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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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Jesus e que os soldados do Mestre <strong>de</strong> Campo Joanes Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vasconcelos, seu amigo pessoal,<br />

estivessem atentos a qualquer or<strong>de</strong>m.<br />

O Con<strong>de</strong> da Ericeira informou que D. Jorge Mascarenhas utilizou esta cautelosa<br />

metodologia para sondar os ânimos dos principais da Bahia e encontrando neles confiança, reuniu a<br />

todos e mandou que cada um referisse em público sua a<strong>de</strong>são ao novo Rei <strong>de</strong> Portugal, <strong>de</strong>sta forma,<br />

percebemos o valor das <strong>de</strong>clarações públicas na socieda<strong>de</strong> colonial: ao afirmar a a<strong>de</strong>são ao novo<br />

Rei <strong>de</strong> Portugal, os fidalgos <strong>de</strong> grosso patrimônio e influência política da Bahia <strong>de</strong>claravam estar<br />

dispostos a servir com obediência ao novo comando político do Reino. O cronista ressaltou que a<br />

guarnição castelhana que estava em Salvador foi <strong>de</strong>sarmada sem violência e a cida<strong>de</strong> continuou em<br />

festa durante muitos dias comemorando o fim da hegemonia Espanhola. 69<br />

Para avalizar a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> do Estado do Brasil à nova Coroa, o Marquês <strong>de</strong> Montalvão e<br />

primeiro Vice Rei do Brasil enviou o seu filho D. Fernando Mascarenhas, juntamente com o Padre<br />

Antônio Vieira para Lisboa; eles levavam cartas informando sobre a aclamação <strong>de</strong> D. João IV na<br />

América, o escrito atestava a lealda<strong>de</strong> do patriarca da família Montalvão à dinastia restaurada e<br />

dirimia quaisquer dúvidas quanto à a<strong>de</strong>são do Brasil ao partido do oitavo Duque <strong>de</strong> Bragança.<br />

Contudo, nem o Marquês <strong>de</strong> Montalvão, nem seu filho, pareciam suspeitar que, do outro lado do<br />

Oceano, o vigor da harmonia entre sua família e a Casa Real entronada estivesse ameaçada. Alguns<br />

filhos <strong>de</strong> Montalvão estavam <strong>de</strong>sgostosos com a mudança política e haviam <strong>de</strong>bandado para o lado<br />

espanhol. 70<br />

No Porto <strong>de</strong> Peniche, a notícia <strong>de</strong> que D. Pedro Mascarenhas e D. Jerônimo Mascarenhas –<br />

filhos do Marquês <strong>de</strong> Montalvão que residiam em Portugal – haviam fugido para Madri, já corria a<br />

cida<strong>de</strong> e o povo esperava furioso a chegada <strong>de</strong> <strong>mais</strong> um suposto traidor, quando a caravela aportou,<br />

D. Fernando Mascarenhas <strong>de</strong>u-se conta do perigo que corria. A turba enfurecida queria eliminá-lo e<br />

o excesso foi tanto que se o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Autoguia não acudisse o fidalgo, escon<strong>de</strong>ndo-o em sua<br />

morada, o recém-chegado do Brasil certamente teria morrido pois conseguiu se livrar da população<br />

revoltada, ainda que xingado e ferido por uma cutilada na cabeça. 71<br />

Aqui cabe um breve parêntese para assinalar a participação do Padre Antônio Vieira nesta<br />

ocasião, Pedro Calmon relembrou que o jovem jesuíta havia adquirido a afeição do Marquês <strong>de</strong><br />

Montalvão, a sua eloquência e aproximação com o vice-rei foi um dos elementos fundamentais para<br />

que ele fosse em comitiva atestar perante o Rei a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> do comandante do Brasil, ressalte-se<br />

que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta viagem o Padre Antônio Vieira passou algum tempo em Portugal e paulatinamente<br />

ingressou na vida da Corte Brigantina e nos meandros do po<strong>de</strong>r, tornou-se confessor <strong>de</strong> D, João IV<br />

Felgueiras. Nobiliário <strong>de</strong> Famílias <strong>de</strong> Portugal. Braga: Oficinas Gráficas Pax, 1941. § 295. n. 24.<br />

69 Op. Cit. MENEZES, D. Luiz <strong>de</strong> (Con<strong>de</strong> da Ericeria). História <strong>de</strong> Portugal Restaurado, p. 57<br />

70 I<strong>de</strong>m, parte I, livro III, p.134-136<br />

71 I<strong>de</strong>m pg. 66.<br />

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