o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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Nesse caso Swinburne entende que o assunto deixa de ter uma natureza<br />
epistêmica para ter um senti<strong>do</strong> exclusivo de julgamento <strong>do</strong> que seja uma<br />
verdade moral necessária.<br />
Para Swinburne:<br />
Quan<strong>do</strong> o ateu alega que há alguma situação ruim E, que não<br />
satisfaz os quatro critérios [que propiciam extrair dela algum b<strong>em</strong>],<br />
sua objeção pode referir-se unicamente a verdades necessárias da<br />
moralidade. Se ele alega que esse critério [a] nunca poderia ser<br />
satisfeito com respeito a E (que Deus nunca, sob quaisquer<br />
condições, t<strong>em</strong> o direito de permitir a ocorrência de E), ou que [b]<br />
não está satisfeito porque não existe nenhum b<strong>em</strong> que E possa<br />
tornar possível, ele alega que existe um E que um Deus<br />
perfeitamente bom jamais faria acontecer. 84<br />
Na verdade o que o ateu estará evocan<strong>do</strong> é uma verdade moral<br />
puramente contingencial, pois ele não está admitin<strong>do</strong> a pr<strong>em</strong>issa anterior, que<br />
Deus pode permitir algum <strong>mal</strong> para que venha algum b<strong>em</strong>. Sua conclusão,<br />
portanto, passa a ser questionável <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> que se entende que<br />
seja uma verdade moral, no caso, contingente ou necessária.<br />
Se o <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> que persiste é sobre a natureza da verdade moral, a<br />
exigência volta a ser se estamos justifica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> acreditar que algo mau pode<br />
resultar <strong>em</strong> algo bom.<br />
A solução a<strong>do</strong>tada na tese de Swinburne pressupõe que a justificação<br />
de crenças passa pelo principio de credulidade (é racional acreditar nas coisas<br />
como elas nos parec<strong>em</strong> ser). Esse princípio é fort<strong>em</strong>ente apoia<strong>do</strong> na idéia de<br />
que, se somos leva<strong>do</strong>s espontaneamente a acreditar <strong>em</strong> algo e se não t<strong>em</strong>os<br />
fortes razões contrárias a essa inclinação, esta crença passa a ser tida como<br />
uma crença racional.<br />
Outro fundamento da solução a<strong>do</strong>tada é o fato de que nossas crenças<br />
pod<strong>em</strong> justificar-se com o apoio de outras crenças que t<strong>em</strong>os e que já estão<br />
justificadas. Assim, um conjunto de crenças força uma justificação de uma nova<br />
crença. Esses princípios, segun<strong>do</strong> Swinburne, são proposições propriamente<br />
84 “So when an atheist claims that there is some bad state E which <strong>do</strong>es not satisfy the four<br />
criteria, his objection may turn solely on necessary truths of morality. If he claims that criterion<br />
(a) could never be satisfied with respect to E (that God never under any conditions has the right<br />
to allow E to occur), or that (b) is not satisfied because there is no good which E makes<br />
possible, he claims that there is an E which a perfectly good God would never bring about.”<br />
(SWINBURNE, Richard, Providence and the Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press,<br />
Oxford.1998.p.20).<br />
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