que tanto os documentos, como os historiadores que se <strong>de</strong>bruçaram sobre o<br />

estudo da a<strong>de</strong>são do Brasil à Restauração Brigantina apontam para a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> do Marquês à D.<br />

João IV, ele seguiu um protocolo interessante: primeiro Montalvão impediu a entrada <strong>de</strong> qualquer<br />

embarcação na Bahia <strong>de</strong> Todos os Santos sem a sua expressa autorização, até que se apurassem os<br />

sentimentos dos moradores da Bahia quanto à nova conjuntura política.<br />

Depois, sabendo que uma guarnição <strong>de</strong> 600 infantes espanhóis estava na Bahia e<br />

precavendo-se do perigo <strong>de</strong> rebelião, or<strong>de</strong>nou que o Terço <strong>de</strong> Infantaria comandado por seu filho,<br />

D. Fernando Mascarenhas, 68 montasse guarda na Praça do Colégio dos Padres da Companhia <strong>de</strong><br />

65<br />

HOLLANDA, Sérgio Buarque <strong>de</strong>. (org.) História da civilização brasileira. Tomo I: A época Colonial, vol. I, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Bertrand, 1997, p. 188-189.<br />

66<br />

D. Fernando Mascarenhas, o Con<strong>de</strong> da Torre, recebeu este título por carta <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1638, outorgada por<br />

Felipe IV, foi “Comendador da Torre, <strong>de</strong> Fonte Arcada e <strong>de</strong> Rosamaninhal, na Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo, Senhor do Morgado da<br />

Gocharia, Governador e Capitão Geral <strong>de</strong> Ceuta e Tanger, Presi<strong>de</strong>nte do Senado da Câmara <strong>de</strong> Lisboa e Reformador<br />

das Fronteiras”, não confundir com o filho do Marquês <strong>de</strong> Montalvão, seu homônimo. Para maiores <strong>de</strong>talhes, ver:<br />

CAMPO BELLO, Henrique Leite Pereira <strong>de</strong> Paiva <strong>de</strong> Faria Távora e Cernache Con<strong>de</strong> <strong>de</strong>. Governadores Gerais e Vice<br />

Reis do Brasil. Edição oficial e comemorativa. Delegação Executiva às Comemorações centenárias <strong>de</strong> Portugal. Porto:<br />

1640, p.63. Ver também as informações <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>scendência na obra genealógica <strong>de</strong> GAYO, Felgueiras. Nobiliário <strong>de</strong><br />

Famílias <strong>de</strong> Portugal. Braga: Oficinas Gráficas Pax, 1941. § 224. n. 24.<br />

67<br />

Sobre o protagonismo do Marquês <strong>de</strong> Montalvão, no Ultramar Portugues ver: GOUVÊA, Maria <strong>de</strong> Fátima Silva.<br />

“Po<strong>de</strong>r político e administração na formação do complexo atlântico português: 1645-1808.” In: FRAGOSO, João Luís<br />

Ribeiro,; BICALHO, Maria Fernanda Baptista.; GOUVÊA, Maria <strong>de</strong> Fátima Silva. (orgs.). O Antigo Regime nos<br />

trópicos: a dinâmica imperial portuguesa, séculos XVI-XVIII. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 285-<br />

316.<br />

68<br />

D. Fernando Mascarenhas era filho <strong>de</strong> D. Jorge Mascarenhas, o Marquês <strong>de</strong> Montalvão, sua mãe chamava-se Dona<br />

Francisca <strong>de</strong> Vilhena. Ele manteve-se fiel, junto com seu pai, ao partido dos Bragança enquanto esteve na Bahia ao<br />

contrário dos seus irmãos e da Marquesa <strong>de</strong> Montalvão, que optaram em continuar leais aos Filipes <strong>de</strong> Espanha,<br />

Segundo Felgueiras Gayo, D. Fernando Mascarenhas, quinto filho do Marquês <strong>de</strong> Montalvão, foi Marechal do Reino<br />

em 1639, Senhor e Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serem, nomeado em 1643 e também Senhor da Vila <strong>de</strong> Albergaria. Ver: GAYO,<br />

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