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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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<strong>de</strong>monstrava preocupação quanto ao aumento das posses <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong> pessoas na Bahia.<br />

Não cabe aqui analisar os <strong>de</strong>talhes da apuração feita pelo visitador do Santo Ofício, nem o<br />

<strong>de</strong>stino dos citados nesta <strong>de</strong>núncia, contudo, note-se, contudo, que todos os homens arrolados neste<br />

processo eram homens da “nasção” com reconhecido patrimônio financeiro, por isso competidores<br />

do disputado comércio do açúcar na Bahia Seiscentista.<br />

Caso a <strong>de</strong>núncia fosse julgada proce<strong>de</strong>nte pelo Inquisidor D. Marcos Teixeira, os<br />

<strong>de</strong>nunciados seriam presos e teriam os seus bens confiscados, os familiares <strong>de</strong>stes seguidores da<br />

Torá também sofriam os constrangimentos e violências típicas <strong>de</strong>ste clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança e<br />

<strong>de</strong>nuncismo que vigorou na Bahia durante todo o século XVII. A vida privada dos cristãos-novos<br />

moradores da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador foi <strong>de</strong>vassada pela passagem do Santo Ofício até o início da<br />

década <strong>de</strong> 1620, muitos dos que residiam na Bahia tiveram seus bens sequestrados, também foi<br />

numeroso o contingente <strong>de</strong> pessoas acusadas <strong>de</strong> sodomia e bruxaria expulsas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador<br />

e embarcadas à força para os cárceres secretos da Inquisição <strong>de</strong> Lisboa para serem julgadas pelo<br />

Santo Ofício. 37<br />

2- <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> e sua <strong>de</strong>senvoltura nas guerras <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Salvador.<br />

Todo este clima <strong>de</strong> perseguição a cristãos-novos erradicados na Bahia apontam uma conexão<br />

direta com as invasões holan<strong>de</strong>sas à Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador, nos anos que seguiram a década <strong>de</strong> 1620.<br />

Muitos proprietários <strong>de</strong> engenhos <strong>de</strong> cana no Brasil eram, secretamente, seguidores do judaísmo e<br />

eles driblavam o aperto fiscal para garantir a estabilida<strong>de</strong> dos seus lucros investindo dinheiro em<br />

bancas da Antuérpia, Flandres e Amsterdã. Estas cida<strong>de</strong>s não só recebiam divi<strong>de</strong>ndos dos cristãos-<br />

novos do Brasil como acolhiam refugiados da opressão antissemita que grassava na Europa<br />

Seiscentista e tornaram-se foco <strong>de</strong> oposição política e militar contra a Espanha, principalmente após<br />

o acordo das Províncias Unidas, assinado em Ultrecht (1579).<br />

Em Amsterdã existia sinagoga, mesquita, além <strong>de</strong> outros templos erguidos pelas<br />

<strong>de</strong>nominações cristãs protestantes, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> culto era respeitada nas cida<strong>de</strong>s neerlan<strong>de</strong>sas que<br />

resistiram à hegemonia Filipina e a força <strong>de</strong>ste exército aumentou quando a Inglaterra e a França<br />

entraram na disputa pelo mercado da América.<br />

Foi com investimento dos senhores <strong>de</strong> engenho e negociantes ju<strong>de</strong>us erradicados no Brasil e<br />

na África, mas também com o auxílio dos mercadores protestantes espalhados pela Europa, que o<br />

exército batavo enfrentou a dinastia católica dos Habsburgos. O Rei espanhol estava <strong>de</strong>cidido em<br />

isolar os cristãos-novos da vida política e tinha total apoio do Sumo Pontífice; por acolher ju<strong>de</strong>us e<br />

37 Sobre a punição aplicada e a metodologia da perseguição e apreensão dos bens dos cristãos-novos <strong>de</strong> Portugal e do<br />

Brasil, conferir o livro <strong>de</strong> PIERONI, Geraldo. Banidos: A Inquisição e a lista <strong>de</strong> Cristãos-novos con<strong>de</strong>nados a viver<br />

no Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand Brasil. 2003.<br />

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