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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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Positivamente, ver<strong>em</strong>os que a orig<strong>em</strong> de to<strong>do</strong> <strong>mal</strong> no mun<strong>do</strong> é a<br />

desord<strong>em</strong> introduzida pela ação livre <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>. Sen<strong>do</strong> a liberdade algo<br />

positivo, é algo bom. Toda a realidade estaria harmonizada com os propósitos<br />

divinos, se o hom<strong>em</strong> não tivesse desobedeci<strong>do</strong>. A perfeição da vontade<br />

humana consiste <strong>em</strong> agir <strong>em</strong> conformidade com a vontade <strong>do</strong> Cria<strong>do</strong>r. A<br />

desobediência é a privação <strong>do</strong> que deveria ser. Tal desobediência trouxe<br />

conseqüências más, tanto de ord<strong>em</strong> moral, quanto natural. Para Agostinho, o<br />

<strong>mal</strong> é resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> peca<strong>do</strong>.<br />

Trata-se <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> que desde a queda – atribuída na Bíblia ao primeiro<br />

hom<strong>em</strong> e por ele a toda a humanidade – é um el<strong>em</strong>ento inegavelmente<br />

presente na raça humana e esse é também um fator que compromete a ord<strong>em</strong><br />

de toda a criação. Este peca<strong>do</strong> (original) afeta a vontade livre, um b<strong>em</strong> <strong>do</strong> qual<br />

to<strong>do</strong>s são <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s. O mau uso da vontade afetada pelo peca<strong>do</strong> é que<br />

manifesta o caráter imperfeito de to<strong>do</strong>s os homens.<br />

Por natureza a vontade deveria tender ao B<strong>em</strong> Supr<strong>em</strong>o, mas como<br />

exist<strong>em</strong> muitos bens cria<strong>do</strong>s e finitos, na medida <strong>em</strong> que a vontade tende para<br />

esses bens subverte a ord<strong>em</strong> hierárquica, subordinan<strong>do</strong> a alma ao corpo e<br />

deixan<strong>do</strong>-se levar pela concupiscência. Então se pratica o <strong>mal</strong> moral.<br />

Procurei o que era a <strong>mal</strong>dade e não encontrei uma substância, mas<br />

sim uma perversão da vontade desviada da substância supr<strong>em</strong>a –<br />

de Vós, ó Deus – e tenden<strong>do</strong> para coisas baixas. 7 .<br />

O <strong>mal</strong> moral, rigorosamente falan<strong>do</strong>, não é uma realidade <strong>em</strong> si, mas<br />

apenas a carência da orientação natural da vontade para o B<strong>em</strong> verdadeiro.<br />

Trata-se de sua inclinação a buscar o seu b<strong>em</strong> longe de Deus, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

associan<strong>do</strong>-se a realidades inferiores da criação como se foss<strong>em</strong> superiores.<br />

Poderia se perguntar: mas, a má vontade depende de que Ela depende de<br />

nós. O ato da vontade, moralmente mau, é algo positivo, que t<strong>em</strong> a vontade<br />

livre como sua causa eficiente, mas sua <strong>mal</strong>dade é algo puramente negativo:<br />

uma deficiência que consiste na sua des-ord<strong>em</strong>, na privação da sua ordenação<br />

para o B<strong>em</strong> Supr<strong>em</strong>o. Por isso, o <strong>mal</strong> moral não t<strong>em</strong> causa “eficiente”, mas<br />

somente uma causa “deficiente”<br />

7 AGOSTINHO. A. O Livre-Arbítrio. Trad.Nair de Assis Oliveira. Paulus editora. São Paulo,<br />

1995. .p.180.<br />

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