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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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quase o matou. 247<br />

A fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrada por Óbidos se fez notável nos anos que seguiram a década <strong>de</strong><br />

1660, a maiorida<strong>de</strong> do her<strong>de</strong>iro do trono já era evi<strong>de</strong>nte, ainda que a Rainha Regente <strong>de</strong>monstrasse<br />

profundo receio em dar a coroa <strong>de</strong> Portugal a uma figura controversa. Não queremos aqui<br />

aprofundar os motivos que levaram a D. Luísa <strong>de</strong> Gusmão <strong>de</strong>gredar Antonio <strong>de</strong> Conti Vintimiglia e<br />

outras estratégias que lançou mão para tentar manter o infante D. Afonso sob controle.<br />

Com esta medida, a Rainha extirpava <strong>de</strong> Portugal o in<strong>de</strong>sejado mentor intelectual e<br />

companheiro <strong>de</strong> boemias do Infante, que certamente seria seu favorito quando assumisse o trono.<br />

Antonio <strong>de</strong> Conti foi <strong>de</strong>gredado do Reino, mas o direito <strong>de</strong> governar Portugal ainda era garantido ao<br />

filho legítimo do Rei, segundo na ca<strong>de</strong>ia sucessória e com ida<strong>de</strong> suficiente para dirigir o Reino<br />

restaurado por seu pai. 248<br />

A partir do <strong>de</strong>gredo <strong>de</strong> Antonio <strong>de</strong> Conti, os nobres <strong>mais</strong> próximos a D. Afonso perceberam<br />

o perigo que a metodologia <strong>de</strong> silenciamento <strong>de</strong> opositores utilizada pela Rainha po<strong>de</strong>ria causar a<br />

outros fidalgos partidários da entronização do Príncipe. Saliente-se que a aposta em legitimar a<br />

maiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D. Afonso e suas condições <strong>de</strong> assumir o reino <strong>de</strong> Portugal era fruto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scontentamentos anteriores, alguns nobres <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> influência política no Reino <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época<br />

da Restauração estranhavam certas medidas da Rainha Regente:<br />

[...] conjurou-se com o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Authoguia e com Sebastião Cesar, contra a rainha à<br />

saú<strong>de</strong> d´el-rei: ambos estes eram queixosos, o primeiro por lhe tirar a mesma rainha o<br />

governo das armas do Alentejo e o segundo pela longa prisão em que esteve por traidor<br />

infame.<br />

O lí<strong>de</strong>r da dita conjuração era D. Luiz <strong>de</strong> Vasconcelos e Sousa, portador do título <strong>de</strong> terceiro<br />

Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Castelo Melhor e articulador da entronização do Infante. Os movimentos <strong>de</strong> imposição da<br />

maiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D. Afonso VI, em 1662, foi chamado <strong>de</strong> Golpe <strong>de</strong> Alcântara pela historiografia <strong>de</strong><br />

Portugal e po<strong>de</strong>m ser sistematizados em duas fases: a primeira é a viagem que D. Afonso fez em<br />

companhia do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Autoguia e do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Castelo Melhor, até a Quinta <strong>de</strong> Alcântara,<br />

proprieda<strong>de</strong> da Coroa distante <strong>de</strong> Lisboa alguns quilômetros. Afastar o futuro Rei da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Lisboa e instalá-lo em uma proprieda<strong>de</strong> da Coroa distante <strong>de</strong> Lisboa era uma tentativa <strong>de</strong> isolar<br />

politicamente a Rainha e reforçar a maiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D. Afonso, legítimo Rei <strong>de</strong> Portugal.<br />

O Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Autoguia usou da sua influência para convencer os outros nobres da Corte<br />

247 [...] D’ estes excessos resultou que apeando-se El-rei por cima do Convento do Rato, já noite, or<strong>de</strong>nou o monteiro<br />

mor e ao Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos, que fossem esperar à Cotovia; e indo só com João <strong>de</strong> Conti, já perto do coche que o vinha<br />

buscar, investiu com três homens que vinham com outro <strong>de</strong> nação francesa, chamado David Go<strong>de</strong>froi: fugiu João <strong>de</strong><br />

Conti, e El-rei caiu em um valado, on<strong>de</strong> no chão lhe <strong>de</strong>ram uma estocada: gritou que era El-rei; fugiram os homens e<br />

levaram a espada que era d’el-rei; acudiu o monteiro mor e o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos, recolhendo-se El-rei ao Paço, e<br />

chamados os cirurgiões, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> curado, se <strong>de</strong>u conta a Rainha que com gran<strong>de</strong> sobressalto veio ver El-rei ao seu<br />

quarto.op. cit. BRANCO, Camillo Castello. Vida d´El-Rey D. Affonso VI escripta no anno <strong>de</strong> 1684. Porto/Braga:<br />

Livraria Internacional, 1684. P.30<br />

248 Op. Cit. MENEZES, D. Luiz <strong>de</strong> (Con<strong>de</strong> da Ericeria). História <strong>de</strong> Portugal Restaurado. Parte II, Livro VII, p. 3<br />

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