05.11.2012 Views

Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O sympósion privado é uma parte tão característica <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> ateniense, que muit<strong>as</strong> facet<strong>as</strong> <strong>da</strong><br />

cultura helênica seriam incompreensíveis se estes não fossem levados em conta. A busca <strong>da</strong> manutenção do<br />

entretenimento e <strong>da</strong> alegria estava n<strong>as</strong> mãos <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> que <strong>de</strong>pendiam <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> fest<strong>as</strong> como sustento<br />

pessoal. As hetaírai, musicist<strong>as</strong> e acrobat<strong>as</strong> eram responsáveis pelo <strong>de</strong>leite e pelo prazer dos olhos e dos<br />

corpos dos conviv<strong>as</strong>. Por isso, este trabalho valoriza a imagética relativa aos sympósia, que eram, por<br />

excelência, a esfera <strong>de</strong> atuação d<strong>as</strong> hetaírai.<br />

O <strong>de</strong>stino natural dos sympósia era a indução a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que mais <strong>da</strong>va fama <strong>as</strong> hetaírai: a prática<br />

do sexo. Cen<strong>as</strong> que se enquadram em tal temática proliferam na <strong>de</strong>coração <strong>da</strong> cerâmica relativa aos<br />

sympósia.<br />

As produções <strong>da</strong> imagética nos mostram c<strong>as</strong>os recorrentes <strong>de</strong> que para ess<strong>as</strong> mulheres a beleza<br />

se constituía em sua maior e talvez única arma e instrumento <strong>de</strong> barganha n<strong>as</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r travad<strong>as</strong><br />

com os ci<strong>da</strong>dãos atenienses. Diversos pintores representam hetaírai gord<strong>as</strong> e aparentemente mais velh<strong>as</strong><br />

tendo que se valer <strong>de</strong> subterfúgios para permanecer atuando no mundo dos prazeres, como po<strong>de</strong>mos<br />

conferir n<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> 1, 2 e 3 .<br />

Figura 1 Figura 2<br />

N<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> 1 e 2(2) temos, respectivamente, <strong>as</strong> faces exteriores A e B <strong>de</strong> uma kýlix <strong>de</strong> figur<strong>as</strong><br />

vermelh<strong>as</strong> confecciona<strong>da</strong> em torno <strong>de</strong> 525-475 a.C., atribuí<strong>da</strong> a Phinti<strong>as</strong>. Na cena <strong>da</strong> figura 1, vemos uma<br />

velha e barrigu<strong>da</strong> hetaíra nua agacha<strong>da</strong> m<strong>as</strong>turbando um jovem rapaz. Na figura 2, vemos uma cena similar,<br />

com os mesmos personagens, on<strong>de</strong> a hetaíra <strong>de</strong>rrama o vinho <strong>de</strong> uma kráter sobre seu corpo, com a aju<strong>da</strong><br />

do um jovem que se m<strong>as</strong>turba (KEULS, 1997, p.291).<br />

Na figura 3(3) temos um <strong>as</strong>kós <strong>de</strong> figur<strong>as</strong> vermelh<strong>as</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 450 a.C., com du<strong>as</strong> cen<strong>as</strong><br />

representando o que parece ser o mesmo jovem (ausência <strong>de</strong> barba) – i<strong>de</strong>ntificado pelo nariz avantajado –<br />

mantendo relações sexuais com uma hetaíra diferente em ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>l<strong>as</strong>. Aquela que se encontra na cena<br />

<strong>da</strong> parte inferior é jovem e <strong>de</strong> boa aparência: o homem faz sexo com ela, na posição <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> por Eva<br />

Keuls missionary position, papai-mamãe. A hetaíra na parte superior <strong>da</strong> cena é mais velha, sua barriga não<br />

tem firmeza, e também parece <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nta<strong>da</strong>. O cliente está penetrando-a por traz, analmente (KEULS, 1993,<br />

pp.176-9).<br />

Figura 3<br />

A cópula frontal era o método sexual mais refinado, reservado para <strong>as</strong> mulheres <strong>de</strong>sejáveis,<br />

enquanto que o sexo por traz era menos valorizado, sendo provavelmente consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>nte. A partir<br />

<strong>de</strong> tal afirmação, Eva Keuls argumenta que os contatos estabelecidos com velh<strong>as</strong> hetaírai po<strong>de</strong>riam servir<br />

33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!