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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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pesquisador estabelecer <strong>as</strong> possíveis interpretações. Consi<strong>de</strong>ramos o grafite como um signo que expressou<br />

e gravou uma idéia que foi entendi<strong>da</strong> no seu tempo, acreditamos que tenha provocado, na mente <strong>da</strong>queles<br />

que o perceberam, uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> interrogação segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> compreensão.<br />

Entretanto, nós, afetados pela distância <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> espaço, per<strong>de</strong>mos este referencial e a<br />

imagem tornou-se uma incógnita, um código a ser <strong>de</strong>cifrado através <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> análise.<br />

Semiótica <strong>da</strong> Imagem<br />

Referência: Corpus Inscriptionum Latinarum - CIL IV 8031<br />

Significante plástico Imagem parietal<br />

suporte<br />

Pare<strong>de</strong>s muros na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pompéia<br />

Mensagem lingüística<br />

ancoragem<br />

Munus, te vejo por to<strong>da</strong> parte.(3)<br />

Significante Icônico Significado <strong>de</strong> primeiro Conotação <strong>de</strong> segundo Conotação <strong>de</strong> segundo<br />

nível<br />

nível -1<br />

nível -2<br />

Palavra MUNUS<br />

- lugar <strong>de</strong> apresentação - anfiteatro<br />

Plural munera<br />

- prestador <strong>de</strong> serviço<br />

- magistrado<br />

imperador<br />

ou<br />

TH Te vejo - olhar em vári<strong>as</strong><br />

Letra Q - Ubique<br />

direções<br />

Gran<strong>de</strong> espaço físico<br />

Por to<strong>da</strong> parte<br />

que permite uma ampla<br />

visão do todo<br />

Anfiteatro<br />

Após isolarmos ca<strong>da</strong> elemento <strong>da</strong> mensagem visual, um universo <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s apresenta-se<br />

diante do pesquisador que <strong>de</strong>ve selecionar o tema <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gem a partir <strong>de</strong> um questionamento. No nosso<br />

c<strong>as</strong>o, nos chama a atenção nesta mensagem visual o uso <strong>da</strong> escrita entre os habitantes do espaço urbano <strong>de</strong><br />

Pompéia.<br />

Logo, a escrita seria um tema <strong>de</strong> pesquisa pelo fato <strong>de</strong> Pompéia ter sido uma região <strong>de</strong> v<strong>as</strong>ta<br />

circulação <strong>de</strong> cultura escrita, palco <strong>de</strong> inscrições <strong>de</strong> diferente natureza como os grafites, cartazes <strong>de</strong><br />

programação <strong>de</strong> jogos, propagan<strong>da</strong> eleitoral, exaltação <strong>de</strong> vitóri<strong>as</strong> <strong>de</strong> guerra, além <strong>de</strong> versos difamatórios<br />

colocados em lugares públicos (G.Carvalho,R.Chartier:1998:17).<br />

Neste c<strong>as</strong>o, seria interessante pesquisar como ocorria a convivência <strong>de</strong> du<strong>as</strong> língu<strong>as</strong>, a saber: o<br />

grego e o latim em Pompéia. De acordo com Guy Achard, o bilingüismo havia se instaurado junto elite<br />

romana, a língua ática ou koiné era falado e escrito tanto pelos imperadores quanto pelos magistrados no<br />

exercício <strong>de</strong> su<strong>as</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s oficiais (G.Achard.1996:255). Entretanto, há sinais <strong>da</strong> presença acentua<strong>da</strong> do<br />

latim a partir do I aC., na imensidão do Império, em inscrições monumentais, administrativ<strong>as</strong>, parietais,<br />

funerári<strong>as</strong> e monetári<strong>as</strong>, com exceção d<strong>as</strong> regiões helenizad<strong>as</strong>.<br />

As inscrições <strong>de</strong> Pompéia provenientes do Corpus Inscriptionum Latinarum e <strong>da</strong> Inscriptiones<br />

Latinae Selectae permitem ratificar a presença do latim em Pompéia. Diante <strong>de</strong>ste vestígio, o pesquisador<br />

po<strong>de</strong> estabelecer uma aproximação com a população comum que circulava por entre <strong>as</strong> ruel<strong>as</strong>, tabern<strong>as</strong>,<br />

prostíbulos e nos arredores do anfiteatro. No conjunto estes espaços formavam um lugar antropológico(4) no<br />

qual os indivíduos vivenciaram e <strong>de</strong>finiram <strong>as</strong> su<strong>as</strong> relações concret<strong>as</strong> e simbólic<strong>as</strong>, <strong>de</strong>terminando ao espaço<br />

a configurar-se como lugar <strong>de</strong> atuação produtora <strong>de</strong> sentido para os seus habitantes.<br />

Outro tema <strong>de</strong> pesquisa que nos aponta a imagem está na apreensão do <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> letra Q,<br />

entendi<strong>da</strong> por nós como sendo a estrutura física do anfiteatro <strong>de</strong> Pompéia <strong>de</strong>nominado na época <strong>de</strong><br />

espetácula.<br />

A arquitetura <strong>de</strong>fine-se como espaço geométrico, lugar on<strong>de</strong> ocorriam os jogos e espetáculos na<br />

parte central/arena. Neste espaço central <strong>da</strong> arena estavam presentes os protagonist<strong>as</strong> do espetáculo: os<br />

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