06.01.2015 Views

o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Existe ao menos um esta<strong>do</strong> de coisas moralmente mau € que é tal<br />

que ou Deus não t<strong>em</strong> o direito de permitir que € ocorra, ou não há<br />

um bom esta<strong>do</strong> de coisas y, tal que, permitir a ocorrência de € (ou de<br />

algo que no mínimo seja igualmente ruim) seja a única maneira<br />

moralmente admissível para que Deus possa tornar possível a<br />

ocorrência de y, que Deus faça tu<strong>do</strong> que ele puder para levar a efeito<br />

y e que, suposto esse último, o valor que é espera<strong>do</strong> da permissão<br />

de € seja positivo. 87<br />

Essa pr<strong>em</strong>issa 4* é de caráter contingente e indica, pelo seu conteú<strong>do</strong>,<br />

que o ateu continuará questionan<strong>do</strong> a assertividade <strong>do</strong> argumento. Afinal,<br />

espera-se que haja algum <strong>mal</strong> tão terrível que Deus não poderá permitir que<br />

ocorra. A bondade de Deus não deve ser compatível com tal permissão e<br />

assim a objeção levantada pelo ateu parece procedente.<br />

Para Swinburne, o argumento ateu se apóia <strong>em</strong> um raciocínio dedutivo<br />

cuja inferência é obtida a partir de uma pr<strong>em</strong>issa falsa. Nesse caso, admitir a<br />

não existência de Deus é a conclusão a que se chega a partir da pr<strong>em</strong>issa de<br />

que Deus não pode permitir que algo ruim ocorra. A conclusão não se justifica,<br />

pois parte de uma pr<strong>em</strong>issa que não traz toda a extensão <strong>do</strong> conceito proposto.<br />

A alternativa proposta por Swinburne consiste <strong>em</strong> apresentar uma<br />

justificação que se baseia na seguinte concepção epistêmica já mencionada:<br />

um sujeito S está justifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> admitir como racionais suas crenças <strong>em</strong><br />

hipóteses que surg<strong>em</strong> da inclinação de S para admiti-las, se não há fortes<br />

razões contrárias às mesmas.<br />

Porém mesmo que a justificação de uma crença se dê por causa <strong>do</strong> seu<br />

caráter básico, o teísta deve expô-la de maneira coerente. Esse é o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

argumento reelabora<strong>do</strong> para que o outro acredite que sua crença, de que<br />

existe um Deus, é algo plausível, apesar <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong>.<br />

Postula<strong>do</strong> tal argumento, ver<strong>em</strong>os a seguir como Swinburne interpreta o<br />

papel que o <strong>mal</strong> representa no conjunto da criação e como esse pode servir<br />

aos bons propósitos que Deus t<strong>em</strong> para com to<strong>do</strong> o conjunto cria<strong>do</strong> e<br />

especialmente para com o hom<strong>em</strong>.<br />

87 “There is at least one morally bad state which is such that either God <strong>do</strong>es not have the right<br />

to allow to occur, or there is no good state , such that allowing (or a state at least equally<br />

bad) to occur is the only morally permissible way in which God can make possible the<br />

occurrence of , that God <strong>do</strong>es all else that he can to bring about , and that, given the latter,<br />

the expected value of allowing is positive. (SWINBURNE, Richard, Providence and the<br />

Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998. p.13-14)<br />

102

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!