Carl Gustav Jung - A Natureza da Psique.pdf - Agricultura Celeste
Carl Gustav Jung - A Natureza da Psique.pdf - Agricultura Celeste
Carl Gustav Jung - A Natureza da Psique.pdf - Agricultura Celeste
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
praecelleremus creaturas: illi nimirum similes hac ratione facti, quod scintillam sui luminis dederit<br />
nobis. Est igitur veritas non in nobis quaeren<strong>da</strong> sed in imagine Dei quae in nobis est" 88 .<br />
[390] Dorn, portanto, conhece também como o sol invisibilis ou a imago Dei, o arquétipo uno<br />
enfatizado de modo particular por Khunrath. Em Paracelso, o lumen naturae provém primariamente do<br />
astrum ou sydus, a "estrela" que há no homem 89 . O "firmamento" (sinônimo de estrela) é a luz natural 90 .<br />
Por isto, a "pedra angular" de to<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de é a "astronomia" que é "uma mãe de to<strong>da</strong>s as artes... Depois<br />
dela começa a sabedoria divina, depois dela começa a luz <strong>da</strong> natureza" 91 . Mesmo as "religiões mais<br />
excelentes" dependem <strong>da</strong> "astronomia" 92 . Com efeito, a estrela "deseja levar o homem para a grande<br />
sabedoria... para que ele apareça maravilhoso na luz <strong>da</strong> natureza, e os mistérios <strong>da</strong> maravilhosa obra de<br />
Deus sejam descobertos e revelados em sua grandeza" 93 . De fato, o próprio homem é um astrum: "não<br />
em si mesmo, mas para sempre e sempre com os apóstolos e santos; ca<strong>da</strong> um dos homens é um astrum, e<br />
o céu uma estrela... por isto diz também a Escritura: vós sois a luz do mundo" 94 . "Agora to<strong>da</strong> a luz<br />
natural está na estrela, e o homem extrai dela o alimento à semelhança do alimento que ele extrai <strong>da</strong><br />
terra para a qual ele nasceu; assim também deve nascer para essa estrela" 95 . Os animais também<br />
possuem a luz natural que é um "espírito inato" 96 . Ao nascer, o homem é "dotado com a luz perfeita <strong>da</strong><br />
natureza" 97 . Paracelso chama-a "primum ac optimum thesaurum, quem naturae Monarchia in se claudit"<br />
98 ["o primeiro é o melhor tesouro que a monarquia encerra dentro de si"] (nisto concor<strong>da</strong>ndo com as<br />
conheci<strong>da</strong>s designações do "Uno" como pérola preciosa, tesouro escondido, "tesouro difícil de alcançar",<br />
etc.). A luz foi <strong>da</strong><strong>da</strong> ao "homem interior" ou ao corpo interior (o corpus subtile, o corpo de sopro), como<br />
nos mostra claramente a seguinte passagem: "Por isso um homem pode surgir com sublimi<strong>da</strong>de,<br />
sabedoria, etc., de seu corpo exterior, porque to<strong>da</strong> a sabedoria e inteligência de que o homem precisa<br />
são coeternas com o seu corpo e constituem o homem interior" 99 ; assim, este homem pode viver, e não<br />
como homem exterior. Com efeito, tal homem interior é eternamente transfigurado e ver<strong>da</strong>deiro. E<br />
embora não apareça perfeito no seu corpo mortal, contudo ele aparecerá perfeito depois <strong>da</strong> separação do<br />
mesmo. Aquilo de que agora falamos chama-se lumen naturae e é eterno. Deus o deu ao corpo interior<br />
que ele governa por intermédio do corpo interior e de acordo com a razão... porque só a luz <strong>da</strong> natureza é<br />
a razão... e na<strong>da</strong> mais... a luz é que dá a fé... Deus deu bastante luz a ca<strong>da</strong> homem, para que ele fosse<br />
predestinado e por isso não errasse. Mas ao descrever a origem do homem ou do corpo interior,<br />
constatamos que todos os corpos não formam senão um só corpo e uma só coisa em todos os homens,<br />
embora distribuídos segundo as partes bem dispostas do corpo, ca<strong>da</strong> uma diferente <strong>da</strong> outra. E assim,<br />
quando to<strong>da</strong>s se encontram juntas, só há uma luz e uma só razão..." 100 .<br />
[391] "Além disto, a luz <strong>da</strong> natureza é uma luz que foi acesa no Espírito Santo e jamais se<br />
apagará, porque está bem acesa... e a luz é de tal natureza, que deseja arder continuamente 101 , e quanto<br />
mais ela arde, tanto mais aparece, e quanto mais demora, tanto maior se torna... por isto na luz <strong>da</strong><br />
natureza existe também um desejo ígneo de arder" 102 . É uma luz "invisível": "<strong>da</strong>qui se segue que só no<br />
88 "Porque a vi<strong>da</strong> que é a luz do homem, brilha obscuramente em nós como que nas trevas, (uma luz) que não devemos procurar em nós<br />
mesmos, embora esteja em nós, sem contudo provir de nós, mas <strong>da</strong>quele ao qual pertence e que se dignou construir sua habitação em nós...<br />
Ele implantou sua luz em nós, a fim de que pudéssemos contemplar a luz na luz <strong>da</strong>quele que habita a luz inacessível. E por sermos formados<br />
à sua semelhança, ou seja, por nos ter <strong>da</strong>do uma centelha, de sua luz é que somos superiores a to<strong>da</strong>s as criaturas. Esta ver<strong>da</strong>de, portanto, não<br />
deve ser procura<strong>da</strong> em nós, mas na imagem de Deus que está em nós" (Theatrum chemicum, I: De philosophia meditativa, p. 460).<br />
89 Huser, X, p. 19; Sudhoff, XII, p. 23: "... was im liecht der natur ist, <strong>da</strong>s ist die wirkung dês gestirns". ["o que está na luz <strong>da</strong> natureza é<br />
também obra <strong>da</strong>s estrelas"].<br />
90 Philosophia sagax, Huser, X, p. 1; Sudhoff, XII, p. 3.<br />
91 Phil. sag., Huser, X, p. 3s; Sudhoff, XII, p. 5s.<br />
92 Os Apóstolos são astrologi [astrólogos] (Phil. sag., Huser, X, p. 23; Sudhoff, XII, p. 27).<br />
93 Philosophia sagax, Huser, X, p. 54; Sudhoff, XII, p. 62.<br />
94 Philosophia sagax, Huser, X, p. 344; Sudhoff, XII, p. 386. A última frase se refere a Mt 5,14: "Vos estis lux mundi". ["Vós sois a luz do<br />
mundo"].<br />
95 Philosophia sagax, Huser, X, p. 409; Sudhoff, XII, p. 456s.<br />
96 "... als die hanen die <strong>da</strong> kreen zukünftiges wetter und die pfauen ires herren tot... dis alles ist aus dem angebornen geist und ist <strong>da</strong>s liecht<br />
der natur". ["... como os galos que anunciam com o seu canto as futuras condições meteorológicas, e os pavões a morte de seu dono... Tudo<br />
isto provém do espírito inato e é a luz <strong>da</strong> natureza"] (Fragmenta medica: De morbis somnii, Huser, V, p. 130; Sudhoff, IX, p. 361).<br />
97 Liber de generaiione hominis, Hus, VI, p. 172; Sudhoff, p. 300.<br />
98 De vita longa, ed. por A<strong>da</strong>m von Bodenstein, lib. V, cap. II.<br />
99 Cí. Pfil. sag., Huser, X, p. 341; Sudhoff, XII, p. 382: "Nun ist offenbar, <strong>da</strong>s alie menschliche weisheit zu dem irdischen leib im liecht der<br />
natur liegt". ["Agora está claro que to<strong>da</strong> a sabedoria humana do corpo terrestre se encontra na luz <strong>da</strong> natureza". E a "luz humana <strong>da</strong> eterna<br />
sabedoria"] (Philosaphia sagax, Huser, X, p. 395; Sudhoff, XII, p. 441).<br />
100 De gen. hom., Huser, VIII, p. 171; Sudhoff, p. 291.<br />
101 "Eu vim deitar fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!" (Lc 12,49).<br />
102 Fragmenta cum libro de fun<strong>da</strong>mento sapientiae. Huser, IX, p. 448; Sudhoff, XIII, p. 325s.