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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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algumas reformas que julgavam necessárias. 79<br />

Devassaram os documentos pessoais do primeiro Vice Rei em busca <strong>de</strong> possíveis<br />

aproximações com Espanha, em contrapartida, Montalvão tratava <strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r das acusações<br />

contra ele levantadas e, para não ser preso, tentou se refugiar no Colégio dos Jesuítas. Malgrado, o<br />

Colégio não era território neutro, nem garantia imunida<strong>de</strong> para este nobre, especialmente naquele<br />

contexto político em que um jesuíta sacramentara sua <strong>de</strong>poisição. A Junta mandou pren<strong>de</strong>r D. Jorge<br />

<strong>de</strong> Mascarenhas e <strong>mais</strong> dois militares <strong>de</strong> renome, apenas por serem seus amigos, eram eles o Mestre<br />

<strong>de</strong> Campo Joane Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vasconcelos e o Sargento Mor Diogo Gomes <strong>de</strong> Figueiredo.<br />

Pren<strong>de</strong>r e soltar pessoas nesta época eram estratégias amplamente utilizadas para garantir a<br />

governabilida<strong>de</strong>, como veremos na ocasião do Vice Reinado do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos. Por enquanto,<br />

cabe dizer que em 1641 o primeiro ato da Junta Governativa composta por Bispo, Barbalho e <strong>Brito</strong><br />

foi libertar da prisão duas pessoas importantes da socieda<strong>de</strong> baiana e ligadas ao novo triunvirato,<br />

elas haviam sido presas pelo anterior vice-rei por acusação <strong>de</strong> um assassinato à luz do dia.<br />

As provas que a Junta Governativa tinha para po<strong>de</strong>r justificar a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> Montalvão<br />

foram as cartas escritas pelos filhos <strong>de</strong> D. Jorge Mascarenhas, interceptadas por <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong><br />

<strong>Correa</strong> em uma embarcação <strong>de</strong> Sevilha que aportou na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, o conteúdo da<br />

epístola estimulava a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> D. Jorge Mascarenhas ao governo <strong>de</strong> Espanha, também foi<br />

apreendida uma carta pessoal do Rei Felipe IV orientando que D. Jorge Mascarenhas conservasse a<br />

Colônia em obediência à Castela. 80<br />

<strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> e os <strong>de</strong><strong>mais</strong> integrantes da Junta Governativa estavam cientes da<br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> do vice-rei do Brasil à D. João IV, mesmo assim, assumiram o governo e seguiram as<br />

or<strong>de</strong>ns régias trazidas pelo Jesuíta Francisco <strong>de</strong> Vilhena em 1641. Os motivos que levaram o jesuíta<br />

a fazer tal manobra política e a consequente <strong>de</strong>posição do Marquês <strong>de</strong> Montalvão foram estudados<br />

com <strong>de</strong>talhes pelo historiador Pablo Magalhães. De acordo com sua pesquisa, a historiografia do<br />

século XIX apresentou uma versão equivocada acerca da <strong>de</strong>posição do primeiro Vice Rei do Brasil,<br />

ligando-a a uma possível conspiração jesuítica li<strong>de</strong>rada pelo Bispo da Bahia, D. Pedro da Silva<br />

Sampaio, contudo, o historiador afirma que não conseguiu encontrar documentação comprobatória<br />

79 Luiz Henrique Dias Tavares constatou que os motivos que levaram Vilhena a operar a <strong>de</strong>posição do Marques <strong>de</strong><br />

Montalvão continuam sem explicação convincente: op. Cit. TAVARES, Luis Henrique Dias. História da Bahia, 2001,<br />

p.146. Fernando Bouza Alvares compreen<strong>de</strong>u que tanto a esposa <strong>de</strong> Montalvão quanto dois filhos seus permaneceram<br />

fiéis à Castela. Jerônimo Mascarenhas, por exemplo, tornou-se um dos principais expoentes do grupo <strong>de</strong> fidalgos<br />

portugueses que então permaneceu na Espanha. Tornou-se Bispo <strong>de</strong> Segóvia e faleceu em 1672. Quanto a D. Pedro<br />

Mascarenhas, passou para o Reino <strong>de</strong> Castela assumindo o título <strong>de</strong> 2º Marques <strong>de</strong> Montalvão. Ver: ÁLVAREZ,<br />

Fernando Bouza. Portugal no tempo dos Filipes. Lisboa: Cosmos, 2000, capítulo X.<br />

80 Op. cit LENK, Wolfgang. Guerra e pacto colonial: exército, fiscalida<strong>de</strong> e administração da Bahia (1624-1654).<br />

2009, p 156.<br />

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