o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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CAPÍTULO III<br />
A TEODICÉIA DE SWINBURNE<br />
1. PRESSUPOSTOS DA TEODICÉIA DE SWINBURNE.<br />
Com o entendimento de que uma teodicéia pretende justificar Deus<br />
frente ao <strong>mal</strong> no mun<strong>do</strong>, vamos, a seguir, analisar especificamente a estratégia<br />
<strong>do</strong> autor britânico, objetivan<strong>do</strong> identificar as bases de seu argumento.<br />
Reconhecen<strong>do</strong> que o <strong>mal</strong> realmente é uma forte razão contra a hipótese<br />
por ele defendida, mas especialmente que a quantidade de <strong>mal</strong> no mun<strong>do</strong> pode<br />
ser um fator crucial nesse debate, Swinburne se debruça sobre a tarefa de<br />
explicar como a hipótese teísta pode ser sustentada frente a tal indício.<br />
Swinburne assume a postura de um pensa<strong>do</strong>r cristão e nesse caso<br />
precisamos compreender que na discussão das questões <strong>do</strong> teísmo ele é<br />
também influencia<strong>do</strong> pela tradição teológica da qual o ocidente é herdeiro.<br />
Nessas discussões estão presentes o conceito de Deus e seus atributos<br />
próprios de tal tradição, b<strong>em</strong> como os propósitos de Deus com a criação e o<br />
senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong> no contexto desses propósitos.<br />
Pod<strong>em</strong>os dizer que sua tese central se resume na afirmação de que o<br />
<strong>mal</strong> deve ser entendi<strong>do</strong> no contexto das ações de Deus para prover o mun<strong>do</strong> e<br />
suas criaturas <strong>do</strong> que de melhor possa existir. Sua intenção é responder a esta<br />
pergunta: “Deve Deus ter alguma boa razão para permitir que coisas ruins<br />
aconteçam <strong>em</strong>bora não consigamos ver qual seja a razão” (SWINBURNE,<br />
1998, p.14)<br />
Essa é a questão da qual o teísta não pode se eximir. Nesse caso, sua<br />
teodicéia não se contenta com justificar as ações de Deus diante da faticidade<br />
<strong>do</strong> <strong>mal</strong>, mas vai além. Considera que dev<strong>em</strong>os entender como plausíveis as<br />
razões que Deus t<strong>em</strong> para permitir que o <strong>mal</strong> ocorra.<br />
Considerar<strong>em</strong>os o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong> nessa perspectiva. Iniciamos<br />
abordan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is pressupostos básicos de sua argumentação. O primeiro<br />
pressuposto é o seguinte: a solução <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> não passa pelo repensar <strong>do</strong>s<br />
atributos de Deus, mas sim pela busca <strong>do</strong>s critérios que pod<strong>em</strong> justificar que o<br />
<strong>mal</strong> é aceitável, pois trará algum b<strong>em</strong>. O outro pressuposto é que o argumento<br />
<strong>do</strong> teísmo difere <strong>do</strong> argumento <strong>do</strong> ateísmo quanto à sua consistência lógica.<br />
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