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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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textos, dispositivos, arquitetur<strong>as</strong> são todos gerados n<strong>as</strong> re<strong>de</strong>s do social, são partes <strong>de</strong>l<strong>as</strong> e são essenciais a<br />

el<strong>as</strong>. Portanto, é também essencial para a história, o estudo <strong>de</strong> vestígios arqueológicos. Este diálogo com a<br />

Arqueologia se dá através do monumento funerário encontrado na Via Ápia pelo arquiteto <strong>de</strong> Turim, Luigi<br />

Canina, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1850. Segundo a equipe <strong>de</strong> arqueólogos do Museu Nacional <strong>de</strong> <strong>Roma</strong>, este<br />

monumento retrata du<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> <strong>da</strong>tad<strong>as</strong> do ano 40 a.C. e uma outra figura feminina a direita <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> mais<br />

ou menos 80 anos <strong>de</strong>pois.<br />

Est<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> apontam para Caius Rabirius Hermodorus, sua esposa Rabiria Demari<strong>de</strong> e <strong>de</strong>,<br />

segundo a equipe <strong>de</strong> arqueólogos, a figura feminina, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte do c<strong>as</strong>al, que seria uma sacerdotisa do<br />

culto <strong>de</strong> Isis. De acordo com a equipe <strong>de</strong> arqueólogos do Museu Nacional <strong>de</strong> <strong>Roma</strong>, Caius Rabirius<br />

Hermodorus foi um escravo liberto <strong>de</strong> Caius Rabirius Postumus e que este, após ser expulso do Egito por<br />

Ptolomeu XII, trouxe consigo escravos seguidores do culto <strong>de</strong> Isis. Fazendo uma análise <strong>de</strong>ste monumento<br />

funerário, verificamos que <strong>de</strong>ixa transparecer que Hermodorus conseguiu uma <strong>as</strong>censão social ao<br />

observarmos que: 1. A riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes do monumento, o material caro, mármore; 2. A localização do<br />

monumento, a via ápia uma estra<strong>da</strong> importante e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> movimentação na época, esta peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

aponta para a importância do morto pois servia para manter a memória do morto viva; 3. E, <strong>de</strong> acordo com a<br />

Profa. Maricí Martins Magalhães (2005, PASSIM), este tipo <strong>de</strong> monumento funerário, individual ou familiar, é<br />

o mais raro.<br />

Monumento funerário <strong>de</strong> Caius Rabirius Hermodorus encontra<strong>da</strong> na Via Ápia<br />

(www.geocites.com/athens/agora/9259/ap_c21.htm)<br />

Portanto achamos pertinente analisar como ele teria conseguido esta <strong>as</strong>censão.<br />

Sabemos que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o séc. II a.C. a escravidão se tornou o principal modo <strong>de</strong> produção <strong>da</strong><br />

economia romana e que, através <strong>da</strong> evolução d<strong>as</strong> relações <strong>de</strong> trabalho entre o senhor e o escravo, se<br />

<strong>de</strong>senvolveu o costume <strong>de</strong> se confiar aos escravos a gestão <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou bens do seu senhor,<br />

conseguindo com isso meios <strong>de</strong> comprar sua liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. Segundo Maria Luiza Cor<strong>as</strong>sim (2001,49): Os<br />

libertos, Isto é, os escravos que recebiam a manumissão, formavam um importante grupo social em <strong>Roma</strong>,<br />

pois o liberto <strong>de</strong> um ci<strong>da</strong>dão também tornava-se um ci<strong>da</strong>dão, e não um meteco (estrangeiro), como ocorria na<br />

Grécia. Apesar disso, sofriam algum<strong>as</strong> limitações, pois tinham cert<strong>as</strong> obrigações em relação a seu ex-dono (o<br />

patrono) e eram excluídos d<strong>as</strong> magistratur<strong>as</strong>. M<strong>as</strong> os filhos dos libertos já não tinham ess<strong>as</strong> limitações,<br />

integrando-se na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. O poeta Horácio, por exemplo, era filho <strong>de</strong> liberto. Percebemos, portanto, que<br />

esse novo costume foi instituindo certa mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong> em outr<strong>as</strong> <strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s</strong> <strong>da</strong><br />

Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Ess<strong>as</strong> obrigações em relação aos ex-donos são explicad<strong>as</strong> pelo fato do liberto se tornar parte do<br />

gens familiares, recebendo o nome <strong>da</strong> família e tornando-se cliente <strong>de</strong> seu ex-dono. Muitos libertos<br />

continuavam no negócio <strong>da</strong> família, o que muito provavelmente foi o c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> Hermodorus pois, como po<strong>de</strong><br />

ser visto na imagem abaixo. Esta imagem trata-se <strong>da</strong> parte lateral do monumento funerário, mostra figur<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

um elmo com penacho, capitel e uma espa<strong>da</strong> ou lança, que temos por suposição <strong>de</strong> que est<strong>as</strong> figur<strong>as</strong><br />

representam uma carreira militar, <strong>de</strong> Hermodorus ou <strong>de</strong> algum <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte.<br />

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