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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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que fosse digno <strong>de</strong>les. 16 e confiavam ca<strong>da</strong> ano a suprema magistratura a um homem só, para este<br />

coman<strong>da</strong>r em todos os seus estados, e <strong>as</strong>sim todos obe<strong>de</strong>ciam a um só, sem haver entre eles nem inveja<br />

nem ciúme. (I Macabeus, Cap. 8, V. 14,15 e 16).<br />

Muit<strong>as</strong> foram <strong>as</strong> lut<strong>as</strong> entre Selêucid<strong>as</strong> e Egípcios pelo controle <strong>da</strong> Judéia, ambos Estados eram<br />

controlados por um Rei. Mesmo a Revolta Macabéia acontece contra os atos <strong>de</strong> um Rei selêuci<strong>da</strong>, <strong>as</strong>sim a<br />

<strong>de</strong>sconfiança dos ju<strong>de</strong>us quanto a um governo monárquico era gran<strong>de</strong>. Dessa forma, <strong>Roma</strong> e sua república<br />

pareciam crescer em status perante aos ju<strong>de</strong>us. Mesmo <strong>de</strong>monstrando conhecimento sobre os romanos, os<br />

ju<strong>de</strong>us se equivocam em dois pontos, primeiro, ao falarem que a magistratura era entregue a um só homem,<br />

quando na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> eram dois os cônsules. Em outro ponto, os ju<strong>de</strong>us parecem i<strong>de</strong>alizar <strong>Roma</strong> como uma<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> perfeita on<strong>de</strong> não há <strong>de</strong>savenç<strong>as</strong> e nem lut<strong>as</strong> pelo po<strong>de</strong>r somente pelo fato <strong>de</strong> ser uma república e<br />

ter um senado. Como já foi dito, durante o período <strong>de</strong> aproximação entre os povos, <strong>Roma</strong> estava em crise<br />

nos mais diversos âmbitos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e seu sistema político, tão exaltado pelos ju<strong>de</strong>us, <strong>da</strong>va mostr<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

que estava entrando em colapso.<br />

Em sua última parte, o capítulo dos Macabeus aqui estu<strong>da</strong>do apresenta o tratado <strong>de</strong> aliança feito<br />

entre os povos. E nele também há um ponto que merece ser <strong>de</strong>stacado. Ao falar d<strong>as</strong> obrigações dos ju<strong>de</strong>us<br />

para com os romanos c<strong>as</strong>o este povo seja atacado, o I Macabeus diz que: “ 25 a nação dos ju<strong>de</strong>us lhes <strong>da</strong>rá<br />

socorro com tô<strong>da</strong> a boa vonta<strong>de</strong>, conforme o pedir o tempo” (I Macabeus, Cap. 8, V.25). Ou seja, os ju<strong>de</strong>us<br />

<strong>de</strong>veriam aju<strong>da</strong>r aos romanos c<strong>as</strong>o estes necessit<strong>as</strong>sem. Este ponto do tratado não teria na<strong>da</strong> <strong>de</strong> relevante<br />

c<strong>as</strong>o o mesmo tratado não estabelecesse uma obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> diferente para os romanos em c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> aju<strong>da</strong><br />

aos ju<strong>de</strong>us, vejamos: “27..., se antes sobrevier também uma guerra á nação dos ju<strong>de</strong>us, os romanos lhes<br />

<strong>as</strong>sistirão <strong>de</strong> boa fé, segundo lhes permitir o tempo.”(I Macabeus, Cap. 8, V. 27). Os romanos <strong>de</strong>veriam<br />

aju<strong>da</strong>r aos ju<strong>de</strong>us em c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> guerra, m<strong>as</strong> c<strong>as</strong>o eles não pu<strong>de</strong>ssem não iriam, ou seja, a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

aju<strong>da</strong> em uma guerra valia apen<strong>as</strong> para um dos povos. Este seria um efeito-colateral para os ju<strong>de</strong>us do fato<br />

<strong>de</strong> fazerem uma aliança com um povo tão po<strong>de</strong>roso como <strong>Roma</strong>.<br />

Conclusões<br />

Trabalhamos apen<strong>as</strong> com uma fonte ju<strong>da</strong>ica, uma vez que <strong>as</strong> fontes greg<strong>as</strong> sobre a Revolta<br />

Macabéia e conseqüentemente sobre a aproximação entre ju<strong>de</strong>us e romanos não são disponíveis.Dessa<br />

forma, mais pesquis<strong>as</strong> são necessári<strong>as</strong> para uma melhor compreensão do tema.<br />

Pu<strong>de</strong>mos ver que a atuação romana na Palestina durante a Revolta Macabéia não ocorre <strong>de</strong> forma<br />

física, m<strong>as</strong> sim simbólica. Para os ju<strong>de</strong>us, foi muito importante estabelecer uma aliança com um povo tão<br />

po<strong>de</strong>roso como os romanos, que tão logo <strong>as</strong>sumem o papel <strong>de</strong> aliados ju<strong>de</strong>us já ameaçam o rei Demétrio<br />

c<strong>as</strong>o este não par<strong>as</strong>se com su<strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong> aos ju<strong>de</strong>us, segundo o I Macabeus em seu versículo 31.<br />

Em suma, <strong>Roma</strong> chegava em uma região <strong>de</strong> forma amistosa e somente muitos anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ste<br />

primeiro contato os aliados entrariam em conflito. Para <strong>Roma</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua ótica imperialista, mais um<br />

Estado-V<strong>as</strong>salo era muito bem vindo, ain<strong>da</strong> mais sem guerr<strong>as</strong>. Mesmo sem man<strong>da</strong>r legiões para a Judéia<br />

durante a revolta dos ju<strong>de</strong>us contra Antíoco IV, <strong>Roma</strong> parece ter sido muito importante para que os ju<strong>de</strong>us<br />

conseguissem sua in<strong>de</strong>pendência do jugo selêuci<strong>da</strong>. Concretiza<strong>da</strong> a in<strong>de</strong>pendência, os ju<strong>de</strong>us gozavam <strong>da</strong><br />

proteção <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> e esta expandia sua influência em uma região que até hoje é muito importante<br />

estrategicamente.<br />

DOCUMENTAÇÃO:<br />

I Macabeus, BÍBLIA SAGRADA. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Barsa, Rio <strong>de</strong> Janeiro.1969.<br />

BIBLIOGRAFIA:<br />

ALFÖLDY, Géza. A crise social <strong>da</strong> república e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> romana In: ALFOLDY, Géza. A História Social<br />

<strong>de</strong> <strong>Roma</strong>.Lisboa: Editorial Presença, 1989, p.81-109.<br />

CARDOSO, Ciro. A semiótica textual e busca do sentido, In: CARDOSO, Ciro, Narrativa, Sentido e História.<br />

SP, Papirus, 1997 p 101-155.<br />

CARDOSO, Ciro & VAINFAS, Ronaldo. História e análise <strong>de</strong> textos. In: CARDOSO, Ciro & VAINFAS,<br />

Ronaldo. Domínios <strong>da</strong> História. Campin<strong>as</strong>, Campus, 1997. p. 375-399<br />

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