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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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O LÚDICO NO GRAFITE DE POMPÉIA<br />

Maria Regina Candido – NEA/<strong>UERJ</strong><br />

Este ensaio foi elaborado a partir d<strong>as</strong> aul<strong>as</strong> ministrad<strong>as</strong> no curso <strong>de</strong> graduação em História(1) e<br />

tinha por proposta, p<strong>as</strong>sar aos docentes <strong>da</strong> disciplina a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r <strong>as</strong> imagens produzid<strong>as</strong> na<br />

Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> como suporte <strong>de</strong> informação visando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma bor<strong>da</strong>gem em História Cultural,<br />

ou seja, compreen<strong>de</strong>-l<strong>as</strong> como uma mensagem capaz <strong>de</strong> fornecer informações sobre o p<strong>as</strong>sado <strong>de</strong> uma<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixou vestígios gráficos <strong>de</strong> sua existência.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos a imagem como um veículo <strong>de</strong> informação cuja produção em forma <strong>de</strong> códigos<br />

próprios <strong>de</strong> uma época nos permite cotejar a sua organização sócio-politica. A especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> imagem<br />

permite uma abor<strong>da</strong>gem antropológica e necessita <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> uma metodologia própria como os<br />

recursos <strong>da</strong> semiótica visando tecer aproximações com o seu significado. A semiótica <strong>da</strong> imagem permite<br />

estabelecer uma apreensão mais precisa dos objetos analisados, mediante a percepção <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

significativ<strong>as</strong> (C.Flamarion,1990:11) produtor<strong>as</strong> <strong>de</strong> sentido.<br />

O uso <strong>de</strong> imagem como documento tem adquirido espaço entre os pesquisadores <strong>de</strong> História<br />

Antiga, como alternativa documental diante <strong>da</strong> relativa esc<strong>as</strong>sez <strong>de</strong> textos escritos. Entretanto, o uso <strong>de</strong><br />

imagem como uni<strong>da</strong><strong>de</strong> iconográfica ain<strong>da</strong> mantém-se restrito n<strong>as</strong> aca<strong>de</strong>mi<strong>as</strong> sendo pouco difundido entre os<br />

discentes, talvez pelo fato dos pesquisadores e historiadores estarem mais familiarizados com a<br />

documentação escrita. A imagem permanece fora do currículo acadêmico <strong>de</strong> licenciatura e do bacharelado<br />

em História, contando apen<strong>as</strong> com o interesse <strong>de</strong> alguns poucos profissionais que, oc<strong>as</strong>ionalmente,<br />

ministram cursos junto <strong>as</strong> gra<strong>de</strong>s eletiv<strong>as</strong>.<br />

Diante <strong>de</strong>sta necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer uma aproximação com o uso <strong>de</strong> imagens como<br />

documento, nos propomos, aplicar o conceito <strong>de</strong> lugar antropológico utilizado pelo pesquisador Marc Auge<br />

<strong>as</strong>sociado a abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> semiótica <strong>da</strong> imagem na mensagem visual em forma <strong>de</strong> grafite produzido nos<br />

muros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pompéia.<br />

Porém, antes <strong>de</strong> iniciarmos o nosso ensaio, <strong>de</strong>vemos fazer algum<strong>as</strong> consi<strong>de</strong>rações, a saber:<br />

embora, hoje em dia a semiótica esteja volta<strong>da</strong> para aten<strong>de</strong>r a produção <strong>de</strong> marketing visando a eficácia<br />

comercial, consi<strong>de</strong>ramos pertinente mostrar que a sua aplicação também po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>da</strong> para analisar<br />

uma imagem produzi<strong>da</strong> no p<strong>as</strong>sado. Esclarecemos também que <strong>as</strong> inscrições parietais <strong>de</strong> Pompéia têm sido<br />

amplamente estu<strong>da</strong>d<strong>as</strong> por especialist<strong>as</strong> em socie<strong>da</strong><strong>de</strong> romana, entre eles indicamos a romanista Renata<br />

Garrafoni, o pesquisador Pedro Paulo Funari, do qual o grafite por nós selecionado integra uma <strong>de</strong> su<strong>as</strong><br />

abor<strong>da</strong>gens(2).<br />

A imagem que <strong>de</strong>tém a nossa atenção é o grafite <strong>de</strong> inventário CIL IV 8031, consi<strong>de</strong>rado um<br />

pictograma que consegue tratar, em um só poema, os múltiplos <strong>as</strong>pectos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> popular pompeiana<br />

(Funari,1996:63). A escolha <strong>de</strong>sse grafite se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> usar <strong>de</strong> linguagem especifica que combina<br />

<strong>de</strong>senho e escrita, ou seja, utiliza dois esquem<strong>as</strong> narrativos o que no leva a afirmar que foi produzido como<br />

uma representação orienta<strong>da</strong> para a visualização – leitura – interpretação.<br />

Analisar certos fenômenos apreendidos em seu <strong>as</strong>pecto semiótico é consi<strong>de</strong>rar a sua manifestação<br />

como produtora <strong>de</strong> sentido, ou seja, apreen<strong>de</strong>r a maneira <strong>de</strong> como provoca significação, cabendo ao

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