Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
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A causa para ess<strong>as</strong> tensões podia ser a pouca mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> existente <strong>de</strong>ntro do império (ALFÖLDY,<br />
1989). O <strong>de</strong>scontentamento era geral, os escravos não tinham esperanç<strong>as</strong> <strong>de</strong> melhorarem sua condição,<br />
tampouco os proletários urbanos, enquanto que na Itália, o <strong>de</strong>sejo maior <strong>da</strong> população era alcançar a<br />
ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia romana. Em suma, uma crise generaliza<strong>da</strong> que perp<strong>as</strong>sava <strong>Roma</strong> e atingia to<strong>da</strong> a península itálica.<br />
Pu<strong>de</strong>mos ver que <strong>Roma</strong> havia crescido <strong>de</strong> tal forma que <strong>as</strong> instituições criad<strong>as</strong> para aten<strong>de</strong>r ás<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-estado não mais suportavam o peso <strong>de</strong> um império mundial. Assim, vemos que<br />
tanto os romanos quanto os ju<strong>de</strong>us sofreram com graves crises durante o século II a.C.<br />
Após <strong>de</strong>monstrar <strong>as</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Judéia e <strong>de</strong> <strong>Roma</strong> antes do primeiro encontro entre os povos,<br />
po<strong>de</strong>mos então partir para a análise d<strong>as</strong> razões que levaram os ju<strong>de</strong>us a se aproximarem dos romanos e <strong>as</strong><br />
que levaram estes a aceitarem esta aproximação, <strong>de</strong>clarando a Judéia como estado-v<strong>as</strong>salo <strong>de</strong> <strong>Roma</strong>.<br />
Fonte e metodologia.<br />
Para estu<strong>da</strong>r este primeiro contato entre ju<strong>de</strong>us e romanos utilizamos os relatos contidos no I<br />
Macabeus. Esta é uma importante fonte, pois é um ponto <strong>de</strong> vista ju<strong>de</strong>u sobre a aproximação entre os povos.<br />
Não trabalhamos aqui com fontes greg<strong>as</strong>, ou selêucid<strong>as</strong> que relatem a Rebelião Macabéia e<br />
conseqüentemente o tratado estabelecido entre ju<strong>de</strong>us e romanos. Para o estudo <strong>de</strong>sta versão dos<br />
acontecimentos utilizaremos o método <strong>da</strong> semiótica (CARDOSO, 1997).<br />
Vejamos então uma re<strong>de</strong> temática cria<strong>da</strong> para a análise do documento. Como já foi dito,<br />
trabalhamos com o I Macabeus, e esta re<strong>de</strong> é referente ao capítulo 8 intitulado Aliança com os romanos. Este<br />
capítulo é essencial, pois <strong>de</strong>monstra como foi feita a negociação com os romanos e <strong>as</strong> b<strong>as</strong>es do contrato<br />
estabelecido.<br />
Re<strong>de</strong> temática:<br />
Elementos temáticos Elementos figurativos Axiologia<br />
Visão dos romanos pelos<br />
ju<strong>de</strong>us<br />
X<br />
Interesses ju<strong>de</strong>us<br />
Atributos romanos =<br />
“ eram po<strong>de</strong>rosos em força e<br />
con<strong>de</strong>scendiam em tudo que se lhes<br />
pedia” (L.1)<br />
“E que o seu po<strong>de</strong>r era gran<strong>de</strong>” (L.1)<br />
“E os tinham sujeitado a pagar<br />
tributos” (L.2)<br />
“e os reduziram à servidão até os<br />
di<strong>as</strong> <strong>de</strong> hoje” (L10)<br />
“nenhum entre eles trazia o<br />
dia<strong>de</strong>ma” (L.14)<br />
X<br />
Elementos do interesse ju<strong>de</strong>u =<br />
“conservavam cui<strong>da</strong>dosamente <strong>as</strong><br />
alianç<strong>as</strong> que tinham feito com seus<br />
amigos” (L12)<br />
“e para que lhes tir<strong>as</strong>sem o jugo dos<br />
gregos, porque viam que estes<br />
reduziam a escravidão o povo <strong>de</strong><br />
Israel”(L.18)<br />
“e para estabelecer paz entre nós e<br />
a fim <strong>de</strong> para que vós nos contei no<br />
número <strong>de</strong> vossos aliados e dos<br />
vossos amigos.” (L.22)<br />
47<br />
Política = Os Ju<strong>de</strong>us viam em <strong>Roma</strong><br />
a fonte para se alcançar a<br />
estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> política na região.<br />
I<strong>de</strong>ologia = A aproximação partia dos<br />
ju<strong>de</strong>us, logo po<strong>de</strong>mos ver que <strong>Roma</strong><br />
é introduzi<strong>da</strong> na região.<br />
Cultural = Os ju<strong>de</strong>us pareciam<br />
conhecer bem a cultura romana e<br />
principalmente su<strong>as</strong> instituições,<br />
entretanto não po<strong>de</strong>mos dizer o<br />
mesmo para os conhecimentos<br />
romanos sobre o povo ju<strong>de</strong>u. Esta<br />
falta <strong>de</strong> conhecimento sobre a cultura<br />
ju<strong>da</strong>ica, principalmente sobre a<br />
religião po<strong>de</strong>ria ser visto como o<br />
maior empecilho para a conquista <strong>da</strong><br />
região, inicia<strong>da</strong> com a toma<strong>da</strong> do<br />
Templo <strong>de</strong> Jerusalém por Pompeu<br />
Magnus.<br />
Análise <strong>da</strong> fonte:<br />
Esta re<strong>de</strong> nos permite ver que o capítulo aqui estu<strong>da</strong>do apresenta du<strong>as</strong> temátic<strong>as</strong> bem<br />
estabelecid<strong>as</strong>, <strong>de</strong> um lado temos a <strong>de</strong>scrição dos romanos feita pelos ju<strong>de</strong>us e <strong>de</strong> outro os interesses que os