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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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peca<strong>do</strong> (moral). Isto deve ser admiti<strong>do</strong> porque Deus não olhou apenas a<br />

felicidade das criaturas inteligentes, mas a perfeição <strong>do</strong> conjunto.<br />

Marilena Chauí , assim explica essa distinção:<br />

O <strong>mal</strong> metafísico é a raiz <strong>do</strong> <strong>mal</strong> moral, pois aquilo que é perfeição<br />

pode cont<strong>em</strong>plar o B<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> possibilidade de erro, mas uma<br />

substancia imperfeita não é capaz de apreender o to<strong>do</strong>, t<strong>em</strong><br />

percepções inadequadas e se deixa envolver pelo confuso. [...] Ao<br />

produzir o mun<strong>do</strong> tal como ele é, Deus escolheu o menor <strong>do</strong>s <strong>mal</strong>es,<br />

de tal forma que o mun<strong>do</strong> comporta o máximo de b<strong>em</strong> e o mínimo de<br />

<strong>mal</strong>. Na própria orig<strong>em</strong> das coisas, diz Leibniz, exerce-se uma certa<br />

mat<strong>em</strong>ática divina, ou mecânica metafísica, responsável pela<br />

determinação <strong>do</strong> máximo de existência, tão rigorosa quanto as <strong>do</strong>s<br />

máximos e mínimos mat<strong>em</strong>áticos ou as leis <strong>do</strong> equilíbrio. 23<br />

A comenta<strong>do</strong>ra prossegue sua interpretação nos seguintes termos:<br />

O <strong>mal</strong> físico é entendi<strong>do</strong> por Leibniz como conseqüência <strong>do</strong> <strong>mal</strong><br />

moral, poden<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong>, ao mesmo t<strong>em</strong>po, como<br />

conseqüência física da limitação original e como conseqüência ética,<br />

isto é, como punição <strong>do</strong> peca<strong>do</strong>. Em decorrência da harmonia<br />

preestabelecida, a <strong>do</strong>r física seria expressão da <strong>do</strong>r metafísica, que<br />

a alma experimenta por causa de sua imperfeição. Segun<strong>do</strong> Leibniz,<br />

Deus autoriza o sofrimento porque este é necessário para a<br />

produção de um B<strong>em</strong> Superior: “Experimenta-se suficient<strong>em</strong>ente a<br />

saúde, s<strong>em</strong> nunca ter esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>ente Não é preciso que um pouco<br />

de Mal torne o B<strong>em</strong> sensível, isto é, maior” 24<br />

Essa interpretação v<strong>em</strong> esclarecer que a conceituação criada por<br />

Leibniz está de acor<strong>do</strong> com a sua teoria da harmonia pre-estabelecida e com o<br />

principio de que este mun<strong>do</strong> com todas as suas possibilidades é o melhor <strong>do</strong>s<br />

mun<strong>do</strong>s possíveis.<br />

Portanto, sob este ponto de vista, não dev<strong>em</strong>os estranhar a presença <strong>do</strong><br />

<strong>mal</strong> no mun<strong>do</strong>. Porém, a idéia de que este é o melhor <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s possíveis dá<br />

azo a uma objeção radical: Deus não poderia ter feito esse mun<strong>do</strong> s<strong>em</strong> o <strong>mal</strong><br />

Por que o melhor mun<strong>do</strong> deve comportar o <strong>mal</strong><br />

2.2.2. O <strong>mal</strong> é um acontecimento que faz senti<strong>do</strong><br />

Como vimos até aqui, Leibniz associa a presença <strong>do</strong> <strong>mal</strong> no mun<strong>do</strong> ao<br />

senti<strong>do</strong> que t<strong>em</strong> a ord<strong>em</strong> da criação. Essa associação, característica de seu<br />

pensamento, é o ponto chave para compreender que a ocorrência <strong>do</strong> <strong>mal</strong> é<br />

algo que faz senti<strong>do</strong>.<br />

23 CHAUÍ, Marilena. Vida e Obra de Lebiniz. In Leibniz, Os Pensa<strong>do</strong>res, p. 101.<br />

24 CHAUÍ, Loco cit.<br />

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