o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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Existe ao menos um esta<strong>do</strong> de coisas moralmente mau € que é tal<br />
que ou Deus não t<strong>em</strong> o direito de permitir que € ocorra, ou não há<br />
um bom esta<strong>do</strong> de coisas y, tal que, permitir a ocorrência de € (ou de<br />
algo que no mínimo seja igualmente ruim) seja a única maneira<br />
moralmente admissível para que Deus possa tornar possível a<br />
ocorrência de y, que Deus faça tu<strong>do</strong> que ele puder para levar a efeito<br />
y e que, suposto esse último, o valor que é espera<strong>do</strong> da permissão<br />
de € seja positivo. 87<br />
Essa pr<strong>em</strong>issa 4* é de caráter contingente e indica, pelo seu conteú<strong>do</strong>,<br />
que o ateu continuará questionan<strong>do</strong> a assertividade <strong>do</strong> argumento. Afinal,<br />
espera-se que haja algum <strong>mal</strong> tão terrível que Deus não poderá permitir que<br />
ocorra. A bondade de Deus não deve ser compatível com tal permissão e<br />
assim a objeção levantada pelo ateu parece procedente.<br />
Para Swinburne, o argumento ateu se apóia <strong>em</strong> um raciocínio dedutivo<br />
cuja inferência é obtida a partir de uma pr<strong>em</strong>issa falsa. Nesse caso, admitir a<br />
não existência de Deus é a conclusão a que se chega a partir da pr<strong>em</strong>issa de<br />
que Deus não pode permitir que algo ruim ocorra. A conclusão não se justifica,<br />
pois parte de uma pr<strong>em</strong>issa que não traz toda a extensão <strong>do</strong> conceito proposto.<br />
A alternativa proposta por Swinburne consiste <strong>em</strong> apresentar uma<br />
justificação que se baseia na seguinte concepção epistêmica já mencionada:<br />
um sujeito S está justifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> admitir como racionais suas crenças <strong>em</strong><br />
hipóteses que surg<strong>em</strong> da inclinação de S para admiti-las, se não há fortes<br />
razões contrárias às mesmas.<br />
Porém mesmo que a justificação de uma crença se dê por causa <strong>do</strong> seu<br />
caráter básico, o teísta deve expô-la de maneira coerente. Esse é o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
argumento reelabora<strong>do</strong> para que o outro acredite que sua crença, de que<br />
existe um Deus, é algo plausível, apesar <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong>.<br />
Postula<strong>do</strong> tal argumento, ver<strong>em</strong>os a seguir como Swinburne interpreta o<br />
papel que o <strong>mal</strong> representa no conjunto da criação e como esse pode servir<br />
aos bons propósitos que Deus t<strong>em</strong> para com to<strong>do</strong> o conjunto cria<strong>do</strong> e<br />
especialmente para com o hom<strong>em</strong>.<br />
87 “There is at least one morally bad state which is such that either God <strong>do</strong>es not have the right<br />
to allow to occur, or there is no good state , such that allowing (or a state at least equally<br />
bad) to occur is the only morally permissible way in which God can make possible the<br />
occurrence of , that God <strong>do</strong>es all else that he can to bring about , and that, given the latter,<br />
the expected value of allowing is positive. (SWINBURNE, Richard, Providence and the<br />
Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998. p.13-14)<br />
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