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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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d<strong>as</strong> tribos germânic<strong>as</strong>) para atingirem <strong>Roma</strong>, penetraram antes na Gália, então território conquistado pelos<br />

romanos. Encontraram um país <strong>de</strong>scaracterizado, pois os romanos, para po<strong>de</strong>rem dominar mais facilmente<br />

os gauleses, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmar a aristocracia, rebaixou os nobres “política e economicamente, e isto<br />

mediante (ou em todo c<strong>as</strong>o, em correlação com) uma elevação artificial <strong>da</strong> ralé, a quem lisonjeiam, diz<br />

Boulainvilliers, com a idéia <strong>de</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong>.”( Ibid., p. 172.) Dessa forma, quando os germanos entraram na<br />

Gália, não havia uma aristocracia arma<strong>da</strong> que pu<strong>de</strong>sse fazer frente a eles. Para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o território, os<br />

romanos tiveram que recorrer a mercenários, o que acabou gerando em primeiro lugar, um aumento<br />

consi<strong>de</strong>rável dos impostos em moe<strong>da</strong>, e em segundo lugar, uma elevação exagera<strong>da</strong> <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> moed<strong>as</strong>, ou<br />

seja, uma consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>svalorização. O resultado disso foi uma diminuição dos negócios e um<br />

empobrecimento generalizado.<br />

Por outro lado, <strong>Roma</strong> vinha numa crescente <strong>de</strong>cadência em função <strong>de</strong> problem<strong>as</strong> internos, o que a<br />

enfraquecia ca<strong>da</strong> vez mais. Um <strong>de</strong>sses problem<strong>as</strong> foi a divisão do Império efetua<strong>da</strong> por Teodósio, o que<br />

acabou por “acentuar a oposição e a rivali<strong>da</strong><strong>de</strong> entre Oci<strong>de</strong>nte e Oriente, causando um fatal enfraquecimento<br />

frente ao inimigo comum.”(GIORDANI, M. Op. Cit., p. 39.) Outros foram a <strong>de</strong>sunião d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses sociais e <strong>as</strong><br />

intrig<strong>as</strong> <strong>de</strong> cortesãos, que visavam o po<strong>de</strong>r acima <strong>de</strong> qualquer coisa, sem falar <strong>de</strong> caus<strong>as</strong> militares,<br />

financeir<strong>as</strong> e sociais. Assim, abert<strong>as</strong> <strong>as</strong> port<strong>as</strong> <strong>da</strong> Gália, a conquista <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> ficou altamente viabiliza<strong>da</strong>.<br />

No entanto, a conquista começou tempos antes com a chega<strong>da</strong> dos hunos (bárbaros <strong>as</strong>iáticos) às<br />

planícies <strong>da</strong> Rússia Meridional, empurrando os godos (uma d<strong>as</strong> numeros<strong>as</strong> tribos germânic<strong>as</strong>) em direção<br />

ao Império <strong>Roma</strong>no. Outr<strong>as</strong> tribos que se encontravam n<strong>as</strong> fronteir<strong>as</strong> do Império acabaram encorajando-se e<br />

avançaram em direção à <strong>Roma</strong>, que cai em 410. A partir <strong>de</strong> então uma sucessão <strong>de</strong> migrações acontece por<br />

todo o Império: visigodos instalam-se na Gália Meridional, vân<strong>da</strong>los e alanos na África, francos e burgúndios<br />

ocupam os Países Baixos e a região renana. As inv<strong>as</strong>ões continuam posteriormente com os ostrogodos,<br />

alamanos, saxões, lombardos e ávaros, entre outros.<br />

O sucesso d<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>ões bárbar<strong>as</strong> era inevitável pel<strong>as</strong> razões apresentad<strong>as</strong> acima. Porém, <strong>as</strong> tribos<br />

germânic<strong>as</strong> jamais alcançariam ess<strong>as</strong> vitóri<strong>as</strong> se não fosse a natureza guerreira <strong>de</strong> seus homens, forja<strong>da</strong> a<br />

ferro e fogo n<strong>as</strong> florest<strong>as</strong> fechad<strong>as</strong> <strong>da</strong> Germânia. Sol<strong>da</strong>dos por excelência, praticamente já n<strong>as</strong>ciam<br />

manejando machados, lanç<strong>as</strong> e escudos, tais quais seus <strong>de</strong>uses. Odin, Thor e Týr, divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s ligad<strong>as</strong> à<br />

guerra, com to<strong>da</strong> certeza inspiraram com seus mitos esses inigualáveis guerreiros, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros berserks(10),<br />

que na<strong>da</strong> temiam, já que viveriam qu<strong>as</strong>e que eternamente(11) no Valhalla, lutando, comendo e bebendo,<br />

juntamente com os <strong>de</strong>uses.<br />

NOTAS<br />

(1). O ragnarök, cujo significado é “<strong>de</strong>stino dos <strong>de</strong>uses”, <strong>de</strong>fine a escatologia dos povos nórdicos, ou seja, é<br />

uma espécie <strong>de</strong> apocalipse pagão, o fim do mundo.<br />

(2) As run<strong>as</strong> eram letr<strong>as</strong> germano-escandinav<strong>as</strong> que formavam um alfabeto chamado FUTHARK. Além <strong>da</strong><br />

utilização em poem<strong>as</strong>, epitáfios, pedr<strong>as</strong> comemorativ<strong>as</strong> e registros <strong>de</strong> transações comerciais, <strong>as</strong> run<strong>as</strong> foram<br />

e são largamente usad<strong>as</strong> também em sua forma mágica e sagra<strong>da</strong>, ou seja, como oráculo.<br />

(3) Espécie <strong>de</strong> inferno nórdico, tomado pelo gelo. Todos os que morriam sem ser no campo <strong>de</strong> batalha iam<br />

para lá.<br />

(4) Diferentemente dos <strong>de</strong>uses gregos e romanos, os nórdicos são mortais. Quando apresentam sinais <strong>de</strong><br />

envelhecimento, a <strong>de</strong>usa Idun dá a eles maçãs mágic<strong>as</strong> que possuem a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> rejuvenecê-los.<br />

(5) Existem du<strong>as</strong> estirpes na mitologia nórdica que são tid<strong>as</strong> como <strong>as</strong> mais importantes: os Æsir ou Ases e<br />

os Vanir ou Vanes. Esses últimos estão relacionados com a terra, a fecundi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Já os<br />

primeiros dizem respeito à guerra.<br />

(6) Georges Dumézil <strong>de</strong>senvolveu a idéia <strong>de</strong> uma tríplice função religiosa dos <strong>de</strong>uses, cl<strong>as</strong>sificando-os como<br />

sacerdotes, guerreiros e camponeses.<br />

(7) Consta na Ed<strong>da</strong> em prosa que Donner, Fricka e Wotan pertencem à estirpe dos AEsir, enquanto que Freia<br />

e Froh são divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s Vanir.<br />

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