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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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que ateste esta conjura, ainda que perceba a participação fundamental da Companhia <strong>de</strong> Jesus neste<br />

episódio. 81<br />

4 - Depois do governo, o emprazamento<br />

A Junta Governativa composta por Bispo, Barbalho e <strong>Brito</strong> administrou o Estado do Brasil<br />

do dia 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1641 até 26 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1642. É válido salientar que os novos mandatários<br />

assinavam suas cartas como [...] Governadores <strong>de</strong>ste Estado do Brazil com po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> VizoRey e<br />

capitão geral. 82 Não nos cabe aqui avaliar os pormenores da gestão <strong>de</strong>ste triunvirato, importa dizer<br />

que, <strong>de</strong> acordo com Robert Southey, os três governadores promoveram o diálogo com os<br />

holan<strong>de</strong>ses instalados em Pernambuco, o fim da hegemonia Espanhola na Península Ibérica<br />

possibilitou uma nova relação <strong>de</strong> Portugal com os Países Baixos e a Junta Governativa tratou <strong>de</strong><br />

estabelecer esta comunicação:<br />

[...] os três governadores, que <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>posição do viso-rei havião sido investidos do<br />

po<strong>de</strong>r na Bahia, mandarão ao Recife Pedro <strong>Correa</strong> da Gama e o Jesuíta Vilhena, a<br />

combinar o modo <strong>de</strong> estabelecer relações pacíficas entre as duas partes, até que pelos<br />

respectivos governos se arranjassem as couzas <strong>de</strong>finitivamente na Europa, 83<br />

A Junta <strong>de</strong> Governo comandou o Brasil durante 16 meses e 10 dias, foi Antonio Telles da<br />

Silva (1642-1647) quem substituiu os três governadores e também ficou ao seu cargo a apuração<br />

dos acontecimentos que resultaram na <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> D. Jorge Mascarenhas, o Marquês <strong>de</strong><br />

Montalvão. 84 Saliente-se que a prisão e envio <strong>de</strong> Luiz Barbalho Bezerra e <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong><br />

para Portugal não está associado à <strong>de</strong>posição do Marquês <strong>de</strong> Montalvão e sim aos motivos que a<br />

<strong>de</strong>vassa acima mencionada revela. Mais uma vez, o historiador Pablo Magalhães auxilia a<br />

compreensão, sua pesquisa aponta que o motivo principal para justificar a viagem <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> para<br />

Portugal foi a acusação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaminho na folha <strong>de</strong> pagamento do Estado do Brasil, efetuado pelos<br />

governadores substitutos:<br />

Os três governadores acharam por bem que cada um <strong>de</strong>veria retirar o vencimento que<br />

competia anualmente ao cargo <strong>de</strong> Governador Geral, ou seja, 1:500 cruzados. Ao invés <strong>de</strong><br />

dividir o valor por três, cada um retirou integralmente o montante total, somando 4:500<br />

cruzados. O total retirado pelos governadores causou um <strong>de</strong>ficit <strong>de</strong> 9:000 cruzados na<br />

Fazenda Real, ou seja, 1/3 do total da folha anual para a Bahia. 85<br />

81 MAGALHÃES, Pablo Antonio Iglesias. “Equus Rusus” A Igreja Católica e as Guerras Neerlan<strong>de</strong>sas na Bahia<br />

(1624-1654). Tese <strong>de</strong> Doutorado. UFBA. 2010. p. 206-210. Neste trabalho encontramos <strong>de</strong>talhes das ações que a Junta<br />

Governativa perpetrou para estabelecer as primeiras relações com os neerlan<strong>de</strong>ses <strong>de</strong> Pernambuco, já iniciada por<br />

Montalvão e Nassau <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros meses <strong>de</strong> 1641.<br />

82 AHU, LF, Cx8, Doc. 941, 05/11/1641: Provisão dos governadores do Brasil (três) dando ao Capitão Duarte <strong>Correa</strong><br />

Vasqueanes o Governo do Rio <strong>de</strong> Janeiro, em substituição <strong>de</strong> Salvador <strong>Correa</strong> <strong>de</strong> Sá.<br />

83 SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Tomo III, Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livraria Garnier, 1862, p. 6.<br />

84 Afonso Ruy constatou “posturas tiranas” durante a gestão do Bispo, Barbalho e <strong>Brito</strong>, [...] anular resoluções, <strong>de</strong>rrogar<br />

posturas e cancelar imposições fiscais que importavam em reduzir a renda pública, eram práticas <strong>de</strong>ste triunvirato e<br />

consi<strong>de</strong>radas tiranas pelo historiador. Ver: RUY, Affonso. História política e administrativa da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador.<br />

Salvador: Tipografia Beneditina, 1949. p.120.<br />

85 Op. cit. MAGALHÃES, Pablo Antonio Iglesias. “Equus Rusus” A Igreja Católica e as Guerras Neerlan<strong>de</strong>sas na<br />

Bahia (1624-1654). 2010. p.208.<br />

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