Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
102<br />
como uma interpretação política ju<strong>da</strong>ica, expressando o conflito político-religioso dos ju<strong>de</strong>us contra <strong>Roma</strong>; a<br />
era <strong>de</strong> Augusto foi celebra<strong>da</strong> como a era <strong>de</strong> Apolo. O mito <strong>de</strong> Apolo e seu culto funcionavam como<br />
propagando para o Império; para o autor do Apocalipse, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> era a rebelião <strong>da</strong> besta do caos, o<br />
po<strong>de</strong>r do adversário escatológico o qual encontraria seu clímax no retorno <strong>de</strong> Nero; o mito <strong>de</strong> Apolo também<br />
foi usado no tempo <strong>de</strong> Nero como propagan<strong>da</strong> imperial. O próprio Nero <strong>as</strong>sociou sua pessoa com Apolo <strong>de</strong><br />
forma muito mais freqüente que o próprio Augusto; a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Nero com Apolo era bem conheci<strong>da</strong> na<br />
Ásia; a reividicação <strong>de</strong> Nero como Apolo é rejeita<strong>da</strong> pelo Apocalipse pela <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Cristo como o<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro originador <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m e <strong>da</strong> luz; o objetivo principal <strong>de</strong>ssa narrativa seria interpretar uma situação <strong>de</strong><br />
conflito e incitar uma política <strong>de</strong> resistência p<strong>as</strong>siva e martírio.<br />
(28) SUMNEY, Jerry L. The Dragon h<strong>as</strong> been <strong>de</strong>feated, p. 104.<br />
(29) WINK, Walter. A besta do Apocalipse, p. 87.<br />
(30) Oakes enten<strong>de</strong> que este processo <strong>de</strong> inversão simbólica já era feito por Paulo, pelo menos n<strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />
obr<strong>as</strong> mais influenciad<strong>as</strong> pela tradição apocalíptica, como 1Tessalonicenses e Filipenses. Apesar disso,<br />
Paulo não conflita diretamente com <strong>Roma</strong>. Cristologia e escatologia é que estariam em conflito com a<br />
i<strong>de</strong>ologia romana. Cf. OAKES, Peter. Re-mapping the universe: Paul and the Emperor in 1Thessalonians and<br />
Philippians, p. 321.<br />
(31) Como Barr argumenta, eles agora po<strong>de</strong>m voluntariamente participar do estabelecimento do reino <strong>de</strong><br />
Deus através do martírio voluntário. Os cristãos então se vêm como atores na construção <strong>de</strong> seus próprios<br />
<strong>de</strong>stinos. Cf. BARR, David L. The Apocalypse <strong>as</strong> a symbolic transformation of the World, p. 50.<br />
(32) É isso que levou Pagels a argumentar que a confiança dos crentes que enfrentavam o martírio tinha<br />
origem “na convicção <strong>de</strong> que sua agonia e morte apressariam na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> a vitória <strong>de</strong> Deus sobre <strong>as</strong> forç<strong>as</strong><br />
do mal, forç<strong>as</strong> encarnad<strong>as</strong> no magistrado romano que <strong>as</strong> con<strong>de</strong>nara”. Cf. PAGELS, E. As origens <strong>de</strong><br />
Satanás, p. 155.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ADRIANO FILHO, José. Babilônia e Nova Jerusalém: Juízo e esperança no Apocalipse <strong>de</strong> João. 237 f.<br />
Dissertação (Mestre em Ciênci<strong>as</strong> <strong>da</strong> Religião) – Centro <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciênci<strong>as</strong> <strong>da</strong> Religião,<br />
Instituto Metodista <strong>de</strong> Ensino Superior, São Bernardo do Campo, 1993.<br />
ADRIANO FILHO, José. O Apocalipse <strong>de</strong> João como relato <strong>de</strong> uma experiência visionária. Anotações em<br />
torno <strong>da</strong> estrutura do livro. In: Revista <strong>de</strong> Interpretação Bíblica Latino-Americana, 34, p. 7-29, 1999.<br />
BARR, David L. The Apocalypse <strong>as</strong> a symbolic transformation of the World: a literary analysis. In:<br />
Interpretation, 38/1, p. 39-50, 1984.<br />
COLLINS, A<strong>de</strong>la Yarbro. The combat myth in the Book of Revelation. Eugene: Wipf and Stock Publishers,<br />
2001. 291 p.<br />
FRIEDRICH, Nestor Paulo. Apocalipse 2-3: sete cart<strong>as</strong>? Uma análise literária. In: <strong>Estudos</strong> <strong>de</strong> Religião, 19, p.<br />
149-173, 2000.<br />
LAWSON, John. A theological and historical introduction to the apostolic fathers. New York: The Macmillan<br />
Company, 1961. 334 p.<br />
MALINA, Bruce J. O evangelho social <strong>de</strong> Jesus: o reino <strong>de</strong> Deus em perspectiva mediterrânea. Tradução: Luz<br />
Alexandre Solano Rossi. São Paulo: Paulus, 2004. 173 p.<br />
MESTER, Carlos; OROFINO, Francisco. Apocalipse <strong>de</strong> São João: a teimosia <strong>da</strong> fé dos pequenos. Petrópolis:<br />
Vozes, 2003. 388 p.<br />
NOGUEIRA, Paulo Augusto <strong>de</strong> Souza. Cativeiro e compromisso no Apocalipse. In: <strong>Estudos</strong> Bíblicos, 43, p.<br />
69-76, 1994.<br />
NOGUEIRA, Paulo Augusto <strong>de</strong> Souza. Experiência religiosa e crítica social no cristianismo primitivo. São<br />
Paulo: Paulin<strong>as</strong>, 2003. 244 p.<br />
NOGUEIRA, Paulo. Êxt<strong>as</strong>e visionário e culto no Apocalipse <strong>de</strong> João. Uma análise <strong>de</strong> Apocalipse 4 e 5 em<br />
comparação com viagens celestiais <strong>da</strong> apocalíptica. In: Revista <strong>de</strong> Interpretação Bíblica Latino-<br />
Americana, 34, p.45-68, 1999.<br />
OAKES, Peter. Re-mapping the universe: Paul and the Emperor in 1Thessalonians and Philippians. In:<br />
Journal for the Study of the New Testament, 27, p. 301-322, 2005.