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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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colonos e nativos. Para que sua autori<strong>da</strong><strong>de</strong> não fosse questiona<strong>da</strong>, era investido neles o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> imperium,<br />

direito <strong>de</strong> agir por conta própria em nome do povo romano, aqueles que <strong>de</strong>srespeit<strong>as</strong>sem su<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

estariam <strong>de</strong>safiando o próprio Estado romano. Na distribuição d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> o sistema romano <strong>de</strong> distribuição era<br />

o <strong>da</strong> centuriação. Uma centúria era um quadrado <strong>de</strong> terra <strong>de</strong> 200 iugera, aproxima<strong>da</strong>mente 125 acres<br />

distribuídos entre os colonos. Conseqüentemente um território “centuriado” apresenta uma forma <strong>de</strong> gra<strong>de</strong>.<br />

Uma vez “centuriado” e vistoriado começavam a erguer a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>: marcava-se a linha <strong>da</strong> muralha<br />

que envolveria a colônia (quando ach<strong>as</strong>sem necessário), feita <strong>de</strong> pedra no período republicano e <strong>de</strong> tijolo<br />

embutido nos tempos imperiais. Internamente havia uma estra<strong>da</strong> “pomeral” e no centro um fórum. Ao redor<br />

do fórum prédios públicos: um templo, uma cúria (on<strong>de</strong> se reuniam o senado local) e uma b<strong>as</strong>ílica com um<br />

centro comercial.<br />

Após <strong>as</strong> Guerr<strong>as</strong> Sociais (91 – 88 a.C.) e com a expansão territorial, tornou-se um hábito comum a<br />

distribuição d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> por status, uma nova forma <strong>de</strong> colonização: <strong>as</strong> coloniae militares, colôni<strong>as</strong> militares.<br />

Era uma forma <strong>de</strong> prêmio por serviços prestados concedido a sol<strong>da</strong>dos veteranos e coman<strong>da</strong>ntes vitoriosos,<br />

<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> <strong>da</strong>vam aos militares uma recompensa e reafirmavam sua leal<strong>da</strong><strong>de</strong>. M<strong>as</strong> essa prática também tinha<br />

outros objetivos, era interessante para <strong>Roma</strong> criar uma aristocracia romana no local conquistado. Como já foi<br />

analisa<strong>da</strong> anteriormente, a formação <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> romana n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> facilitava a administração<br />

interna e externa. É interessante observarmos que a representação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> romana em pontos<br />

distantes <strong>da</strong> região reafirmava a cultura latina e a difundia, sendo analisa<strong>da</strong> em diversos pontos por cultur<strong>as</strong><br />

distint<strong>as</strong>. Por isso não é exagero dizer que <strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> eram representações e uma extensão propriamente<br />

dita <strong>de</strong> <strong>Roma</strong>. Neste período Sulla fun<strong>da</strong> divers<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> e b<strong>as</strong>eado na Lei Valéria <strong>de</strong> 82 a.C. que conferia<br />

po<strong>de</strong>res ditatoriais a ele, não mais convoca comissários, ele mesmo <strong>de</strong>cidia quem seriam os supervisores<br />

n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong>. Esses escolhidos qu<strong>as</strong>e sempre eram <strong>de</strong> sua família, o que provoca uma tendência segui<strong>da</strong> até<br />

os tempos finais do império, a nomenclatura d<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> qu<strong>as</strong>e sempre leva o nome <strong>da</strong> din<strong>as</strong>tia em vigor.<br />

Esse é o exemplo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que analisarei a seguir, seu nome Colônia Ara Claudia Agrippinensi leva o nome<br />

<strong>de</strong> uma din<strong>as</strong>tia: a colônia claudiana dos agrippinensi.<br />

Outros dois nomes importantes na história <strong>da</strong> colonização romana foi Cáio Júlio César e Octaviano<br />

Augusto, com eles consoli<strong>da</strong>-se o processo <strong>de</strong> colonização transmarina. A conquista <strong>de</strong> territórios no alémmar<br />

traz uma série <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> riqueza para <strong>Roma</strong>, porém traz também a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> levar para ess<strong>as</strong><br />

regiões o aparato administrativo necessário para se fixar uma colônia. O mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> colônia latina é<br />

amplamente utilizado para implantar o domínio romano n<strong>as</strong> regiões européi<strong>as</strong>, pelo seu caráter militar e<br />

eficiência protetora. César e Augusto esten<strong>de</strong>ram muito o território romano, eles foram responsáveis pela<br />

fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> inúmer<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> e a formação <strong>de</strong> importantes provínci<strong>as</strong> que <strong>da</strong>riam a <strong>Roma</strong> a b<strong>as</strong>e<br />

necessária para administrar um território <strong>de</strong> dimensões continentais.<br />

Colônia Ara Claudia Agrippinensi<br />

Após ter trabalhado o conceito <strong>de</strong> colonização e su<strong>as</strong> transformações na história romana, parto para<br />

uma análise específica <strong>de</strong> como esse processo foi formado na Colônia Agrippa.<br />

Após a morte <strong>de</strong> Júlio César em 44 a.C., e os anos complicados <strong>de</strong> guerra civil, Augusto consoli<strong>da</strong>-se como<br />

imperador e atribui à Germânia su<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> provinciais. Augusto conce<strong>de</strong> a Marcos<br />

Agrippa, general <strong>de</strong> sua confiança, o papel <strong>de</strong> construir um gran<strong>de</strong> porto na margem esquer<strong>da</strong> Reno. Agrippa<br />

começa a construção no acampamento <strong>da</strong> tribo dos Úbios, povos já subjugados por Júlio César na campanha<br />

<strong>da</strong> Gália. O nome <strong>da</strong>do primeiramente a esse porto e forte militar importante foi “Oppidum Ubiorum”,<br />

acampamento dos Úbios. Essa tribo pediu, e lhe foi <strong>da</strong><strong>da</strong>, permissão para se instalarem a oeste do Reno,<br />

estabelecendo uma aproximação e convivência com os romanos. Observamos neste ponto uma iniciativa <strong>de</strong><br />

aproximação que parte <strong>de</strong> uma tribo germânica. Observando uma troca cultural, instrumento tão ligado ao<br />

mecanismo <strong>de</strong> domínio romano que não parte <strong>de</strong>les, e sim uma aproximação por parte dos dominados. Essa<br />

tribo foi “amiga e alia<strong>da</strong>” <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> por muitos anos, estabelecendo uma convivência pacífica e aju<strong>da</strong> mútua.<br />

Uma d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões dos úbios ao se estabelecerem à oeste do Reno foi construir um altar para o<br />

culto imperial <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> e do imperador. Po<strong>de</strong>mos analisar nesta construção um elemento transparente <strong>de</strong><br />

romanização, com a convivência <strong>de</strong>sses dois povos e a tolerância romana com outr<strong>as</strong> religiões, tendo em um<br />

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