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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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As obr<strong>as</strong> que se preservaram são principalmente <strong>as</strong> <strong>de</strong> cunho exegético – “Sobre a obra <strong>de</strong> Deus”,<br />

“Instituições Divin<strong>as</strong>”, “Sobre a Ira <strong>de</strong> Deus” e o “Epítome” – e o “Sobre a morte dos perseguidores”, obra<br />

histórico-apologética, escrita entre os anos <strong>de</strong> 315 e 320.<br />

Lactâncio, para nós, foi uma d<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> que mais influenciaram <strong>as</strong> reflexões cristãs <strong>de</strong> Constantino,<br />

como est<strong>as</strong> são apresentad<strong>as</strong> na “Oração à Assembléia dos Santos”, acerca <strong>da</strong> providência, <strong>da</strong> criação do<br />

homem, <strong>da</strong> refutação d<strong>as</strong> filosofi<strong>as</strong>, entre outr<strong>as</strong>.<br />

Eusébio <strong>de</strong> Cesaréia (c. 260- c.340). Sobre o local <strong>de</strong> seu n<strong>as</strong>cimento, sua família e conversão<br />

pouco se sabe, havendo algum<strong>as</strong> hipóteses, que estabelecem sua origem na Palestina, em uma família pagã,<br />

<strong>de</strong> origem grega ou muito heleniza<strong>da</strong>. Eusébio possivelmente não era ju<strong>de</strong>u, <strong>de</strong>vido ao tom com que se<br />

refere aos mesmos. Outros crêem que sua família fosse <strong>de</strong> origem cristã. Devido à sua posterior relação com<br />

Constantino, a quem foi apresentado durante a viagem do mesmo à região, no ano <strong>de</strong> 296, alguns autores<br />

sugerem que Eusébio provinha <strong>de</strong> uma família rica, e importante.<br />

De sua formação intelectual, temos que foi discípulo <strong>de</strong> Panfílio e seu colaborador na escola <strong>de</strong><br />

Cesaréia. Após o martírio do mestre (em 310), e com o agravamento d<strong>as</strong> perseguições Eusébio fugiu para<br />

Tiro, e posteriormente para o Egito, on<strong>de</strong> foi preso, sendo solto em 311. Não se sabe como escapou <strong>da</strong> morte<br />

ou mutilação, o que levantou acusações <strong>de</strong> apost<strong>as</strong>ia sobre ele. Eusébio foi bispo <strong>de</strong> Cesaréia <strong>de</strong> 313 até<br />

sua morte, c. 340.<br />

Eusébio foi uma d<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> cristãos mais influentes <strong>da</strong> corte <strong>de</strong> Constantino, sendo autor <strong>de</strong> um<br />

discurso lau<strong>da</strong>tório aos trinta anos <strong>de</strong> reinado do Imperador, e após sua morte, <strong>de</strong> uma biografia (Vi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

Constantino), na qual realça o <strong>as</strong>pecto provi<strong>de</strong>ncialista <strong>de</strong> Deus, que se manifestou através <strong>de</strong>sse imperador,<br />

realçando os bons <strong>as</strong>pectos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do imperador e sua relação com a Igreja. Sua tese era que Deus, em sua<br />

providência, elevou um imperador para trazer a paz, não só aos cristãos, m<strong>as</strong> ao Império.<br />

Sobre o autor Anônimo do Panegírico Latino VII, sabemos que era um homem <strong>de</strong> meia i<strong>da</strong><strong>de</strong> à<br />

época do pronunciamento do discurso (com cerca <strong>de</strong> 45-50 anos), don<strong>de</strong> se supõe ter n<strong>as</strong>cido entre 260-265,<br />

oriundo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Autún, na Burgúndia, o que po<strong>de</strong> ser inferido a partir <strong>de</strong> sua invocação orgulhosa ao<br />

Templo <strong>de</strong> Apolo <strong>de</strong>sta ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Diz-nos também que fora professor <strong>de</strong> retórica, e que <strong>de</strong>sempenhou cargos<br />

na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ter sido jurista. Sua carreira o levou a trabalhar na corte <strong>de</strong> Trier em algum momento <strong>de</strong><br />

sua vi<strong>da</strong>, possivelmente como magister libellis, relacionado a c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> direito privado.<br />

A crítica <strong>da</strong>ta o discurso no ano <strong>de</strong> 310, <strong>de</strong>vido menção à morte <strong>de</strong> Maximiano (XIV,5) causa<strong>da</strong> por<br />

su<strong>as</strong> pretensões imperiais, e à campanha <strong>de</strong> Constantino no Reno, ocorri<strong>da</strong> no mesmo ano. O lugar do<br />

discurso, possivelmente, foi a capital Trier, pois nosso orador nos fala que escreve o discurso sobre o Reno<br />

(XIII,2).<br />

O panegírico <strong>de</strong> nosso autor Anônimo é <strong>de</strong> valor inestimável para o estudo <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ologia imperial, e<br />

<strong>da</strong> teologia política, na p<strong>as</strong>sagem do III para o IV século.<br />

Excertos trabalhados:<br />

Lactâncio, MP XLIV, 5:<br />

“Constantino foi advertido em sonhos para que grav<strong>as</strong>se nos escudos o signo celeste <strong>de</strong> Deus e<br />

entr<strong>as</strong>se <strong>de</strong>sse modo na batalha. Pôs em prática o que lhe havia sido or<strong>de</strong>nado e, fazendo girar a letra X com<br />

sua extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> superior curva<strong>da</strong> em círculo, gravou o nome <strong>de</strong> Cristo nos escudos.” (O grifo é nosso)<br />

Eusébio <strong>de</strong> Cesaréia, Vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Constantino I, XXVIII – XXIX:<br />

XXVIII. Conforme ele [Constantino] disse, estava em fervorosa prece e súplic<strong>as</strong> para que se revel<strong>as</strong>se a ele<br />

quem era o Deus, e esten<strong>de</strong>ndo sua mão direita, para que o ajud<strong>as</strong>se n<strong>as</strong> presentes dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s. E enquanto<br />

ele estava rezando <strong>de</strong>sse modo fervorosamente entretido, um maravilhoso sinal vindo do céu apareceu para<br />

ele, <strong>de</strong>vido a essa natureza po<strong>de</strong>ria ser difícil acreditar nisso se fosse contado por outra pessoa. M<strong>as</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que o vitorioso imperador tempos <strong>de</strong>pois relatou o acontecimento para o escritor <strong>de</strong>ssa história, quando foi<br />

honrado com sua companhia, e confirmou seu relato sob juramento, quem po<strong>de</strong>ria hesitar em acreditar na<br />

narração, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o testemunho posterior estabelece sua veraci<strong>da</strong><strong>de</strong>? Ele disse que à tar<strong>de</strong>, quando o dia<br />

estava começando a <strong>de</strong>clinar, ele viu com seus próprios olhos o troféu <strong>de</strong> uma cruz <strong>de</strong> luz nos céus acima do<br />

sol, e circun<strong>da</strong>do pela inscrição, NESTE SÍMBOLO TRIUNFE. Com esta visão ele ficou admirado, e todo seu<br />

exército também, o qual o seguia na expedição, e testemunhou o milagre.<br />

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