Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...
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efletiu diretamente no seu patrimônio <strong>de</strong> fidalgo.<br />
A sua trajetória política é exemplo <strong>de</strong> como um funcionário da administração da colônia<br />
po<strong>de</strong>ria, por seu comportamento, cair em <strong>de</strong>sgraça, caso estivesse afastado das mercês régias, seja<br />
pela morte do soberano e surgimento <strong>de</strong> uma nova conjuntura política, seja por problemas locais<br />
que eventualmente questionasse o merecimento <strong>de</strong> alguns serventuários.<br />
Apesar <strong>de</strong> ter sido protagonista nas guerras <strong>de</strong> reconquista da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador nas<br />
décadas <strong>de</strong> 1620 e 1630, a participação <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> na <strong>de</strong>posição do Marquês <strong>de</strong> Montalvão, aliado<br />
tanto dos Habsburgos quanto dos Bragança, foi o estopim que <strong>de</strong>flagrou uma <strong>de</strong>vassa em sua vida e<br />
<strong>de</strong>clínio dos seus privilégios a partir <strong>de</strong> 1642.<br />
O leilão dos seus bens e escravos em pagamento <strong>de</strong> um suposto <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> dinheiro, que<br />
nunca se provou, seu embarque compulsório para o Reino e os anos que ficou preso na ca<strong>de</strong>ia do<br />
Limoeiro evi<strong>de</strong>ncia como <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> – her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> uma tradicional família <strong>de</strong><br />
Salvador, portador do Hábito da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo, ex- Capitão do Terço dos Aventureiros e<br />
Provedor-mor da Fazenda Real do Brasil – não foi poupado das duras punições e consequências<br />
danosas no seu patrimônio.<br />
Enquanto esteve preso no Reino, <strong>Lourenço</strong> permanecia afastado da graça visto que os<br />
consecutivos pedidos <strong>de</strong> perdão régio eram inúteis, a ausência da mercê provocou assim a <strong>de</strong>sgraça<br />
dos bens <strong>de</strong>ste bisneto do Caramuru. 128<br />
Porém, apesar <strong>de</strong> quebrado em suas finanças e <strong>de</strong>sembarcado na Bahia sob a condição <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>gredado da Inquisição, a graça régia <strong>mais</strong> uma vez cruzou o Atlântico e tocou <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong><br />
<strong>Correa</strong>. A guinada que <strong>de</strong>u em sua vida, na década <strong>de</strong> 1650, foi fruto dos consecutivos favores que<br />
só foram possíveis por causa da nova conjuntura política que se <strong>de</strong>lineava na Corte <strong>de</strong> Lisboa, após<br />
as exéquias do Rei D. João IV e a assunção da Rainha Regente, D. Luísa <strong>de</strong> Gusmão ao Trono <strong>de</strong><br />
Portugal.<br />
6- As graças da Rainha Regente<br />
Apesar <strong>de</strong> D. Luísa <strong>de</strong> Gusmão ser espanhola, ela tinha parentesco com os Reis portugueses,<br />
esta mulher foi essencial para o sucesso da Restauração Brigantina e a consequente coroação do seu<br />
marido, o Rei D. João IV. D. Luísa lhe <strong>de</strong>u três filhos varões, o <strong>mais</strong> velho e her<strong>de</strong>iro legítimo, D.<br />
Teodósio, morreu muito novo, seus irmãos, D. Afonso e D. Pedro, ainda não tinham ida<strong>de</strong> suficiente<br />
para assumir a Coroa <strong>de</strong> Portugal, por isso coube a esta mulher a Regência <strong>de</strong> Portugal no período<br />
<strong>de</strong> 1656 a 1661.<br />
A Rainha Mãe também seguiu a esteira do seu antecessor e conce<strong>de</strong>u mercês régias a muitos<br />
128 AHU, LF, Cx11, Doc 1355, Lisboa, 19 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1649.<br />
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