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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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ECONOMIA E EXPANSIONISMO ROMANO: INTERAÇÕES E CARACTERÍSTICAS NO PERÍODO<br />

REPUBLICANO<br />

Fabrício N<strong>as</strong>cimento <strong>de</strong> Moura – NEA/<strong>UERJ</strong><br />

Neste artigo nos propomos a analisar os <strong>as</strong>pectos comerciais e econômicos e sua relação com a<br />

expansão romana no período republicano. Preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>screver <strong>as</strong> principais característic<strong>as</strong> <strong>da</strong> economia<br />

romana e os possíveis resultados na busca <strong>da</strong> hegemonia romana no cenário mediterrânico. Os <strong>as</strong>suntos<br />

econômicos ao lado <strong>de</strong> outros tem<strong>as</strong> como a religião e o <strong>as</strong>pecto militar nos permitem, <strong>de</strong> acordo com noss<strong>as</strong><br />

análises, compreen<strong>de</strong>r <strong>as</strong> principais característic<strong>as</strong> <strong>da</strong> política externa em <strong>Roma</strong>.<br />

Nos questionamos até que ponto os interesses comerciais incentivaram o processo expansionista<br />

romano? Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> negar que os resultados econômicos provenientes <strong>da</strong> guerra eram <strong>de</strong> fato<br />

um incentivo consi<strong>de</strong>rável. De acordo com A.H.M.Jones (1974) <strong>Roma</strong> e os romanos enriqueceram muito com<br />

a exploração imperialista ao exigir <strong>as</strong> in<strong>de</strong>nizações <strong>de</strong> guerra, botim, pagamento pela ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> prisioneiros,<br />

lucros com a exploração <strong>de</strong> metais e min<strong>as</strong>. A partir do III aC, houve o acúmulo <strong>de</strong> v<strong>as</strong>ta fortun<strong>as</strong> pessoais<br />

<strong>de</strong>vido ao exercício do comando militar: Sula, Pompeu, Júlio César, Otávio Augusto. Para Keith Hopkins<br />

(1981) <strong>de</strong>pois dos generais, os sol<strong>da</strong>dos romanos foram os que mais se beneficiaram com <strong>as</strong> conquist<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

novos territórios, botim, soldos e pilhagens; em segui<strong>da</strong> vinham os ci<strong>da</strong>dãos romanos empobrecidos que<br />

recebiam trigo a baixo custos ou grátis; o acesso a tais benefícios ao que não faziam parte do exercito<br />

romano era fazer parte <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> patronagem<br />

O botim e <strong>as</strong> in<strong>de</strong>nizações <strong>de</strong> guerra, além dos impostos que se exigiam dos vencidos<br />

movimentavam a economia <strong>de</strong> forma consi<strong>de</strong>rável. Estes <strong>as</strong>pectos foram b<strong>as</strong>tante importantes para o<br />

processo <strong>de</strong> estabelecimento do Império. À medi<strong>da</strong> que se expandia o po<strong>de</strong>rio político <strong>de</strong> <strong>Roma</strong>, cresciam <strong>as</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s comerciais.<br />

As conquist<strong>as</strong> roman<strong>as</strong> tiveram profun<strong>da</strong> repercussão na vi<strong>da</strong> rural, <strong>de</strong>ntre <strong>as</strong> quais po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar<br />

<strong>as</strong> seguintes transformações: formação <strong>de</strong> v<strong>as</strong>t<strong>as</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s (latifundia), o aumento do número <strong>de</strong><br />

escravos capturados em guerr<strong>as</strong> vitorios<strong>as</strong> que afluíam para o campo e concorriam com os trabalhadores<br />

livres. Além disso, o contato com civilizações em que dominava um sistema agrícola mais <strong>de</strong>senvolvido<br />

provocou uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira revolução no meio rural italiano, entre outros fatores. (GIORDANI, 1986: 126).<br />

Assim, ao centralizar em <strong>Roma</strong> a transferência dos exce<strong>de</strong>ntes e dos recursos fiscais <strong>de</strong> todo mundo,<br />

ao unificar sob uma única administração, o Oriente e o Oci<strong>de</strong>nte, ao fazer <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> e <strong>da</strong> península itálica um<br />

centro <strong>de</strong> consumo ca<strong>da</strong> vez mais importante, ao <strong>as</strong>segurar a paz e a segurança dos viajantes e dos meios<br />

<strong>de</strong> transporte, ao abrir <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> provínci<strong>as</strong> às rot<strong>as</strong> comerciais do mediterrâneo, a conquista romana iria criar<br />

condições totalmente nov<strong>as</strong> e intensificando os intercâmbios comerciais <strong>de</strong> todo tipo. (NICOLET, 1982: 79).<br />

Segundo os autores Aymard e J. Ayboyer a motivação econômica apresenta-se até certo ponto<br />

questionável: pois não houve, por exemplo, uma explosão <strong>de</strong>mográfica que justific<strong>as</strong>se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

expansão territorial. A anexação <strong>de</strong> colôni<strong>as</strong> explica-se muito mais por objetivos militares do que pela procura<br />

<strong>de</strong> instalações para uma população exce<strong>de</strong>nte. Não houve, durante os primeiros séculos <strong>da</strong> história <strong>de</strong> <strong>Roma</strong><br />

nenhum problema econômico ou social que se pu<strong>de</strong>sse resolver pela conquista. Problem<strong>as</strong> <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m só<br />

começaram a acontecer mais tar<strong>de</strong> em função <strong>de</strong> conquist<strong>as</strong> anteriores. Os autores <strong>de</strong>stacam então dois<br />

fatores que consi<strong>de</strong>ram principais: a avi<strong>de</strong>z pura e simples e o medo. No primeiro <strong>as</strong>pecto po<strong>de</strong>-se perceber<br />

que por se tratar <strong>de</strong> um povo camponês, o <strong>Roma</strong>no cobiçou <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> <strong>de</strong> seus vizinhos, principalmente<br />

quando eram mais férteis e mais bem explorad<strong>as</strong>; instalados num local por on<strong>de</strong> p<strong>as</strong>savam cert<strong>as</strong> rot<strong>as</strong>, quis<br />

monopolizar e aumentar os lucros <strong>de</strong>sse tráfico e <strong>de</strong>sejou também obter mais facilmente cert<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong><br />

prim<strong>as</strong>.<br />

Os autores ressaltam ain<strong>da</strong> que esta avi<strong>de</strong>z está diretamente liga<strong>da</strong> ao segundo fator que para eles<br />

contribuiu para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> expansão romana. O medo sempre foi item gerador <strong>de</strong> guerr<strong>as</strong><br />

normalmente chamad<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiv<strong>as</strong> quando se consi<strong>de</strong>ra sua própria existência ameaça<strong>da</strong>. Existe a noção<br />

<strong>de</strong> que o estado se encontra em perigo pela simples presença e proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> outro Estado cuj<strong>as</strong> forç<strong>as</strong><br />

pareçam equilibrar-se com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> ou pela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma coalizão <strong>da</strong> qual não participe.(AYMARD &<br />

AYBOYER, 1993: 128).<br />

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