o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Nesse senti<strong>do</strong> somos leva<strong>do</strong>s por Swinburne a compreender por que<br />
tais <strong>mal</strong>es não deveriam ser elimina<strong>do</strong>s ou no mínimo impedi<strong>do</strong>s de suas<br />
conseqüências pelo Cria<strong>do</strong>r deste mun<strong>do</strong>.<br />
3. O SENTIDO DO MAL NATURAL<br />
Do que vimos até aqui e como já destacamos no capítulo anterior, o<br />
conceito de <strong>mal</strong> natural aplica-se aos eventos que produz<strong>em</strong> <strong>do</strong>r e sofrimento<br />
s<strong>em</strong> a ação direta ou mesmo a interferência intencional de agentes livres.<br />
Eventos de conseqüências terríveis que muitas vezes surg<strong>em</strong> <strong>em</strong> função <strong>do</strong><br />
funcionamento natural <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
O funcionamento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> como concebi<strong>do</strong> por Swinburne é <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de<br />
esta<strong>do</strong>s contingentes que, dentro de um propósito maior <strong>do</strong> cria<strong>do</strong>r, pod<strong>em</strong><br />
prover toda a criação de oportunidades incontáveis e novas a cada momento.<br />
E, segun<strong>do</strong> Swinburne, o <strong>mal</strong> natural pode ampliar essas oportunidades:<br />
O <strong>mal</strong> natural amplia enorm<strong>em</strong>ente o leque de bons desejos que os<br />
agentes têm e pod<strong>em</strong> cultivar, como também as ações disponíveis<br />
para eles, e, no caso de agentes livres como os homens, o leque de<br />
ações que eles pod<strong>em</strong> livr<strong>em</strong>ente escolher. 97<br />
Assim, o <strong>mal</strong> natural torna-se uma condição necessária para o exercício<br />
da vida. Com ele, a criação pode aprender a dar respostas. A presença <strong>do</strong> <strong>mal</strong><br />
natural possibilita respostas mais significativas, cuja qualidade só pode ser<br />
esperada <strong>do</strong>s agentes livres por se encontrar<strong>em</strong> expostos a to<strong>do</strong> tipo de<br />
situação.<br />
Essas situações provê<strong>em</strong> a oportunidade para o desenvolvimento de<br />
sentimentos e características da personalidade humana, que por não ser<strong>em</strong><br />
assumidas como inatas precisam ser aprendidas e incorporadas pelos<br />
indivíduos. Por ex<strong>em</strong>plo, ações corajosas, decisão <strong>em</strong> ajudar, capacidade de<br />
reação, são alguns ex<strong>em</strong>plos, de sentimentos e atitudes que pod<strong>em</strong> ser<br />
adquiridas diante das necessidades geradas pelos infortúnios que<br />
acompanham as criaturas.<br />
97 “I shall be arguing in this chapter that natural evil extends enormously the range of good<br />
desires which agents have and may cultivate; and the actions available to th<strong>em</strong> and, in the case<br />
of free agents such as humans, the range of actions which they can freely choose.”<br />
(SWINBURNE, Richard, Providence and the Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998.<br />
p.160).<br />
114