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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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ju<strong>de</strong>us teriam para se aproximar dos romanos. Dentro <strong>de</strong>sta temática po<strong>de</strong>mos ver a aproximação através <strong>da</strong><br />

ótica política, cultural e i<strong>de</strong>ológica.<br />

Politicamente era importante para <strong>Roma</strong> aumentar sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em uma região que estava<br />

em guerra há muitos anos. Já para os ju<strong>de</strong>us, o pedido <strong>de</strong> aju<strong>da</strong> a <strong>Roma</strong> foi a forma encontra<strong>da</strong> para o<br />

sucesso no processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência e para uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> política na região. Ao se <strong>as</strong>sociarem a<br />

<strong>Roma</strong>, os ju<strong>de</strong>us garantiam o respeito dos povos que o circun<strong>da</strong>vam.<br />

No âmbito cultural, o I Macabeus evi<strong>de</strong>ncia que os ju<strong>de</strong>us conheciam algo sobre a cultura romana e<br />

sua política, ao contrário dos romanos, que pareciam saber muito pouco sobre o povo com quem faziam uma<br />

aliança. Este <strong>de</strong>sconhecimento sobre os ju<strong>de</strong>us atrapalharia anos mais tar<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> romanização <strong>da</strong><br />

região, <strong>as</strong>sim vemos que <strong>Roma</strong>, ao ser chama<strong>da</strong> pelos ju<strong>de</strong>us para intervir na região, beneficiou-se, pelo<br />

menos temporariamente, uma vez que não precisou se <strong>de</strong>sg<strong>as</strong>tar com guerr<strong>as</strong>. Este primeiro contato<br />

amigável foi importante <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ologia do imperialismo, uma vez que <strong>Roma</strong> expandia seu po<strong>de</strong>r sem<br />

g<strong>as</strong>tar homens, tempo e riqueza para isso.<br />

Vejamos agora outros trechos <strong>de</strong>ste capítulo do Macabeus, trechos que merecem ser analisados<br />

com cui<strong>da</strong>do. Comecemos pelo início do capítulo: 1 Então ouviu Jud<strong>as</strong> falar <strong>da</strong> reputação dos romanos, e<br />

como eles eram po<strong>de</strong>rosos em força e con<strong>de</strong>scendiam em tudo que se lhes pedia: e que tinham estabelecido<br />

amiza<strong>de</strong>s com todos quanto se haviam chegado a eles. E que o seu po<strong>de</strong>r era gran<strong>de</strong>....(I Macabeus, Cap.<br />

8, V.1)<br />

De forma pragmática, os ju<strong>de</strong>us tinham a idéia <strong>de</strong> que os romanos eram fortes e que além <strong>de</strong> fortes<br />

gostavam <strong>de</strong> estabelecer amiza<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> fazer alianç<strong>as</strong> com outros povos. No contexto do imperialismo<br />

romano, tudo isto tem lógica. Era importante para os romanos conseguir estabelecer alianç<strong>as</strong> com os mais<br />

diversos povos, e <strong>de</strong>stes extrair o máximo que conseguissem. Neste trecho os elementos <strong>de</strong> euforização<br />

(CARDOSO & VAINFAS, 1997), ou seja, partes do texto em que o autor valoriza com <strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> um ato ou<br />

uma p<strong>as</strong>sagem do texto, po<strong>de</strong>m ser vistos n<strong>as</strong> expressões: “po<strong>de</strong>rosos em força” e “seu po<strong>de</strong>r era gran<strong>de</strong>”. O<br />

inimigo dos ju<strong>de</strong>us era um gran<strong>de</strong> império no oriente, <strong>as</strong>sim, o melhor que eles tinham a fazer era buscar uma<br />

aliança com um gran<strong>de</strong> império, neste c<strong>as</strong>o, do oci<strong>de</strong>nte. Na<strong>da</strong> mais normal que valorizar a força dos<br />

romanos para que eles pu<strong>de</strong>ssem ser vistos como o aliado i<strong>de</strong>al.<br />

A exaltação dos feitos romanos po<strong>de</strong>m ser vistos nos versículos 2, 3, 4, 5, 6, 7, e 8, que narram <strong>as</strong><br />

proez<strong>as</strong> roman<strong>as</strong>, su<strong>as</strong> batalh<strong>as</strong> e conquist<strong>as</strong> n<strong>as</strong> mais divers<strong>as</strong> partes do mundo mediterrânico, Espanha, a<br />

Ásia e Macedônia são os lugares <strong>de</strong>scritos. Os ju<strong>de</strong>us também <strong>de</strong>monstravam que sabiam que os romanos<br />

tão logo conquistavam uma região partiam para sua exploração. Eles sabiam que os romanos tinham<br />

provínci<strong>as</strong> em boa parte do mundo conhecido e mesmo <strong>as</strong>sim arriscaram-se em chamar para aliados um<br />

povo tão po<strong>de</strong>roso e em constante busca <strong>de</strong> expansão.<br />

Vejamos fragmentos em que os ju<strong>de</strong>us mostram saber sobre esta característica romana <strong>de</strong><br />

exploração <strong>de</strong> provínci<strong>as</strong>: “...e o tinham obrigado a que lhes pag<strong>as</strong>se ele, e aos que rein<strong>as</strong>sem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le<br />

um gran<strong>de</strong> tributo...” (I Macabeus, Cap. 8, V.7). Nesta parte eles se referem à vitória sobre Antíoco na Ásia,<br />

que fazia parte do cotidiano dos ju<strong>de</strong>us, logo qualquer batalha envolvendo a Síria po<strong>de</strong>ria ser facilmente<br />

<strong>de</strong>scoberta pelos ju<strong>de</strong>us, m<strong>as</strong> o que dizer dos Gálat<strong>as</strong>? Como os Ju<strong>de</strong>us saberiam que os romanos haviam<br />

tomado a região <strong>da</strong> Galácia e feito com que ela fosse obriga<strong>da</strong> a pagar tributos? De que forma, não sabemos,<br />

m<strong>as</strong> sabemos <strong>da</strong> consciência <strong>de</strong>les para este fato através do trecho: “E ouviram contar su<strong>as</strong> batalh<strong>as</strong>, e <strong>as</strong><br />

gran<strong>de</strong>s proez<strong>as</strong> que haviam feito na Galácia , e os tinham sujeitado a pagar tributos.” (I Macabeus, Cap. 8,<br />

V.2). Vale ressaltar que, somente com a toma<strong>da</strong> do templo <strong>de</strong> Jerusalém por Pompeu Magno em 63 a.C, a<br />

região começa a ser romaniza<strong>da</strong>, o que contraia a informação <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Macabeus n<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> acima, que diz<br />

que os romanos <strong>as</strong>sim que chegavam em uma região partiam para seu completo domínio.<br />

O que vimos acima serve para <strong>de</strong>monstrar que os ju<strong>de</strong>us tinham consciência <strong>da</strong> política imperialista<br />

romana, que já havia tomado forma no século II a.C. e que seria fun<strong>da</strong>mental para a transformação <strong>da</strong><br />

República em Império.<br />

Outra característica romana que parece ter influenciado o <strong>de</strong>sejo ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> ter aquele povo como<br />

aliado era a República. Os ju<strong>de</strong>us viam o sistema republicano com bons olhos, e isto po<strong>de</strong> ser visto no<br />

trecho: 14 E que sem embargo <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> est<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, nenhum entre eles trazia o dia<strong>de</strong>ma, nem se vestia <strong>de</strong><br />

púrpura para com ela se engran<strong>de</strong>cer. 15 m<strong>as</strong> que tinham estabelecido entre si um senado, e que todos os<br />

di<strong>as</strong> consultavam 320 senadores, tendo sempre conselhos sobre os negócios <strong>da</strong> república, para obrarem o<br />

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