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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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Exemplo disso foi o que consi<strong>de</strong>ramos um dos primeiros conflitos geopolíticos <strong>da</strong> história <strong>da</strong><br />

humani<strong>da</strong><strong>de</strong>: <strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> guerr<strong>as</strong> punic<strong>as</strong> entre <strong>Roma</strong> e Cartago. Para Políbio os dois grupos: romanos e<br />

cartagineses eram mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>mente afortunados e su<strong>as</strong> forç<strong>as</strong> se equilibravam ( Políbio,I:13)<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Roma</strong> Cartago<br />

Organização Social Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-estado Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-estado<br />

Forma <strong>de</strong> Governo República Oligarquica República Oligarquica<br />

Aristocracia Fundiária Mercantil<br />

Formação Etrusca Fenícia<br />

Predomínio Terrestre Marítimo<br />

Expansão Península Itálica Mar Sardônio Tirreno-Ibéria<br />

guerra Justa e <strong>de</strong>fensiva Ofensiva<br />

Po<strong>de</strong>r Dois cônsules Dois sulfet<strong>as</strong><br />

Exército Ci<strong>da</strong>dãos romanos e itálicos Ci<strong>da</strong>dãos e mercenários<br />

Debates Conselho <strong>de</strong> Anciãos Senado <strong>Roma</strong>no<br />

Essa guerra seria caracteriza<strong>da</strong> pela longa duração e pela tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> luta, que teria como<br />

motivação o po<strong>de</strong>r d<strong>as</strong> du<strong>as</strong> repúblic<strong>as</strong>, a italiana e a africana. As du<strong>as</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s-estado possuíam um governo<br />

aristocrático, uma direção firme e uma consciência níti<strong>da</strong> <strong>de</strong> seus principais objetivos e meios para alcançálos.<br />

A gran<strong>de</strong> diferença entre <strong>as</strong> du<strong>as</strong> repúblic<strong>as</strong> residia no fato <strong>de</strong> Cartago ser comercial e <strong>Roma</strong> ser rural:<br />

uma era uma oligarquia militar dirigi<strong>da</strong> aristocraticamente, a outra uma oligarquia <strong>de</strong> mercadores que armava<br />

mercenários para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se. Os romanos eram pobres e por isso fortes e unidos, enquanto que os<br />

cartagineses eram ricos e por isso egoíst<strong>as</strong> e <strong>de</strong>pravados. Esta última diferença, alia<strong>da</strong> a outros fatores,<br />

<strong>de</strong>cidiria a favor <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> os rumos do embate. (MARTINS, 1981:157).<br />

Assim, preocupação em preservar sua própria in<strong>de</strong>pendência conduziu os romanos a <strong>de</strong>struir a dos<br />

outros. À medi<strong>da</strong> que aumentava <strong>as</strong> su<strong>as</strong> possessões criava-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se multiplicar os <strong>de</strong>veres<br />

<strong>de</strong>fensivos. Assim o expansionismo romano encontrou em su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> aquisições motivos para expandirse.<br />

Por outro lado Clau<strong>de</strong> Nicolet afirma que com a anexação e a conquista <strong>de</strong> provínci<strong>as</strong>, <strong>Roma</strong> obteve<br />

<strong>de</strong>st<strong>as</strong> em primeiro lugar, consi<strong>de</strong>ráveis recursos fiscais. Tais recursos, entretanto <strong>de</strong>stinavam-se a aten<strong>de</strong>r<br />

apen<strong>as</strong> uma parcela <strong>da</strong> população (o populus romano). Os resultados mais importantes, contudo estavam em<br />

dois setores: a exploração <strong>de</strong> metais preciosos e o cultivo <strong>de</strong> cereais. Deixando à parte o <strong>as</strong>pecto financeiro<br />

propriamente dito, a conquista romana teve, para o autor motivações estritamente econômic<strong>as</strong>. (NICOLET,<br />

1982: 100).<br />

Não há entre os historiadores unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong> em relação ao valor <strong>da</strong> economia para o avanço<br />

expansionista romano. Entretanto não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scartar por completo sua atuação. Se a economia não foi a<br />

total razão do porvir imperialista em <strong>Roma</strong>, é fato que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>sprezar su<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> diante<br />

d<strong>as</strong> conquista latin<strong>as</strong>.<br />

Antes <strong>de</strong> buscarmos algum<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> do processo expansionista precisamos compreen<strong>de</strong>r <strong>as</strong><br />

principais correntes teóric<strong>as</strong> acerca dos problem<strong>as</strong> relativos à economia antiga e a inserção romana neste<br />

contexto.<br />

Est<strong>as</strong> questões sobre economia antiga, <strong>de</strong> maneira geral, ganharam <strong>de</strong>staque a partir dos trabalhos <strong>de</strong><br />

Max Weber (1994: 179-224), que estabelece em su<strong>as</strong> análises o paradigma <strong>de</strong> “ci<strong>da</strong><strong>de</strong> consumidora”. Weber<br />

consi<strong>de</strong>rou que a economia antiga era uma autarquia, pois o campo produzia todos os meios necessários<br />

para a sua sobrevivência e ab<strong>as</strong>tecia <strong>as</strong> su<strong>as</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentação. De acordo com seu ponto <strong>de</strong><br />

vista <strong>as</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s não eram caracterizad<strong>as</strong> por seu empenho produtivo e seriam apen<strong>as</strong> consumidor<strong>as</strong> d<strong>as</strong><br />

riquez<strong>as</strong> produzid<strong>as</strong> pelo meio rural. De acordo com o autor <strong>as</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s também eram centros econômicos,<br />

m<strong>as</strong> a maior parte <strong>de</strong> seus recursos eram provenientes do campo, fato pelo qual, po<strong>de</strong>mos caracterizá-la<br />

como uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> consumidora.<br />

A obra <strong>de</strong> Rostovtzeff (1972: 178-222). refuta a teoria estabeleci<strong>da</strong> por Weber. O autor valoriza <strong>as</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s ao <strong>de</strong>screvê-l<strong>as</strong> como centros econômicos e políticos. Rostovtzeff <strong>as</strong>sinala a presença do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mercados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> e neste mo<strong>de</strong>lo os produtores <strong>de</strong> bens visavam o lucro e<br />

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