Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
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homens <strong>de</strong> reconhecido <strong>de</strong>staque na Bahia que buscavam atrair noivos para unirem-se com as<br />
donzelas <strong>de</strong> sua família, o dote constituía-se numa oportunida<strong>de</strong> para o consorte se integrar às<br />
Or<strong>de</strong>ns Militares e a união <strong>de</strong> famílias pelo vínculo do matrimônio foi <strong>mais</strong> uma estratégia utilizada<br />
pela elite colonial para ampliar e consolidar o patrimônio dos privilegiados donos <strong>de</strong> escravos e<br />
terras da Bahia Seiscentista. 138<br />
Vemos nestes dois documentos <strong>de</strong> 1657 que <strong>Lourenço</strong> fora nomeado governador da Paraíba<br />
e renunciou 139 , ele esperava que a realeza o provesse em um posto <strong>de</strong> Capitão <strong>de</strong> [...] Angolla,<br />
Pernambuco ou ao menos do Rio <strong>de</strong> Janeiro 140 .<br />
Por preten<strong>de</strong>r ser melhorado no posto <strong>de</strong> Provedor Mor da Fazenda do Brasil, [...] que está<br />
em menos predicamentos, dos que já servio, e renunciou 141 , <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> admitia sua<br />
disponibilida<strong>de</strong> em assumir postos <strong>mais</strong> importantes, assegurando a Rainha que [...] não<br />
<strong>de</strong>smerecerá por hir servir a hua praça tão apetecida dos inimigos <strong>de</strong> Europa 142<br />
O Conselho Ultramarino julgou proce<strong>de</strong>nte a nomeação <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> como Capitão<br />
Mor do Rio <strong>de</strong> Janeiro e ainda ressaltava que o prazo temporário <strong>de</strong>ste governo aliviaria a fazenda<br />
real [...] das ajudas <strong>de</strong> custo e <strong>de</strong> outras mercês que costumão pedir os que vão providos <strong>de</strong>ste<br />
Reino. 143<br />
A trajetória política <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> comprova que também fidalgos da Colônia<br />
eram punidos com viagem compulsória na forma <strong>de</strong> emprazamento ou prisão e envio para o Reino<br />
por motivos que envolviam conduta política e probida<strong>de</strong> administrativa no exercício <strong>de</strong> seus cargos.<br />
As viagens <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> estavam associadas a motivos políticos: a primeira vez foi para<br />
cumprir uma sentença expressa <strong>de</strong> emprazamento, saindo da Bahia para Lisboa, a segunda vez foi<br />
como <strong>de</strong>gredado no Reino e sentença para cumpri-la no Brasil. Tantas viagens não foram suficientes<br />
para <strong>de</strong>struir a sua imagem pública, nem diminuir a sua influência política no espaço colonial apesar<br />
<strong>de</strong> tantos anos afastado da Bahia.<br />
Ao contrário, a ascensão da Rainha Regente lhe foi proveitosa e foi neste período que<br />
<strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> conseguiu melhorias e progressões em seus rendimentos, lembrando as<br />
prerrogativas conquistadas nas guerras pregressas e qualida<strong>de</strong>s da sua ascendência fidalga.<br />
138 Fernanda Olival é uma estudiosa das Or<strong>de</strong>ns militares e religiosas existentes em Portugal durante o Antigo Regime,<br />
sua obra basilar nos instrumentaliza para a compreensão <strong>de</strong> como a economia <strong>de</strong> mercê também manipulava a<br />
concessão <strong>de</strong> hábitos nestas or<strong>de</strong>ns e as múltiplas estratégias utilizadas para a participação em tais confrarias. Salientese<br />
que <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> era cavaleiro professo da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo e nesta ocasião pedia hábitos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns<br />
militares menos importantes como dote <strong>de</strong> casamento, ver: OLIVAL, Fernanda. As or<strong>de</strong>ns militares e o Estado<br />
Mo<strong>de</strong>rno: Honra, Mercê e Venalida<strong>de</strong> em Portugal (1641-1789). Lisboa, Estar, 2001.<br />
139 A solicitação do Alvará <strong>de</strong> nomeação para Governador da Paraíba, com a remuneração do cargo que levou <strong>Lourenço</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> encontra-se em AHU, LF, PB, Cx.1, Doc. 27. Posterior a 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1641.<br />
140 Op. Cit. AHU, LF, BA, Cx.14, Doc. 1680, 09 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1657.<br />
141 i<strong>de</strong>m<br />
142 i<strong>de</strong>m<br />
143 i<strong>de</strong>m<br />
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