Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
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mesmo local um santuário romano e outro germano, com cultos e <strong>de</strong>uses diferentes, porém sem confronto<br />
militar efetivo.<br />
Du<strong>as</strong> legiões estavam no comando <strong>de</strong> Agrippa no momento <strong>da</strong> construção do forte que mais tar<strong>de</strong><br />
viria a se tornar Colônia Agrippa, a I Germânica e a XX Valéria Victrix, além <strong>da</strong> Cl<strong>as</strong>si Germânica, frota do<br />
Reno que se mantinha próxima à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e fazia o patrulhamento <strong>de</strong> to<strong>da</strong> o rio. Outr<strong>as</strong> legiões também<br />
marcharam para lá, m<strong>as</strong> após o <strong>de</strong>s<strong>as</strong>tre em Teutoburgo, somente ess<strong>as</strong> permaneceram.<br />
Os imperadores <strong>de</strong> Augusto a Cláudio <strong>de</strong>fendiam uma v<strong>as</strong>ta fronteira e observaram a importância<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverem ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e guarnições na Gália e Germânia, favorecendo fortificações como Colônia<br />
Agrippa. Du<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> funcionaram como catalisador<strong>as</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>: a construção <strong>de</strong><br />
Ara Ubiorum, santuário germânico, e o comércio que <strong>as</strong> legiões e a administração romana traziam com ele.<br />
Sendo uma região <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong> pelos romanos nesta época, a região <strong>da</strong> Germânia não sofria investimentos<br />
suficientes para um <strong>de</strong>senvolvimento efetivo. Cornélio Tácito observou que <strong>Roma</strong> não via a região como uma<br />
área geográfica, m<strong>as</strong> como uma espécie <strong>de</strong> convés <strong>de</strong> um navio, carregado <strong>de</strong> tribos bárbar<strong>as</strong> que ora<br />
<strong>de</strong>sembarcavam atacando um ou outro porto, numa ou noutra direção. Tendo os acampamentos militares<br />
como o principal fluxo <strong>de</strong> romanos na Germânia, eram através <strong>de</strong>les que se <strong>de</strong>senvolviam <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong><br />
comerciais e <strong>as</strong> representações culturais roman<strong>as</strong>. Junto com <strong>as</strong> legiões vinha gran<strong>de</strong> contingente <strong>de</strong><br />
comerciantes, prostitut<strong>as</strong>, aventureiros, políticos, to<strong>da</strong> a espécie <strong>de</strong> “ci<strong>da</strong>dão romano”.<br />
No <strong>de</strong>correr dos anos a região <strong>da</strong> Germânia vai sendo explora<strong>da</strong> e domina<strong>da</strong>, porém a batalha <strong>de</strong><br />
Teutoburgo coloca um freio n<strong>as</strong> ambições roman<strong>as</strong> e limita a penetração mais ao interior, <strong>as</strong> emboscad<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />
divers<strong>as</strong> tribos limitam a atuação <strong>de</strong> <strong>Roma</strong>. O imperador Cláudio garantiu ao porto Oppidum Ubiorum o status<br />
cívico <strong>de</strong> “Colônia”, criando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma administração imperial. Essa administração consoli<strong>da</strong><br />
então o <strong>de</strong>senvolvimento urbano, <strong>as</strong> legiões não são mais o centro do <strong>de</strong>senvolvimento, surge em torno <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong> interesses diversos. Des<strong>de</strong> então a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> leva o nome <strong>de</strong> “Colônia Cláudia Ara Agripinnensium”, a<br />
colônia Claudiana dos Agrippinensis, como já foi dito anteriormente. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> tinha tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> característic<strong>as</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Roma</strong>, levando a cultura romana para muita além <strong>de</strong> sua região. A engenharia romana forneceu um<br />
sistema <strong>de</strong> ab<strong>as</strong>tecimento <strong>de</strong> água extremamente engenhoso e eficiente, aquedutos que chegavam a ter 80<br />
Km e sistema <strong>de</strong> esgoto avançado. <strong>Roma</strong>nos importantes residiam na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> como Vitellius e Trajano, que<br />
responsáveis por legiões naquela região, tornaram-se imperadores.<br />
Em 84, Colônia já era uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> importante para <strong>Roma</strong>, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser somente uma fortaleza militar,<br />
realizando todos os eventos cívicos e culturais romanos e germanos. Contudo, os distúrbios na região nunca<br />
<strong>de</strong>sapareceram, tribos germânic<strong>as</strong> nunca <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> oferecer perigo em ataques a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, os muros<br />
chegavam 8 metros <strong>de</strong> altura, <strong>as</strong>sustando qualquer tribo que tent<strong>as</strong>se alguma coisa. O mercado provincial se<br />
<strong>de</strong>senvolve e divers<strong>as</strong> tribos pe<strong>de</strong>m abrigo na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, temendo os diversos ataques sofridos nos campos por<br />
outr<strong>as</strong> tribos germânic<strong>as</strong>. Colônia chega a ter 50.000 habitantes e a cerâmica produzi<strong>da</strong> ali se espalha por<br />
to<strong>da</strong> <strong>Roma</strong>.<br />
Conclusão<br />
É importante analisar no <strong>de</strong>bate a respeito do conceito <strong>de</strong> colonização e o estudo específico <strong>de</strong> um<br />
centro urbano, formado com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> roman<strong>as</strong>, que este processo não foi heterogêneo. O<br />
mo<strong>de</strong>lo que analisamos é relevante para ressaltar <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> <strong>de</strong> colonizações que olhando<br />
superficialmente parecem ter p<strong>as</strong>sado pelos mesmos processos, nos transmitindo a imagem <strong>de</strong> algo uniforme<br />
e igual. A colonização romana <strong>de</strong>correu <strong>de</strong> divers<strong>as</strong> situações que diferem entre si. E não po<strong>de</strong>mos avaliar<br />
ess<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> somente pel<strong>as</strong> <strong>de</strong>siguais regiões, tribos, geografia e etc, os diversos tipos <strong>de</strong> colonização<br />
também variam pela própria mu<strong>da</strong>nça por que p<strong>as</strong>sa a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> romana. A <strong>Roma</strong> d<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> republican<strong>as</strong><br />
não foi a mesma d<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> imperiais, e nem mesmo esses períodos foram lineares em su<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões. Os<br />
processos iniciados por <strong>Roma</strong> sempre mu<strong>da</strong>ram <strong>de</strong> acordo com a própria característica mutante <strong>de</strong>ssa<br />
mesma <strong>Roma</strong> e su<strong>as</strong> transformações eram sentid<strong>as</strong> em su<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> expansionist<strong>as</strong>.<br />
Bibliografia<br />
SALMON, T. E. <strong>Roma</strong>n colonization un<strong>de</strong>r the republic, New York<br />
The Articles of Colônia Agrippina, www.ancientworlds.net/aw/Places/Place/418174, consultado em 12/08/06<br />
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