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Roma e as sociedades - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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nativos bretões. O oppidum <strong>de</strong> Camulodunon tornou-se capital <strong>de</strong> Cunobelinus por volta <strong>de</strong> 10 d.C. e por fim,<br />

pel<strong>as</strong> su<strong>as</strong> conquist<strong>as</strong>, a “capital” <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte do sul <strong>da</strong> Britânia. Da mesma maneira, aquilo que supria<br />

<strong>as</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cunobelinus e o modo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> econômica geral <strong>da</strong> região belga <strong>da</strong> Britânia, não<br />

necessariamente supriria <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> condições após a conquista. No entanto, Camulodunon, como “capital”<br />

bretã, também era o local mais atrativo para a primeira ci<strong>da</strong><strong>de</strong> na Britânia <strong>Roma</strong>na, sendo além disso<br />

escolhi<strong>da</strong> como centro do culto imperial.<br />

Camulodunum é a forma romaniza<strong>da</strong> do nome bretão Camulodunon, significando “fortaleza <strong>de</strong><br />

Camulos”, o <strong>de</strong>us celta <strong>da</strong> guerra. No tempo <strong>da</strong> conquista romana <strong>de</strong> 43 d.C. ela era o principal centro <strong>da</strong><br />

tribo dos trinovantes, que ocupava aproxima<strong>da</strong>mente a área correspon<strong>de</strong>nte a Essex e parte sul <strong>de</strong> Sufflok. A<br />

primeira vez que a tribo aparece em registro escrito em 54 a.C. quando Mandubracius, um jovem príncipe<br />

trinovante, foge e pe<strong>de</strong> aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> Julio César após seu pai ser morto por C<strong>as</strong>sivellaunus, rei dos vizinhos<br />

Catuvellauni. Após a <strong>de</strong>rrota <strong>de</strong> C<strong>as</strong>sivellaunus por César, Mandubracius retornou para sua tribo,<br />

provavelmente para se tornar rei. O nome do <strong>as</strong>sentamento é mencionado por Ptolomeu em seu tratado<br />

Geografia (II,2) como capital dos trinovantes. Tácito também o faz, informando sobre seu status <strong>de</strong> colônia (2)<br />

Além disso, “O nome completo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pô<strong>de</strong> ser recuperado a partir <strong>de</strong> uma inscrição não <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> que<br />

<strong>de</strong>signa Gnaeus Munatius Aurelius B<strong>as</strong>sus como censor <strong>da</strong> Colonia Victricensis Camulodunum, localiza<strong>da</strong> na<br />

Bretanha (I.L.S. 2740), bem como através <strong>de</strong> uma outra inscrição não <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong> em Londres, no<br />

túmulo <strong>de</strong> G. Pomponius Valens, Também originário <strong>de</strong> Camulodunum. (J.R.S lii, 191, no. 1).” (DAVIDSON,<br />

2004,183)<br />

A maior parte <strong>de</strong> Camulodunum está disposta num pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> terra cerca<strong>da</strong> na parte norte pelo rio<br />

Colne e no sul pelo rio <strong>Roma</strong>no. Era protegi<strong>da</strong> por uma série <strong>de</strong> obstáculos <strong>de</strong> terra medindo 24 km <strong>de</strong><br />

comprimento. Esse sistema é provavelmente um dos maiores do seu tipo e época conhecidos na Britânia e<br />

comprovam a gran<strong>de</strong> importância <strong>de</strong> Camulodunum na era do ferro. O <strong>as</strong>sentamento foi transformado em um<br />

forte a partir <strong>de</strong> uma cui<strong>da</strong>dosa combinação <strong>de</strong> obstáculos, <strong>as</strong>sim como pelos atributos naturais <strong>da</strong> região,<br />

como vales, rios e floresta <strong>de</strong>nsa. O sistema <strong>de</strong> obstáculos <strong>de</strong> terra não parece ter sido parte <strong>de</strong> um plano a<br />

longo prazo, m<strong>as</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les parece ter sido adicionado para <strong>da</strong>r algum aprimoramento específico ao<br />

sistema já existente. A complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e escala do sistema sugerem que não se tratava apen<strong>as</strong> <strong>de</strong> uma<br />

extravagante forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> status, m<strong>as</strong> um aparato <strong>de</strong>fensivo que repeti<strong>da</strong>mente foi necessário<br />

e freqüentemente aprimorado. Esse sistema parece ter sido bem eficiente contra carroç<strong>as</strong> <strong>de</strong> guerra. A maior<br />

parte <strong>de</strong>sses obstáculos estavam na parte oeste para oferecer proteção <strong>de</strong> ataques <strong>da</strong>quela direção.(3)<br />

Consi<strong>de</strong>rando a área circun<strong>da</strong>nte a Camulodunum, é possível separá-la em três sítios: Gosbecks –<br />

on<strong>de</strong> se localizava <strong>de</strong> fato o oppidum fortificado bretão –; Sheepen Farm – que concentrava os locais <strong>de</strong><br />

culto, comércio e manufatura nativos –; e então o local <strong>de</strong> fato on<strong>de</strong> se constituiu o forte e, posteriormente, a<br />

colonia. Apesar <strong>de</strong> possuírem cert<strong>as</strong> funções polític<strong>as</strong>, econômic<strong>as</strong> e religios<strong>as</strong>, o complexo Gosbecks-<br />

Sheepen dificilmente po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado como urbano (DAVIDSON, 2004).<br />

Cabe <strong>de</strong>stacar o fato <strong>de</strong> que o forte, e posteriormente a colonia, não foram fun<strong>da</strong>dos no mesmo<br />

lugar em que se encontrava o oppidum, m<strong>as</strong> a uma curta distância <strong>de</strong>le. O <strong>as</strong>sentamento bretão, com du<strong>as</strong><br />

edificações precári<strong>as</strong> e dispers<strong>as</strong>, pouco tinha para oferecer como b<strong>as</strong>e para a urbanização planifica<strong>da</strong>. Tal<br />

atitu<strong>de</strong> seria, talvez, algo <strong>de</strong>snecessário e provocativo, que não traria qualquer benefício prático. Assim, o<br />

forte se transformou num lugar do qual emanava um po<strong>de</strong>r novo, que se sustentava, a princípio, pelo po<strong>de</strong>r<br />

militar dos legionários, m<strong>as</strong> que <strong>de</strong>via criar novos e mais sólidos mecanismos <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção do po<strong>de</strong>r na<br />

região.<br />

A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> foi construí<strong>da</strong> seguindo o mo<strong>de</strong>lo planificado hipo<strong>da</strong>miano. O cardus maximus foi traçado<br />

na direção leste-oeste, sendo a partir <strong>da</strong> porta <strong>da</strong> região oeste que penetrava na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> a estra<strong>da</strong> que a<br />

ligava a Londinium.<br />

Um templo monumental foi construído em Camulodunum por volta <strong>de</strong> 44 d.C., cuja grandiosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

era <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> ao Imperador Claudio. Ele estava localizado no meio <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> habitações civis,<br />

provavelmente com a intenção <strong>de</strong> lembrar aos nativos que agora eram servos <strong>de</strong> <strong>Roma</strong>.<br />

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