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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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São Paulo, Guaí, Jaguaripe, Jacuípe, Paramirim e Batatã.<br />

As fontes nos informam que no século XVII, a população situada nesta região não se<br />

resumia apenas a proprietários <strong>de</strong> minifúndios, ou grupos <strong>de</strong> famílias latifundiárias, servidas pela<br />

massa escrava dócil. Se a lavoura da cana-<strong>de</strong>-açúcar atraia engenhos e escravos suficientes para<br />

manter a produção, era fora dos domínios da Casa Gran<strong>de</strong> e da Senzala, nas matas ainda intocadas<br />

que circundavam as freguesias do Recôncavo e nos caminhos que lhes dava acesso que se<br />

encontrava um gran<strong>de</strong> contingente <strong>de</strong> africanos, fugitivos do chicote e da opressão do sistema<br />

escravista.<br />

Estavam eles reunidos em quilombos e mocambos e <strong>de</strong>ram muito trabalho às autorida<strong>de</strong>s<br />

régias e aos proprietários <strong>de</strong> terra da Bahia durante todo o século XVII. A sobrevivência e utilização<br />

dos recursos naturais <strong>de</strong> uma parte do Recôncavo ainda não ocupada por portugueses tornou-se<br />

refúgio para escravos fugitivos, eles se adaptaram ao clima, à geografia e à vegetação do recôncavo,<br />

muito semelhante ao das florestas tropicais do Golfo da Guiné, da qual veio gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stes<br />

homens e mulheres. 148<br />

Também indígenas resistentes e aguerridos compunham outra parte do contingente <strong>de</strong><br />

pessoas que se encontravam à margem do projeto <strong>de</strong> conquista e colonização e que ameaçavam a<br />

produção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar no recôncavo da Bahia. Paiaiás e kiriris são largamente mencionados<br />

pelos fazen<strong>de</strong>iros por queimarem engenhos e plantações inteiras, roubar criações, matar o gado,<br />

<strong>de</strong>glutir os viajantes, <strong>de</strong>ntre outros inconvenientes enfrentados pelas autorida<strong>de</strong>s da Câmara <strong>de</strong><br />

Salvador. 149<br />

Para concluir este breve <strong>de</strong>senho da população in<strong>de</strong>sejada que habitava as terras do<br />

recôncavo baiano no século XVII, temos que mencionar outras pessoas que estavam longe dos<br />

centros urbanos e davam trabalho às autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Salvador.<br />

De acordo com os documentos, <strong>de</strong>linquentes fugidos do litoral continuavam seus <strong>de</strong>litos no<br />

interior, armavam emboscadas e roubavam mantimentos, armas e outros gêneros que eram<br />

transportados por terra, traziam insegurança aos viajantes e mercadores que passavam pelas<br />

margens do rio Paraguaçu.<br />

148 Em 1699, o coronel Antônio da Sylva Pimentel, <strong>de</strong>stacado na freguesia <strong>de</strong> Santo Amaro <strong>de</strong> Pitanga pedia mercê pelos<br />

serviços que prestou à Coroa, por or<strong>de</strong>m do po<strong>de</strong>roso senhor da casa da Torre, Francisco Dias <strong>de</strong> Ávila. Sua tarefa, bem<br />

sucedida, foi percorrer 140 léguas durante <strong>mais</strong> <strong>de</strong> um ano e meio, acompanhado por [...] tres mulatos e quatro negros<br />

vasculhando os sertões da Bahia a procura <strong>de</strong> [...] gegês rebelados e outros índios que nestas paragens fizeram um<br />

“Arrayal”. Destaca-se a peleja que teve no sítio do “Pajahu”, assinalando a morte <strong>de</strong> muitos seres humanos [...] por se<br />

não quererem reduzir a paz, <strong>de</strong> bônus o coronel trouxe com ele 424 pessoas, <strong>de</strong>ntre homens e mulheres. Ver: AHU, LF,<br />

BA, Cx. 33, Doc. 4224, 22/07/1699<br />

149 Os oficiais da câmara da Bahia também apresentavam graves queixas à realeza sobre os ataques do gentio nas<br />

povoações <strong>de</strong> “Maragogipe, Cachoeira, Jaguaripe, Boipeba, Camamu e Cairú”, os oficias pediam exaustivamente ajuda<br />

à Corte para cobrir as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacamentos que garantissem a segurança nestes locais. A urgência do<br />

socorro a estas localida<strong>de</strong>s se fazia tão notória, que o procurador do Estado do Brasil pedia, em 1669, que o Rei <strong>de</strong>sse<br />

or<strong>de</strong>ns expressas ao Governador Geral para continuar a guerra ao gentio bravo que ainda disputavam os domínios do<br />

sertão baiano com os colonizadores. Ver: AHU, LF, Cx. 20, Doc. 2332-2333. 16/11/1669.<br />

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