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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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No dia 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1642, o processo contra <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> estava<br />

instalado, temos acesso às [...] perguntas que se <strong>de</strong>vem fazer na <strong>de</strong>vassa contra <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong><br />

<strong>Correa</strong> e Luis Barbalho Bezerra 86 e o resultado <strong>de</strong>sta investigação foi o emprazamento 87 dos ex-<br />

governadores.<br />

Se o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> Luiz Barbalho Bezerra foi o perdão, o caminho <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong><br />

foi a ca<strong>de</strong>ia: conhecemos a consulta que o Conselho Ultramarino fez em relação a <strong>Lourenço</strong> e seu<br />

pedido <strong>de</strong> perdão régio, sete anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido preso e embarcado para respon<strong>de</strong>r inquérito<br />

administrativo em Lisboa. Em 19 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1649, após consecutivos pedidos <strong>de</strong> vistas ao Rei<br />

sobre o seu caso, o Conselho lançou um parecer fazendo um breve histórico da vida do suplicante e<br />

sua especial condição <strong>de</strong> fidalgo:<br />

[...] foy hu dos governadores do Estado do Brazil; em qual alega, que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter servido<br />

a Vossa Magesta<strong>de</strong> anno e meio lhe mandou Vossa Magesta<strong>de</strong> levantar omenagem, e que<br />

viesse logo emprazado a este Reino, don<strong>de</strong> foy preso e o esteve seis anos por esta causa. 88<br />

Os motivos que comprovaram a inocência <strong>de</strong> <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> foram encontrados<br />

nos documentos apreendidos pela Junta Governativa, após a <strong>de</strong>posição do Vice Rei do Brasil. Tais<br />

epístolas foram interceptadas pelo próprio <strong>Lourenço</strong> em uma [...] fragatta que El Rey <strong>de</strong> Castella<br />

mandou com cartas ao Marques <strong>de</strong> Montalvão, que elle ren<strong>de</strong>o 89 . Oportunamente, veremos que a<br />

astúcia <strong>de</strong> averiguar o conteúdo das cartas que levava o já mencionado navio <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira espanhola<br />

apreendido na Bahia <strong>de</strong> Todos os Santos foi utilizada como argumento para obter benefícios<br />

financeiros no final da sua estadia na ca<strong>de</strong>ia do Limoeiro, em Portugal.<br />

Os papéis referentes a <strong>Lourenço</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Correa</strong> <strong>de</strong>talham que todo o seu procedimento<br />

quando fora um dos governadores do Brasil foi investigado criteriosamente, pois [...] processandose<br />

<strong>de</strong>vassas 90 e rizi<strong>de</strong>ncias 91 , assim na Bahia como nesta Corte, foi sentenciado solto e livre, e julgado<br />

86<br />

AHU, LF, Cx9, Doc 1021. Neste documento encontramos <strong>mais</strong> <strong>de</strong>talhes sobre os outros aspectos da Junta Governativa<br />

que estavam sendo objeto <strong>de</strong> apuração pelo Governador do Brasil que os suce<strong>de</strong>u. Ver também, na mesma caixa, o<br />

documento 1022 que lista as pessoas indicadas para testemunhar neste caso. Robert Southey nos diz que [...]Barbalho e<br />

<strong>Brito</strong> foram por conseguinte prezos para o Reino; o primeiro foi perdoado, imputando-se-lhe a falta <strong>de</strong> juízo os erros, o<br />

segundo jazeu muitos annos na enxovia comum <strong>de</strong> Lisboa, e o bispo escapou com pena <strong>mais</strong> leve, tendo apenas <strong>de</strong><br />

repor os emolumentos recebidos durante a sua administração. Ver: op. cit. SOUTHEY, Robert. História do Brasil.<br />

Tomo III, 1862, p. 28.<br />

87<br />

Segundo Raphael Bluteau, “emprazar”, significava [...] citar alguém para que em certo dia appareça diante do juiz ou<br />

emprazar é mandar huma justiça superior a outra inferior, para que va diante <strong>de</strong>lla dar a razão da queyxa, que <strong>de</strong>lla<br />

fez & isto vem a respon<strong>de</strong>r, ou assemelhar-se a uma citação que se manda fazer aquella justiça, pondo-lhe termo certo<br />

para emprazar alguém. Op. Cit. Raphael Bluteau. Vocabulario Portuguez e Latino. V.3, p. 68. O emprazamento <strong>de</strong><br />

algumas autorida<strong>de</strong>s do Brasil consistia, em alguns casos, na viagem para o Reino até que a fosse concluída toda a<br />

investigação.<br />

88<br />

AHU, LF, Cx. 11, Doc.1355, 19/11/1649.<br />

89<br />

i<strong>de</strong>m<br />

90<br />

Devassas foram atos jurídicos, amplamente aplicados pela Administração Ultramarina e que na Bahia ganhou<br />

contornos especiais. Em termos específicos é a inquirição <strong>de</strong> um crime, apurado a partir do relato <strong>de</strong> testemunhas acerca<br />

<strong>de</strong> algum caso criminal, que tomava dimensões públicas. Op. Cit. BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez e<br />

Latino v.3, p.180<br />

91<br />

Em termos administrativos, residência significava um criterioso processo <strong>de</strong> investigação da probida<strong>de</strong> administrativa<br />

dos funcionários da Coroa, <strong>de</strong>stacados no Brasil. Para isso era nomeado um Juiz <strong>de</strong> Fora, Corregedor ou Ouvidor que,<br />

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