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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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pleiteantes do Brasil, é importante salientar que a concessão da graça <strong>de</strong>monstrava a importância<br />

política que a realeza tinha nos processo <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> social advindos <strong>de</strong>sta prerrogativa, por isto,<br />

a graça era uma fonte inesgotável <strong>de</strong> benefícios régios, mas também um paradigma <strong>de</strong> legitimação<br />

social <strong>de</strong>stes benefícios, pois tinha a outorga inconteste da realeza e servia para propagan<strong>de</strong>ar<br />

positivamente a benevolência do monarca.<br />

A Regente conce<strong>de</strong>u uma mercê provi<strong>de</strong>ncial a <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>, <strong>de</strong>u-lhe a<br />

restituição do seu posto <strong>de</strong> Provedor Mor da Fazenda Real, cargo que ele não servia durante muito<br />

tempo, contudo, no Brasil era urgente a assistência <strong>de</strong> funcionários com experiência suficiente para<br />

dar suporte ao Governador Geral Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes (1657-1663). Pelas suas qualida<strong>de</strong>s<br />

e merecimentos, mas também por uma antiga amiza<strong>de</strong> com o dito Governador, o veterano <strong>de</strong> guerra<br />

<strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> é aventado pelas autorida<strong>de</strong>s do Brasil e da Corte como opção viável para<br />

cargos <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong> na administração colonial, vejamos a seguir.<br />

Em 16 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1657, o então Governador da Capitania do Rio <strong>de</strong> Janeiro, D. Luis <strong>de</strong><br />

Almeida (1652-1657), pedia substituto para seu posto, pois já o exercia a cinco anos, dois a <strong>mais</strong><br />

que o previsto. O fidalgo reclamava que já estava [...] recebendo gran<strong>de</strong> prejuízo, mayormente não<br />

havendo occasião preciza que necessite <strong>de</strong> sua assitencia. 129 O Governador do Rio, ansioso para ter<br />

sucessor e voltar ao Reino, aventou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomear Thomé <strong>Correa</strong> <strong>de</strong> Alvarenga 130 ,<br />

fidalgo da Casa Real que durante nove anos servia no cargo <strong>de</strong> Alcai<strong>de</strong> Mor daquela cida<strong>de</strong>, como<br />

Capitão Mor do Rio <strong>de</strong> Janeiro, era ele um homem [...] respeitável e tão bemquisto que a <strong>mais</strong> <strong>de</strong><br />

sete [anos] que serve o Procurador da Misericórdia. 131<br />

De acordo com este documento, percebemos que, apesar <strong>de</strong> todas as qualida<strong>de</strong>s que<br />

concorriam para que o Alcai<strong>de</strong> Mor do Rio <strong>de</strong> Janeiro assumisse interinamente a Capitania, a<br />

<strong>de</strong>cisão tomada pela Rainha Regente para substituir temporariamente o ex-governador foi outra, D.<br />

Luíza <strong>de</strong> Gusmão preferiu dar o provimento <strong>de</strong> Capitão Mor a <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong>, experiente<br />

funcionário da administração colonial que durante anos vinha prestando serviços à dinastia<br />

Brigantina.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>gredado em 1649 do Reino para a Bahia, por causa das acusações que<br />

levou em Portugal, <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> parece ter sido perdoado e estava livre dos olhos da<br />

Inquisição; em 1657 percebemos que o fidalgo era encarado como uma pessoa da Bahia que<br />

resguardava em seu histórico <strong>de</strong> serviços prestados algumas qualida<strong>de</strong>s que superavam a anterior<br />

condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>gredado, uma nódoa difícil <strong>de</strong> ser apagada quando se analisava o histórico <strong>de</strong><br />

129 AHU, LF, RJ. Cx. 5, Doc. 741-742, 16 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1657.<br />

130 Tomé <strong>Correa</strong> <strong>de</strong> Alvarenga foi Governador da Capitania do Rio <strong>de</strong> Janeiro por duas vezes, primeiro assumiu<br />

interinamente o Governo da Capitania no dia 12 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1657, até que Salvador <strong>Correa</strong> <strong>de</strong> Sá e Benavi<strong>de</strong>s chagasse,<br />

em outubro <strong>de</strong> 1659. Foi Governador do Rio <strong>de</strong> Janeiro pela segunda vez, também interinamente, no ano 1660.<br />

131 i<strong>de</strong>m<br />

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